Hercy Filho: “O turismo é o novo motor econômico do Tocantins”

06 julho 2025 às 08h38

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Natural de Dianópolis (TO), Hercy Ayres Rodrigues Filho é advogado e engenheiro agrônomo, com pós-graduação em Direito Eleitoral. Sua trajetória na gestão pública é extensa, com passagens marcantes por órgãos estaduais e nacionais.
No cenário federal, foi chefe de gabinete do Ministério do Turismo, chegando a atuar como ministro substituto em algumas ocasiões. Também exerceu funções na Secretaria Nacional de Qualificação e Promoção do Turismo, onde foi secretário nacional interino, e ocupou cargos de direção na Embratur.
No Tocantins, sua experiência inclui a presidência da Junta Comercial do Estado (Jucetins), a chefia de gabinete do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e a diretoria de habitação na Secretaria Estadual de Habitação. Além disso, foi prefeito de sua cidade natal, Dianópolis, entre 1993 e 1996.
Em janeiro de 2023, foi nomeado secretário estadual de Turismo pelo governador Wanderlei Barbosa, com a missão de transformar o potencial natural e cultural do Tocantins em vetor estruturante de desenvolvimento econômico.
Em entrevista ao Jornal Opção Tocantins, Hercy Filho falou sobre os avanços, desafios e projeções do setor turístico no estado. Ele destacou a valorização das comunidades tradicionais, os investimentos em infraestrutura e o compromisso do governo com a consolidação do turismo como política pública permanente:
Segundo o secretário, o Tocantins tem apostado na integração entre natureza, cultura e experiência como diferencial competitivo, e vive atualmente uma temporada com mais estrutura, segurança e qualificação profissional.
O Governo Federal anunciou que vai cobrar uma taxa de R$ 500 para quem acampar no Araguaia por mais de 30 dias. O senhor está ciente dessa medida? Como o Estado tem acompanhado essa situação?
As ilhas e as margens dos rios são de propriedade da União. Esses rios são considerados nacionais, e não compete ao Estado deliberar sobre essas áreas. Isso é responsabilidade da União. Não tenho conhecimento formal sobre essa possível cobrança, não estou dizendo que não vá acontecer, mas, como não é de nossa competência, realmente não posso afirmar.
O que posso dizer é que, onde há parceria entre o governo e os municípios, o acesso é totalmente livre e gratuito. Não há cobrança alguma para frequentar as praias. A estrutura nesses locais tem sido feita com apoio dos parlamentares estaduais e federais, do governo e das prefeituras.
Se a SPU (Secretaria de Patrimônio da União) estiver, de fato, planejando alguma taxa, desconheço oficialmente.
Como o senhor avalia o atual momento do turismo no Tocantins?
Muito positivo. O Tocantins está efetivamente inserido no cenário do turismo nacional e internacional. Temos participado de eventos dentro e fora do país, promovendo nossas atrações. Um exemplo disso é a nossa temporada atual, que está sendo divulgada nos estados vizinhos.
Temos recebido confirmação de aumento constante no fluxo de turistas, tanto no aeroporto quanto nos principais destinos turísticos, como o Jalapão. Isso mostra que, cada vez mais, o Tocantins se consolida como um destino procurado por quem busca experiências diferenciadas.

Além do Jalapão, que é bastante conhecido, quais outros pontos turísticos o senhor destacaria como consolidados no Estado?
Palmas, nossa capital, é o destino mais consolidado, devido à infraestrutura hoteleira, de transporte, bares, restaurantes, ao lago e à serra. É uma cidade administrativa, mas com forte vocação turística.
O Jalapão é o nosso cartão de visita, responsável por projetar o Tocantins nacional e internacionalmente.
Além desses, temos os grandes lagos de Filadélfia e Barra do Ouro, o Vale do Araguaia com o Cantão, a Ilha do Bananal – que representa a transição entre o Pantanal, o Cerrado e a Mata Atlântica –, e as Serras Gerais, próximas a Brasília e ao oeste baiano, com forte presença de turistas em regiões como Aurora, Dianópolis e Taquaruçu.
Ao todo, são sete regiões turísticas bem frequentadas e em expansão.
O que tem sido feito pela Secretaria de Turismo para promover e intensificar esse crescimento?
A Secretaria trabalha na promoção de todos os destinos do Estado. A visibilidade vem através da divulgação. Promovemos o Tocantins como um produto turístico completo.
Além disso, damos atenção especial à segurança, dos visitantes e do meio ambiente, com apoio de diversos órgãos: Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, secretarias de Meio Ambiente e de Saúde. A atuação conjunta busca garantir acessibilidade, preservação ambiental e segurança aos turistas.

