Fabrício Vera

Desde a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, o mundo observa com apreensão o seu retorno à Casa Branca. Seu estilo de governança imprevisível, caracterizado por ataques a instituições multilaterais, pode enfraquecer alianças internacionais e exacerbar tensões mundiais. Tanto o discurso inflamado quanto o uso de desinformação ainda alimentam o medo de possíveis retrocessos na democracia do Estados Unidos e de outros países ao redor do planeta.

Assim como o seu primeiro mandato, o republicano deve priorizar os interesses nacionais em detrimento as alianças e compromissos globais. Por exemplo, segundo o jornal americano The New York Times, Trump considera a aliança “obsoleta” e ex-assessores dela já indicaram que sair da aliança militar era o plano dele em uma eventual reeleição em 2020. No entanto, ele foi derrotado pelo democrata Joe Biden na época.

Apesar da possibilidade de deixar a Otan ser bastante improvável, o presidente eleito seguiu com críticas durante a sua campanha. Trump defendeu até abandonar os aliados que estivessem com as contribuições atrasadas. Um dos seus argumentos contra o pacto seria que várias nações não investem militarmente na proporção que é estabelecida pelas normas. Atualmente, a meta de gastos com a defesa precisa ser de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) e cerca de 11 dos 32 membros cumprem com a cota prevista.

Qualquer situação citada acima, seja abandonar alguns aliados ou a saída da aliança, pode causar impactos terríveis e desestabilizar a geopolítica mundial. Nações rivais da Otan pode aproveitar o momento “caótico” para escalar em conflitos pelo planeta.

Ao mesmo tempo, o desdém de Trump pela Organização das Nações Unidas (ONU) também é outra grande preocupação. Por exemplo, apesar de ter sido convidado para participar da 29ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP29, que inicia nesta segunda-feira, 11, ele não comparecerá. Ao mesmo tempo, a expectativa é de que ele retire os EUA do Acordo de Paris, documento que reúne ações globais contra a ameaça da mudança climática, e de outros acordos climáticos.

Como consequência, membros da ONU não sabem se a COP29 conseguirá obter o financiamento suficiente para conter as catástrofes climáticas. Lembrando que desde 2009, os países desenvolvidos pretendem desembolsar anualmente US$ 100 bilhões para isso. Só que medida nunca conseguiu ser anual e foi completada uma vez em 2022.

Posicionamento nas guerras

Outro receio envolvendo o presidente eleito é a respeito do seu posicionamento nos conflitos armados ao redor do planeta. Ao contrário do governo Biden, existe o medo de que Trump e os Republicanos cortem os pacotes de ajuda para a Ucrânia. Sem esse apoio, os ucranianos perdem força na defesa pela território contra a invasão russa.

Também é necessário ressaltar que Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, são próximos. Por isso, muitos possuem receios que ele entregará a Ucrânia de “bandeja” para o amigo. No entanto, o republicano afirma que pretende acabar com a guerra “em um dia” e já teria conversado com Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, sobre manter a ajuda.

Segundo o The Washington Post, o próximo chefe de Estado americano conversou com os líderes dos dois países. Com o presidente ucraniano, ele teria afirmado que continuará apoiando a Ucrânia com recursos militares, enquanto com o presidente russo, pediu para evitar a escalada da guerra.

No Oriente Médio, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que já conversou com o americano três vezes. O premiê fala no presidente eleito como “melhor amigo de Israel. Ao mesmo, Trump conversou com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, que afirmou a disposição do presidente para acabar com a guerra.

Política interna

O receios da volta de Trump não se restringem apenas a geopolítica, mas também na política interna. As suas políticas protecionistas e planos contra imigrantes ilegais geram polarização dentro do país. Além dos próprios americanos, famílias de imigrantes ilegais também monitoram a situação de seus parentes irregulares dentro dos EUA.

A expectativa é de que ocorra um grande movimento para deportar milhões de imigrantes ilegais do país.