Faltou Dizer

O boletim de Vigilância Socioassistencial do município aponta que nos primeiros quatro meses deste ano, 627 pessoas foram atendidas pelo SAS

Forte candidata a ser a primeira mulher a comandar os EUA, Kamala disputa com o poderoso Donald Trump

Silvio era a cara de uma era da TV que não existe mais. O engajamento, a repercussão, a euforia, para o bem e para o mal, se foram

Não vou falar que ele era o maior “case” de sucesso e superação da TV brasileira, porque isso todo mundo já sabe. Quero falar das minhas tardes de domingo com minha família…

A frequência esporádica e preocupante de incêndios que vem acometendo áreas periféricas de grandes cidades é uma das várias questões brasileiras que não têm tanta luz jogada ou explicações alcançadas sobre essas situações. No final de junho deste ano, um incêndio considerado de grande proporções pelas forças de segurança, atingiu dezenas de residências na comunidade Olaria, no bairro Campo Limpo, em São Paulo. Foram cerca de 1.500 metros quadrados que viraram cinza. Felizmente ninguém ficou ferido. Cerca de 300 famílias foram prejudicadas e traumatizadas.
Em janeiro deste ano, cerca de 1.200 pessoas foram acometidas por um incêndio no bairro Real Parque, localizado no distrito do Morumbi. 320 casas pegaram fogo. A causa do incêndio foi dada como desconhecida. Baseado em informações dos Corpos de Bombeiros de São Paulo, em 2002, na favela próxima do Marginal do Pinheiro, 1.131 famílias também foram vítimas de incêndios.
Também em janeiro a favela de Coelhos, na Ilha do Leite, localizada no centro de Recife, sofreu com a desgraça das chamas que começaram às sete e meia da manhã. As casas de palafitas carbonizaram rápido.
O que se repete em casos como esses são a ausência de conclusões investigativas e contextos instáveis no que se refere à direito à moradia e documentação das residências presentes nesses locais. E claro, o interesse de todas áreas serem desocupadas por essas famílias para algum objetivo que não vai a favor dos interesses de empresários e políticos beneficiados por essas decisões.
Não existe atenção e política pública por parte do Estado destinadas a essas periferias e, por conta da falta de prevenção e melhorias dos gestores, tragédias acabam sendo mais comuns do que deveriam. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), entre o período de 2001 e 2016, as favelas localizadas nas áreas mais valorizadas podem ter até duas vezes mais ser acometidas por incêndios do que bairros que o metro quadrado com valor na média ou abaixo.
As comunidades se tornaram mais valorizadas após a operação urbana, o estudo revelou um aumento de 80% no risco dessas favelas sofrerem incêndios criminosos. O valor da localização e o aumento dos incêndios existe e não pode ser ignorada. É nítido e cruel a falta de investigação e conclusões em relação a esses casos que beneficiam um setor econômico. Se trata do despejo de famílias vulneráveis socialmente que, segundo o estudo, tem um aumento que não passa por coincidência.
Em Goiânia, 2005, não houve incêndio, mas houve a remoção violenta e criminosa de 3.000 famílias que ocupavam o bairro Parque Oeste Industrial em Goiânia. A comunidade era chamada Sonho Real. 800 pessoas foram detidas, 16 feridos e três mortos. Só em janeiro de 2020 464 famílias receberam escrituras das casas que ocupam no Residencial Real Conquista, na região Sudoeste da Capital.
Hoje, a área no Parque Oeste Industrial que era ocupada pelos moradores tem prédios residenciais enormes, feitos pelas predadoras construtoras civis. Difícil escrever que a morte é usada como instrumento de mudança nos grandes capitais. Em alguns momentos nítidos como desocupações entre polícia e moradores em conflitam matam, e em outros momentos mais silenciosos, com a falta de investigações e a devida atenção a incêndios em zonas valorizadas pelo mercado imobiliário que coincidentemente assumiram frequência.

Fontes de energia renovável são prioridades apontadas pelas Nações Unidas, e o país pode sair na frente nessa corrida

Quando falta o mínimo, não sobra tempo para analisar e entender a origem das desigualdades

Com a tragédia, a extrema-direita britânica começou uma campanha de desinformação

O título, que faz referência à obra da ativista Cida Bento, cofundadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), é muito adequado para o primeiro e histórico pódio de mulheres negras nas Olimpíadas de Paris

O espírito olímpico é associado à ideia de celebrar a dedicação e a competição saudável, mas para muitos, o foco é claro e direto: vencer. Em um cenário de alta performance como os Jogos Olímpicos, a busca pela vitória virou o único objetivo. Infelizmente, essa mentalidade está na cabeça de atletas e equipes, além do público externo, principalmente aqueles que acompanham as competições apenas a cada quatro anos.
Em uma competição onde a margem entre o sucesso e o fracasso pode ser de milésimos de segundos ou milímetros, um atleta pode ficar marcado na história ou ser considerado “irrelevante” nos detalhes. Por exemplo, nos 100 metros rasos masculino, o americano Noah Lyles levou a medalha de ouro e a glória com o tempo de 9.79 segundos. Entretanto, o jamaicano Oblique Seville com 9.91 segundos ficou em último e não deverá ser lembrado.
As Olimpíadas não deveriam ser assim, porque não foram criadas apenas para a glória, mas para valorizar o desempenho máximo e superação. Lembrando que no início apenas atletas amadores participavam dos jogos, e o profissionais ficavam de fora. Apenas nos Jogos Olímpicos de Seul em 1988 que os atletas profissionais foram liberados para competir.
O verdadeiro espírito olímpico também está em que chega em último, mas que se superou e deu o seu melhor. Em nível mundial, o desempenho pode não ser visto como relevante, mas esse desempenho poder histórico para uma nação.
Por exemplo, em Sydney 2000, Eric Moussambani, nadador de Guiné-Equatorial, nadou uma eliminatória de 100 metros rasos sozinho e terminou com o tempo de 1 minuto e 52 segundos. O medalhista de ouro do mesmo percurso, o holandês Pieter van den Hoogenband, alcançou o recorde mundial com 47 segundos.
Só que é necessário contexto: Moussambani começou a nada apenas quatro meses antes das Olimpíadas, já que o seu país não tinha um representante. Ele nadou em locais totalmente diferentes e apenas na cidade australiana nadou em uma piscina olímpica. De qualquer forma, o guinéu-equatoriano estabeleceu o seu recorde pessoal e de seu país.
Conhecido no evento como “Eric the Eel” (Eric, a enguia), ele virou celebridade na competição e queridinho do público. Em sequência, ele foi convidado para treinar na Espanha e parou de nadar em piscinas de lazer em sua terra natal. Posteriormente nadou em Atenas 2004 e em outras competições de natação.
Não apenas os Jogos Olímpicos de Verão, mas nos Jogos Olímpicos de Inverno também temos exemplos desse patamar. O desempenho do time de bobsled da Jamaica e do britânico Eddie Edwards, conhecido com “Eddie the Eagle” (Eddie, a Águia), no salto de esqui, também foram destaque na competição de inverno de Calgary em 1988. Nenhum deles foi campeão, mas todos se superaram e conquistaram o público pelo espírito esportivo.
Nos Jogos Olímpicos de Paris, o arqueiro do Chade, Israel Madaye, não teve um grande desempenho e perdeu para Kim Woo-jin, da Coreia do Sul, que levou três medalhas de ouro no evento. Entretanto, o atleta ganhou o respeito dos coreanos, principal potência da modalidade, pelo seu espírito olímpico. Posteriormente, Madaye disse que apenas o país asiático valorizou a sua dedicação ao esporte, após a eliminação.