Por Redação

Benefícios e contribuições também sobem a partir deste mês

Coalizão Vozes do Tocantins reúne histórico controverso e pede diálogo e investimento na proteção ao maior bioma do Estado

Garimpeiros expandiram território | Foto: Reprodução

*Cynthia Pastor (editora do Jornal Opção Entorno)
Existem “adultos” que sofrem de um egoísmo latente e crônico, que se traduz muitas vezes em falta de responsabilidade com os outros, falta de maturidade, além de uma arrogância (que os protege) quase sem limites. Lidar com um adulto “egoico” significa dar de cara, sobretudo, com a falta de empatia. É um desafio para poucos, talvez, para domadores de leões, psicólogos, psiquiatras ou, até quem sabe, exorcistas!
O egoico sempre vai priorizar a sua agenda e suas opiniões em praticamente tudo: na vida pessoal e afetiva, na vida profissional, nas amizades, na família. Pirão? É sempre o dele primeiro e a decisão final também. Não é uma pessoa democrática, não é uma pessoa empática, não é uma pessoa com abordagem antropológica sobre os outros mundos e pessoas. Não é uma pessoa aberta ao diálogo colaborativo, mas, sim, uma espécie de “colonizador” que chega atirando suas prioridades e regras bem definidas em qualquer território que adentre.
E há os codependentes tolos (aquelas pessoas que topam desempenhar o papel de salvadores ou ajudadores dos egoicos) e que se sentem capazes de transformar os seres egoicos em gatos mansos e até mesmo idealizam uma relação perfeita com eles, sonham com ela, avessos à real impossibilidade de construir um castelo com areia movediça. Uma relação com um egoico é forjada numa estrutura em que o outro acaba submetido a abusos morais comuns no discurso e nas atitudes do egoico.
Em geral, o termo “egóico” carrega em sua essência uma conotação negativa. O ego um dia descrito por Sigmund Freud é frequentemente observado de fato como uma fonte resultante de problemas psicológicos, que vão da ansiedade à depressão e à baixa autoestima. Porém, Jacques Lacan, discípulo de Freud que discordava do “mestre” e que, a partir daí, desenvolveu sua própria teoria psicanalítica, explica que o inconsciente é estruturado como uma linguagem e, por isso, o egoico é resultado de uma estrutura alienada.
Como assim? Lacan descreve que, neste caso, a estrutura da pessoa egoica não é construída a partir da identificação com o outro, mas sim como algo que é imposto à criança por uma cultura, por uma sociedade ou por uma família. Ou seja, o comportamento do egoico é, sobretudo, resultado de uma estrutura psíquica que se forma a partir do desenvolvimento da criança e da sua relação com seu primeiro “Outro”, que geralmente é a mãe ou alguém que cumpra este papel. O que a criança leva para a vida são as normas e valores internalizados a partir dessa relação inicial para que se sinta segura e, a partir daí, formam-se os sintomas neuróticos.
Há que se observar ainda que existem dois pesos e duas medidas, ou seja, uma pessoa com um lado egoico muito fraco pode ser tímida demais e, talvez, tenha dificuldade em se afirmar, além de ser muito dependente de outras pessoas. Já um egoico master pode ser extremante ditador. Contudo, existem também aqueles egoicos que se comportam de acordo com situações, ou seja, aquela pessoa que pode ter um ego muito forte no trabalho, mas ser um gatinho manso e fraco em casa.
Lendo essa pequena tentativa de esclarecimento filosófico sobre o assunto que não tem nenhuma pretensão de caráter médico e apenas se baseia na diversificada literatura psicanalítica, você, leitor, talvez rememore pessoas e situações descritas neste script, ou até se “enxergue” em alguma “cena” citada. Mas saiba que, para explicar ainda melhor o ego, o pai da Psicanálise afirmou em seus tratados que os mecanismos de defesa existem conforme a organização do Ego e podem gerar reações mais conscientes e racionais. Mas aí já é outro assunto para outro papo!