Sabemos que muitos dos atrativos estão em áreas remotas, como o Jalapão. O que tem sido feito para melhorar o acesso a esses locais?
Temos uma malha viária extensa, que sofreu com as chuvas, mas já está sendo recuperada por determinação do governador.
Para o Jalapão, especificamente, o governo está investindo valores expressivos na pavimentação e na melhoria dos acessos.
Além das estradas, estamos construindo um aeroporto em São Félix, outro grande projeto do governador Wanderlei Barbosa.
Outras obras importantes incluem o píer do rio Manoel Alves, em Dianópolis, a estadualização da estrada que leva ao Catuá e a sinalização de rotas como o Jalapão e as Serras Gerais.
Nosso objetivo é estruturar esses destinos e transformar o turismo em um motor de desenvolvimento regional.
Como a Secretaria tem integrado as comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas ao turismo?
Essas comunidades são nosso maior trunfo. O etnoturismo é uma tendência mundial, e o Tocantins tem potencial riquíssimo nesse aspecto.
Experiências em comunidades como a Mumbuca, no Jalapão, ou entre os povos indígenas Xerente, na região de Lajeado e Miracema, são exemplos de como unir cultura, identidade e renda.
Hoje, o turista não quer apenas visitar um lugar, ele quer viver a experiência local. Quer provar a comida do Tocantins, participar das festas, como a colheita, a festa da rapadura, as folias religiosas. Essas manifestações fazem parte de uma nova visão sobre o turismo, mais humana, mais próxima da cultura local, e com geração de emprego e renda para as comunidades tradicionais.
Quem sabe fazer a comida do Tocantins são as pessoas do Tocantins. Quem sabe contar a história também são os tocantinenses. Sem dúvida, esse é um dos maiores ativos que temos para promover o turismo no Tocantins. Não se trata apenas de natureza, é o destino das pessoas, da forma como vivem, de sua simplicidade. O turista quer conhecer o modo de vida do povo, experimentar a comida local, viver a cultura. Isso é o que torna nossa oferta turística única.

Como tem sido o trabalho da Secretaria no que diz respeito à captação e ao repasse de recursos, tanto federais quanto estaduais, aos municípios?
O maior incentivador do turismo no Tocantins é o governador Vanderlei Barbosa. Ele não só investe como vivencia o turismo. Ele visita os locais, conhece as potencialidades e tem convicção de que o Estado tem muito a oferecer.
Nosso orçamento cresceu mais de dez vezes durante o governo dele. Ele entende que, para consolidar um produto turístico, é preciso investir e tem feito isso tanto nas estruturas quanto nas parcerias com os municípios.
Esses repasses têm permitido melhorias concretas, tanto para os destinos quanto para as comunidades.
E nesta temporada de praia, o que o turista pode esperar?
Uma temporada mais organizada, mais estruturada e mais diversificada do que nos anos anteriores.
Nossos empresários estão mais qualificados, temos o apoio do Sebrae na formação dos empreendedores, e todos os órgãos do governo – como Corpo de Bombeiros, Polícia, Saúde e Meio Ambiente – estão atuando em conjunto no comitê de praias para garantir segurança, gastronomia de qualidade e uma boa experiência.
Esperamos um grande fluxo de visitantes, tanto internos quanto de outros estados, e estamos preparados para recebê-los com um produto de excelência.
O senhor saberia informar a estimativa de recursos movimentados pelo turismo no Tocantins?
Os investimentos realizados no ano passado giraram em torno de R$ 40 milhões, e a previsão é repetir esse volume em 2025.
Na última temporada, recebemos cerca de 1,2 milhão de pessoas, que consumiram, em média, R$ 600 cada. Isso movimentou mais de R$ 700 milhões na economia local e gerou aproximadamente 3 mil empregos diretos, distribuídos em quase 600 pontos de venda, entre barracas e estruturas temporárias.
Falamos muito dos avanços, mas quais ainda são os principais desafios do turismo no Estado?
Ainda há muito a ser feito. Somos um estado jovem, que por muito tempo priorizou apenas setores como o agronegócio.
Agora, sob o governo Wanderlei, há uma mudança de visão: o turismo passou a ser tratado como vetor de desenvolvimento. Estamos investindo, promovendo os destinos, estruturando os produtos.
Claro que ainda estamos em processo de consolidação. Precisamos continuar melhorando o acesso, a preservação ambiental, a infraestrutura. Mas, ano após ano, avançamos com consistência.
E qual é a projeção da Secretaria para os próximos anos? O que o senhor espera deixar como legado?
Acredito que o grande legado será o reconhecimento do turismo como ativo econômico. Quando o governo investe no setor, está investindo na geração de renda, na melhoria da vida das pessoas.
O turismo é uma indústria democrática – emprega as pessoas simples, dá oportunidades às comunidades. Se temos uma natureza rica, precisamos transformá-la em benefício para a população.
O governador Wanderlei está deixando essa marca: a de que o turismo deve ser tratado com responsabilidade e sustentabilidade, como uma política pública permanente.
Para finalizar, que mensagem o senhor gostaria de deixar para os tocantinenses e para os turistas que pretendem visitar o Estado nesta temporada?
Gostaria de fazer um convite tranquilo e confiante: venham para o Tocantins. Aproveitem esse momento com a família, com amigos, com quem quiserem.
Serão mais de 30 dias de convivência segura, organizada e prazerosa. Tenho certeza de que será uma experiência marcante na vida de muitos visitantes.
Venham viver o Tocantins!