Cristiano Pisoni nasceu em Palmeira das Missões, no Rio Grande do Sul, e mora em Gurupi desde os nove anos. Casado com Juliana Pisoni, tem dois filhos: Victor Hugo e Emanuele. Aos 14 anos, conciliou os estudos com o trabalho, ajudando a família na Papelaria Cometa. Em 1992, a família adquiriu o Posto Caril, renomeado como Posto Cometa. No posto, Cristiano trabalhou como office-boy e auxiliou frentistas e caixas. Posteriormente, abriu o Tio Patinhas e franquias do Subway e Giraffas em Gurupi, além das lojas de moda feminina Carmen Steffens e Schutz.

Cristiano é filho do presidente da Fecomércio do Tocantins, Itelvino Pisoni. Ele cursou Administração de Empresas e completou um MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela FGV em 2017. Em 2019, concluiu o Programa de Desenvolvimento Empresarial de Varejistas Minaspetro na Fundação Dom Cabral.

Em entrevista ao Jornal Opção Tocantins, o empresário e pré-candidato a prefeito de Gurupi pelo PSDB fala sobre o que o motivou a oferecer o seu nome à disputa pelo executivo municipal da terceira maior cidade do Tocantins.

Conte um pouco da sua história. Como foi a carreira do senhor até resolver disputar as eleições de Gurupi?

Eu sou gaúcho. Cheguei em Gurupi em 1984 com a minha família, quando era norte de Goiás. Então, eu tenho 40 anos de Tocantins. Tocantins foi criado em 1988. De lá para cá, nos tornamos tocantinenses e eu me tornei gurupiense. Estou há 40 anos na cidade, onde constituí minha família. Meu pai, minha mãe, meus irmãos. Eu me casei, tive filhos. Trabalho no comércio há 30 anos e estou radicado em Gurupi como gurupiense.

Com qual tipo de comércio que o senhor trabalha em Gurupi?

Basicamente, comércio varejista. Trabalho com postos de combustíveis. Temos também comércio no ramo de alimentação na família, gráfica, papelaria, além de atuar na pecuária e na agricultura.

O que o motivou a entrar na política, depois de morar em Gurupi por 40 anos?

A política de Gurupi tem sido dominada pelo mesmo grupo político há cerca de 30 anos, com nomes que se revezam, sem surgir novas lideranças. Ao analisar a política atual de Gurupi em comparação com outras cidades como Porto Nacional, Paraíso do Tocantins, Araguaína e Palmas, percebe-se que estas têm se desenvolvido mais rapidamente. Esse desenvolvimento estagnado de Gurupi está muito relacionado à política local, que muitas vezes impede o crescimento e desenvolvimento do município.

Gurupi tem mantido uma população de cerca de 84-85 mil habitantes por uma década. A cidade cresce em área, mas não em desenvolvimento. Há setores que deveriam estar em expansão, mas que têm diminuído, e isso está fortemente ligado à gestão política local.

O que o capacita para se tornar um prefeito de Gurupi?

A administração pública é essencialmente uma administração como qualquer outra. Com 30 anos de experiência no comércio e sendo pós-graduado em gestão, percebo que, às vezes, entregam-se orçamentos robustos e uma prefeitura com 3 mil funcionários nas mãos de alguém sem experiência administrativa. Gurupi é uma das poucas cidades do estado que não teve a oportunidade de ser governada por alguém com um histórico administrativo sólido, como um empreendedor que já tenha gerido um negócio e saiba administrar a máquina pública para entregar melhores resultados para a população.

Entre os nomes disponíveis hoje, sou o mais capacitado em termos de educação formal e experiência administrativa. Acredito que Gurupi precisa de uma gestão melhor para proporcionar melhores resultados aos cidadãos, e estou confiante de que posso oferecer essa melhoria.

O que o senhor faria de diferente da gestão da prefeita Josi Nunes (UB)?

Durante os últimos quatro anos, observamos algumas questões latentes. Uma delas é a constante troca de secretários, com a maioria vindo de fora do município e assumindo pastas importantes sem conhecerem a realidade local. Defendo que Gurupi deve ser administrada por gurupienses ou por pessoas que, mesmo não sendo nascidas aqui, vivam em Gurupi e conheçam a realidade da cidade. Trazer secretários de fora que não entendem a dinâmica local é um erro que prejudica a gestão.

Estamos comprometidos em fazer de Gurupi uma cidade para gurupienses novamente. Com uma população de 84 mil habitantes e três universidades, temos um grande capital intelectual. É inaceitável que não aproveitemos essa riqueza de conhecimento local para gerir a cidade.

Por exemplo, Augusto Resende, que atualmente realiza um excelente trabalho em no governo do estado na reitoria da Unitins, poderia estar contribuindo em Gurupi, mostrando que temos pessoas altamente capacitadas aqui. É crucial dar oportunidade a esses talentos locais para que possam desenvolver nossa cidade com eficiência e conhecimento da realidade local.

