Com renúncia milionária, Eduardo e Wanderlei selam nova fase de uma relação antes marcada por tensão

Nem sempre os grandes anúncios vêm acompanhados de estardalhaço. Às vezes, o que importa está na minuta do protocolo, no detalhe do incentivo fiscal e na presença cronometrada das autoridades. É o caso da abertura oficial da Agrotins 2025, nesta quarta-feira, 15, que traz mais do que discurso de palanque: entrega decisões administrativas com potencial de impacto direto na economia e no modelo de desenvolvimento de Palmas, por exemplo.

Dois projetos chamam atenção no script: a implantação do Parque Tecnológico e da chamada Cidade do Automóvel. A proposta une inovação, urbanismo e fomento econômico. A Prefeitura de Palmas, por exemplo, vai abrir mão de R$ 38 milhões em ITBI, uma renúncia fiscal robusta, que o prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos) trata como investimento. A aposta é clara: plantar agora para colher depois, em empregos, empresas instaladas e arrecadação pulverizada em outras frentes. A lógica é administrativa, está dentro da lei e pode, sim, dar retorno. Mas exige controle, acompanhamento técnico e resultados mensuráveis, ou vira só mais um enfeite de evento.

Já o governo do estado, comandado por Wanderlei Barbosa (Republicanos), por sua vez, ganhará mais uma vitrine para reforçar a imagem de gestor parceiro, que consegue fazer Paço e Palácio falarem a mesma língua.

Agora, passada a parte técnica, também há política em movimentação nessa parceria. A imagem do prefeito e do governador lado a lado não está ao acaso. Para aliados e adversários, é a encenação visível de uma aproximação que já vinha sendo costurada fora das câmeras. A disputa de 2024 virou página virada rápido demais, e o que se vê agora é um alinhamento que pode refletir em 2026. O desconforto é real: tem político que apostava no conflito como estratégia, e agora assiste à construção de uma ponte que pode deixar muita gente sem margem.

A política, como se sabe, não tem tempo a perder, e quem chega antes, escolhe lugar à mesa.