Hareli Cecchin*
Enquanto a campanha “Janeiro Branco” nos convoca a refletir sobre a saúde mental, buscando promover a prevenção e o tratamento de doenças como ansiedade, depressão e pânico, é crucial destacarmos os desafios especiais das mulheres brasileiras em situação de vulnerabilidade social em torno dessa questão – um debate que a Incubadora Social da Universidade Federal do Tocantins tem se empenhado em promover.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, aproximadamente 11,5 milhões de brasileiros enfrentam quadros de depressão, correspondendo a 5,8% da população. Os distúrbios psicológicos afetam cerca de 22 milhões de brasileiros, representando 12% da população, enquanto quase 19 milhões de indivíduos do país convivem com algum tipo de transtorno de ansiedade, o que equivale a quase 9,3% da população. Mais do que estatísticas, esses números representam histórias reais de dor e resiliência.
Anualmente, são registrados 800 mil casos de suicídio no mundo, frequentemente relacionados a episódios graves de depressão não identificada ou tratada. As mulheres apresentam maior suscetibilidade à depressão, que se configura como um tipo de transtorno mental.
Em meio aos desafios enfrentados pelas mulheres brasileiras, a saúde mental emerge como uma preocupação crucial que merece atenção dedicada. A realidade é que as mulheres muitas vezes carregam fardos múltiplos, equilibrando responsabilidades profissionais, familiares e sociais. A pressão cultural e as expectativas muitas vezes exacerbam o estresse, contribuindo para a prevalência de problemas de saúde mental. Segundo o último relatório da organização internacional IHME (The Institute for Health Metrics and Evaluation), 45% das mulheres entrevistadas afirmaram ter algum diagnóstico de transtorno mental, com maior prevalência de depressão e ansiedade.
Isso é especialmente importante quando consideramos a realidade de mulheres de classes sociais mais baixas. Nesse contexto, tiveram início em 2023 e devem se estender ao longo de 2024, em Palmas e Araguaína, as atividades da Incubadora Social. A Incubadora é um projeto de extensão da Universidade Federal do Tocantins que tem como meta beneficiar 500 mulheres e suas famílias nos dois maiores municípios do estado. O foco são mulheres em situação de vulnerabilidade social, em especial pessoas em situação de rua, para oportunidades de capacitação e acolhimento. Uma das principais frentes de atuação do projeto, além da realização de oficinas e cursos, são os encontros periódicos de atendimentos psicossociais em grupo, acompanhados por profissionais da Psicologia, Assistência Social e Terapia Ocupacional.
Em Palmas-TO já foram realizados três encontros com a participação de 60 mulheres. Como psicóloga do projeto na capital, tenho percebido que as mulheres em vulnerabilidade sofrem múltiplas violências e que isso contribui para que elas tenham dificuldade em desenvolver sua autonomia. Ao final de um dos encontros, uma das participantes relatou que havia sofrido violência física do marido e estava sob medida protetiva. Com cinco filhos, me disse que não recebia pensão alimentícia e ainda enfrentava a suspeita de um diagnóstico de autismo do filho caçula. Ela pediu ajuda para que a criança pudesse passar por uma avaliação profissional e eventual encaminhamento para acompanhamento médico e psicológico, caso fosse necessário. Movi todos os meus esforços para ajudá-la – já que uma das propostas da Incubadora é identificar esse tipo de necessidade e encaminhar as participantes aos diferentes serviços da rede pública de assistência social – e descobri que, devido à fila de espera, o tempo para este atendimento pode chegar a até quatro anos. Fiquei pensando em todas as dificuldades que esta mulher enfrenta e como este tempo de espera pode prejudicar o desenvolvimento da criança. Essa situação é apenas um exemplo de como as questões da saúde mental afetam de modo especial as pessoas de baixa renda, que enfrentam desafios ainda maiores para ter acesso a atividades de prevenção, diagnósticos e tratamentos adequados. Está, também, diretamente relacionada aos resultados do relatório internacional do IHME, que apontam que as mulheres mais prejudicadas são negras e das classes D e E, cujos índices de insatisfação na vida financeira superam os 50%.
Vivemos um momento muito difícil da sociedade brasileira em que a saúde mental deve ser olhada com muita atenção pelos gestores públicos. Faz-se necessário iniciativas individuais, da sociedade civil, do setor privado e, especialmente, do setor público voltadas a promoção da saúde mental da mulher. A Incubadora Social é uma iniciativa positiva que tem potencial de ajudar muitas pessoas, mas sua atuação é limitada e o seu êxito depende da continuidade do acompanhamento dessas mulheres, da participação das diferentes esferas do poder público e da mobilização de outros esforços por meio da rede de atenção às mulheres em situação de vulnerabilidade que a equipe da Incubadora também vem se esforçando em fortalecer. É preciso considerar o tema de maneira interdisciplinar, olhando para o cuidado, o peso excessivo de responsabilidades e a tendência à feminização da pobreza. É fundamental quebrar o silêncio em torno dessas questões e fomentar diálogos abertos para construir uma sociedade mais compreensiva e solidária em relação à saúde mental das mulheres no Brasil.
Para saber mais sobre as atividades da Incubadora Social, acesse o Instagram @incubadorasocialuft ou envie e-mail para [email protected].
*Psicóloga (CRP-23/743), integrante da equipe multiprofissional do projeto Incubadora Social da UFT, especialista em Logoterapia e Análise Existencial, e doutora em Psicologia Clínica e Cultura.

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