A disputa pela presidência da Câmara Municipal de Palmas ocorrerá no dia 1º de janeiro, logo após a posse do prefeito eleito Eduardo Siqueira Campos (Podemos). De um lado, o vereador Marilon Barbosa (Republicanos), irmão do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), representa a base palaciana, derrotada pelo grupo siqueirista nas eleições municipais. Do outro, está o atual presidente da Casa, José do Lago Folha Filho (PSDB), apoiado pelo prefeito eleito, pela ex-prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB) e pelo ex-prefeito Carlos Amastha (PSB).

Pouco antes da cerimônia de diplomação, no dia 11 de dezembro, o grupo ligado a Marilon se reuniu na casa do governador para selar a parceria, que resultou em um vídeo, publicado nas redes sociais dos vereadores, onde doze nomes (ao fim da matéria, tabela com uma previsão) apareciam dando apoio para o irmão de Wanderlei para presidência da Câmara. Na semana seguinte à diplomação, no dia 16 de dezembro, Wanderlei Barbosa nomeou quatro parentes de pessoas ligadas aos vereadores da base de Marilon para cargos no governo estadual. 

Um dos nomes que estavam no grupo, apareceram no vídeo e inclusive teve parentes nomeados, Josmundo Vila Nova (PL), resolveu trocar de time e apoiar Folha, inclusive por meio de uma nota pública, onde disse que não votará movido por pressões:

“Vivemos o Estado Democrático de Direito, tendo participado das eleições de 2024, quando cumpri todas as minhas obrigações partidárias com lealdade e fidelidade. E finalizadas as eleições em dois turnos, a maioria do povo de Palmas consagrou Eduardo Siqueira Campos como nosso prefeito. Ouvindo com muita atenção a minha base, a comunidade dos Aurenys e das demais regiões de Palmas, decidi integrar a base de apoio do prefeito Eduardo Siqueira Campos, visando garantir governabilidade e segurança ao novo prefeito para concretizar os projetos sonhados pelo nosso povo.

Para a eleição da Câmara Municipal, declaro meu apoio à candidatura do atual presidente, vereador Folha. Essa é uma decisão madura e com respaldo de minha base e da minha família, e não está sujeita a qualquer tipo de interferência ou pressão direcionada a mim ou aos integrantes de minha família. Palmas já declarou rejeitar esse tipo de conduta e já disse NÃO, por meio das urnas, a esse modelo ultrapassado de fazer política.”

Aliás, o prefeito eleito, Eduardo Siqueira, já havia adiantado para o Jornal Opção Tocantins, ao ser questionado sobre as nomeações do governador que tinha um nome dentro das pessoas que tiveram parentes nomeados: “esse é um assunto que envolve os vereadores, envolve a família, envolve a esposa. Eu não vou comentar, não posso dizer pra você se está relacionado ou não à disputa da Câmara. Eu penso que dentro dessas quatro nomeações, que eu tenho voto ali dentro para essa eleição. É um ato do governador. O governador detém os cargos, detém legitimidade para fazê-lo. Não vou entender isso como um processo que foi feito contra mim, em absoluto”, disse Eduardo. 

Um nome que se mantém longe de grandes pronunciamentos é a vereadora Professora Iolanda Castro (Republicanos), que é prima de Marilon Barbosa e aparentemente não cedeu, nem aos apelos do postulante à presidência da Casa, nem aos de Wanderlei, que teria se encarregado pessoalmente de tentar convencê-la a votar no primo. Iolanda, que aliás, também pertence ao mesmo partido de seus primos. 

A pressão partidária também correu sobre o nome de Josmundo. Logo após o anúncio de seu apoio à Folha, diversos sites ligados ao seu partido, o PL, ventilam a ideia de que ele estaria descumprindo o estatuto do partido ao declarar seu voto. A pressão não surtiu efeito, pois o vereador continua com sua posição. 

O último episódio da eleição da Mesa Diretora da Câmara de Palmas, após a informação desta terça, 31, dia anterior ao pleito, em que os apoiadores de Marilon, segundo apurado pelo jornalista Cleber Toledo, estariam “confinados” confortavelmente, sem celulares, no clube Lagoa da Ilha, em Lagoa da Confusão, desde o último sábado, 28. O objetivo seria não “contaminá-los” com as conversas do outro lado. A hospedagem contou inclusive com a visita do próprio governador. 

Diante do cenário estabelecido, dos vereadores que compareceram ao “confinamento”, daqueles que não se posicionaram e daqueles que mudaram de ideia. A única certeza é que, como o voto para a Mesa Diretora da Câmara é secreto, todo resultado pode ser esperado. 

A lista que alguns fazem, tendo em vista principalmente o vídeo de apoio e a hospedagem em Lagoa da Confusão é que a disputa estaria em 12 a 11 para Marilon.