Se o senhor fosse eleito, quais seriam as mudanças iniciais que faria? Em resumo, qual é o seu plano de governo?

Gurupi sofre muito com a falta de entrega de resultados. Nossa saúde enfrenta sérios problemas, especialmente no atendimento nas UBS, afetando principalmente a população mais carente que depende do sistema público de saúde e muitas vezes não encontra o atendimento necessário. Precisamos retomar um atendimento decente na saúde.

A área educacional também necessita de melhorias. É priomordial realizar um concurso público para oferecer estabilidade aos professores, além de implementar um plano de carreira decente que melhore as condições de trabalho e os salários. Atualmente, Gurupi é a cidade do sul do estado que pior remunera seus profissionais da educação. Sem um salário digno no serviço público, é difícil atrair e reter pessoas interessadas e empenhadas em seu trabalho.

Precisamos de um plano que ofereça estabilidade, um plano de carreira, e que traga orgulho para aqueles que trabalham no serviço público. Quando os servidores se sentem valorizados pelo município, eles se dedicam mais ao trabalho, resultando em melhores serviços para a população.

Fale um pouco das suas manifestações recentes sobre a relação da prefeita Josi Nunes, pré-candidata à reeleição, e Eduardo Fortes, pré-candidato a prefeito.

Quando anunciei minha pré-candidatura, prometi que Gurupi seria palco de debates importantes e discussões relevantes. Conseguimos destacar algumas situações no mínimo estranhas. Por exemplo, a irmã da prefeita está lotada no gabinete do deputado Eduardo Fortes, que é um concorrente dela para a prefeitura. Além disso, o vice de Eduardo Fortes estava recentemente no gabinete da senadora Dorinha, que é presidente do partido da Josi, outra concorrente.

Essas situações causam estranheza, pois há um claro favorecimento político. É incompreensível que um concorrente político tenha pessoas com vínculos diretos com ele dentro do governo. Além disso, muitos candidatos têm seus parentes assumindo cargos públicos enquanto eles estão em campanha.

Precisamos de uma gestão que priorize a entrega de resultados efetivos e não o favorecimento político. Esse tipo de prática não pode continuar.

E quanto às alianças, como o senhor vê o cenário atual? Até o momento, como o senhor mencionou, há muitas questões em aberto, e o governador ainda não declarou seu pré-candidato específico. Qual é a sua perspectiva sobre a situação?

As convenções vão se encerrar até o dia 5 de agosto, então ainda temos tempo para discutir alianças e situações políticas. O que precisamos é formar alianças que realmente beneficiem a cidade, sem favorecimentos ou troca de espaços políticos, mas com responsabilidade. A política deve ser feita com seriedade e não apenas por meio de troca de favores, como tem ocorrido.

Ainda sobre o cenário estadual, o governador Wanderlei Barbosa ainda não anunciou seu candidato para Gurupi. Como o senhor vê a possibilidade de apoio dele? Como avalia essa situação?

Acredito que devemos aguardar o andamento das conversas. Estamos abertos ao diálogo, mas é importante deixar claro que qualquer aliança política deve se basear em entregas de resultados para a população, e não em favorecimentos políticos. Quero enfatizar que nossa pré-candidatura tem o objetivo de mudar a política da nossa cidade.

Se o senhor não fosse eleito, quais seriam os seus planos?

Eu não sou um político de carreira; sou empreendedor. Se não for eleito, continuarei trabalhando pelo desenvolvimento da nossa cidade. Quero ajudar Gurupi de qualquer forma que eu puder. Acredito que nossa participação já trouxe melhorias significativas para a política local. Estou mostrando à população que é possível oferecer uma alternativa diferente. Nossa pré-candidatura já contribuiu para mudanças importantes em Gurupi.

Desde que o senhor começou a denunciar algumas situação durante a pré-campanha, acha que algo mudou?

Nossa pré-candidatura trouxe à tona muitos problemas na administração pública, e ao iluminar essas questões, começamos a ver mudanças e uma melhoria no caminho das coisas. Estou satisfeito em ver que nossa participação já está contribuindo para uma política mais eficaz em nossa cidade. A administração pública está mudando, e temos a capacidade de realizar uma eleição propositiva e com resultados concretos. A população está compreendendo isso e estamos apresentando propostas e ideias para uma gestão diferente e melhor.

Há algo que o senhor gostaria de acrescentar que ainda não foi perguntado?

Gostaria de destacar que a nossa proposta para Gurupi oferece uma nova oportunidade política. Atualmente, os dois principais grupos políticos sempre estiveram alinhados e não permitem o surgimento de novas alternativas. Estamos oferecendo uma chance real de discutir o que há de bom e o que pode ser melhorado em Gurupi. Desejo que a cidade tenha um debate verdadeiro e que os eleitores possam escolher uma opção diferente na urna, uma alternativa que até agora não estava disponível. Estamos colocando nosso nome à disposição para realmente discutir a política local e buscar melhorias para a cidade.