Considerada a capital econômica do Tocantins, Araguaína possui, segundo os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 171.301 habitantes, e, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TRE), a cidade tem 118.994 eleitores aptos a votarem nestas eleições de 2024. Assim como o cenário nacional, a maior parte da população da cidade é composta por mulheres, que são 54%, enquanto os homens são 46%. A seguir, confira os principais pontos de convergência e divergência entre as propostas dos dois candidatos. 

O terceiro excluído

Célio Moura se encontrou com Lula pouco tempo antes de abandonar a disputa | Foto: Divulgação

A disputa inicialmente contava com o nome de Célio Moura (PT), que abriu mão de concorrer indicando problemas de saúde de sua mulher. Também é verdade que a desistência ocorreu logo depois de uma visita que fez ao presidente Lula (PT), onde lhe foi dito que receberia apenas R$300 mil para a campanha. A vice de Célio, Silene Borges (Rede) acabou assumindo a cabeça de chapa, que durou poucas horas. Ela recebeu a própria desistência por sites de notícias, que informaram que seu  partido também não iria assumir a candidatura. Assim, ficamos com Wagner Rodrigues (UB), que concorre à reeleição, e o deputado estadual Jorge Frederico (Repu) na disputa pela prefeitura. 

Planos de governo

Um plano de governo é o documento legal mais importante das candidaturas. É o compromisso que o candidato faz com a população, que deveria (mas não faz) analisar os pontos principais de cada um e ver qual se adequa melhor às suas expectativas. Trata-se também de um registro para o político que assumir o cargo, daquilo que ele prometeu. No caso de Palmas, em geral, as propostas são sempre bem estruturadas e contam com equipes para criação. 

Em cidades menores, em geral, não é preciso muita coisa: os planos seguem a linha do discurso político do candidato, com uma proposta aqui e outra ali, mas nada de inovador. Em Araguaína, o “plano de governo” registrado pelo atual prefeito em 2020, era uma “carta de compromisso”, com cinco páginas, em que ele se compromete a dar continuidade à gestão anterior e fazer a cidade continuar crescendo. Claro, que não se pode desconsiderar que em 2020, Ronaldo Dimas (PL), tinha grande popularidade e ao ungir Wagner conseguiu fazê-lo liderar em todas as pesquisas. O plano atual do candidato à reeleição recebeu um pequeno upgrade, tendo em vista que o principal oponente dele, Jorge Frederico, aparece nas pesquisas com 40% das intenções, contra 45% de Wagner. 

Saúde

Na área de saúde, Wagner propõe a construção de novos hospitais e clínicas:“ Hospital da Criança” e uma “Clínica Municipal de Saúde Mental”. Implantar novas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e reformar as que já existem. Também é projetado o lançamento de programas chamados “Sorriso da Gente”, para melhoria da saúde bucal infantil e “Medicação em Casa”, serviço de entrega de medicamentos para diabéticos e hipertensos. O plano de governo também promete a criação de uma “clínica PET” para atendimento aos animais e o fortalecimento das equipes de saúde da família. 

Entre as propostas de Jorge Frederico estão a construção de uma nova Unidade de Pronto Atendimento (UPA), aumentando o atendimento especializado em psicologia e fonoaudiologia. Também está previsto a criação de um “Programa de Atendimento Domiciliar ao Idoso” (PADI) e uma Unidade Odontológica Móvel para zonas rurais da cidade. Outra proposta do candidato do Republicanos é a ampliação da rede de abastecimento de medicamentos e a implementação do programa “Remédio em Casa”.

Educação

No contexto da educação na cidade de Araguaína Jorge Frederico tem como propostas a valorização dos profissionais da educação, melhorar a capacitação dos professores e fazer um diagnóstico das perdas educacionais ocasionadas pela pandemia. Também é proposto a construção de creches de tempo integral, uso de produtos da agricultura araguainense para a merenda escolar, além da melhoria das estradas e do transporte escolar no município. Outro tópico que aparece em seu plano é o planejamento das escolas para atendimento de crianças com algum tipo de deficiência. 

Já Wagner Rodrigues explora pouco tema, o texto que sucede o tópico tem sete  parágrafos, que prometem a implementação e construção de creches, inclusive a criação de uma creche noturna. Também é sua proposta, a criação de laboratórios de informática nas escolas da rede municipal e a premiação das que melhor pontuarem no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). 

Segurança Pública

No âmbito da segurança pública, ambos candidatos pretendem melhorar a iluminação pública da cidade. Wagner promete a construção de um viaduto ligando a Avenida Cônego João Lima à região do Jardim dos Ipês, Pedro Borges, José Ferreira, Vila Cearense, Setor Sonhos Dourados e Jardim Boa Sorte. Também é seu projeto implantar um “Centro Integrado de Monitoramento de Araguaína”, com equipamentos de videomonitoramento para a cidade. Já Jorge Frederico traz um projeto mais ousado, que não é tão bem detalhado, mas que inclui o uso de drones e de um “Sistema Compartilhado Colaborativo de Segurança” que utilizaria taxistas e motoristas de aplicativos no sistema.

Números

No geral, as estatísticas dos planos de governo são: a proposta de Wagner possui 16 páginas, a palavra saúde aparece 32 vezes, educação 9 e segurança 7. Já a proposta de Jorge tem 36 páginas, com as palavras saúde aparecendo 25 vezes, educação 20 e segurança 16. 

Coincidências?

É interessante observar que algumas propostas dos candidatos são iguais, algumas vezes mudando apenas o nome do “programa”, em outros casos nem isso (!) Na proposta de saúde, por exemplo, Jorge Frederico propõe a criação de um Programa de Atendimento Domiciliar ao Idoso, o PADI. O programa consta em ambos os programas e com o mesmo nome e proposta. Sabemos que as propostas podem ser bem criativas, nem sempre são factíveis e ao observarmos a real disposição política e composição legislativa é que se pode cravar quais serão realizadas. Algumas propostas, no entanto, pecam pela “criatividade”, como o exemplo da instauração de segurança eletrônica nas escolas municipais, de Jorge Frederico, onde os pais poderiam monitorar seus filhos em tempo real por meio de um aplicativo de celular.