O prefeito de Dianópolis, José Salomão Jacobina (PT), aponta que a crise dos municípios com as oscilações no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) é um dado que chama atenção para a necessidade urgente da rediscussão do pacto federativo. Para o gestor, os recursos estão muito concentrados em Brasília. “Um tema que tem que ser rediscutido, é a questão do Pacto Federativo, para evitar que os prefeitos fiquem de pires na mão mendigando recursos em Palmas e em Brasília. A federação está desequilibrada, os recursos estão muito concentrados em Brasília e no Estado, em Palmas”.

José Salomão que esteve em Palmas para prestigiar a 4ª Caravana Federativa, evento do governo federal, realizada nos dias 09 e 10, avaliou a iniciativa como um gesto de boa vontade dos governos federal e estadual. “Representa um gesto de grandeza e de desapego. Porque é uma coisa institucional, republicana, independentemente de questões políticas ou partidárias. Uma parceria governo federal e governo do Estado para atender a bandeira municipalista”, ressalta.

O prefeito aproveita para destacar o bom relacionamento que o governo Wanderlei Barbosa tem mantido com os prefeitos, o que segundo ele, contribui para uma maior integração de esforços dos gestores públicos em busca de soluções comuns. “Esse atendimento aqui dá um novo alento aos prefeitos, aos municípios, saber que pelo menos estão tendo a boa vontade, tanto do presidente [Lula] quanto do governador [Wanderlei]. A gente tem que reconhecer também que o governador tem sido muito solícito. Tem sido muito atencioso. Eu acho que isso demonstra civilidade, institucionalidade”, defende.

Formado em Direito e Administração, servidor aposentado da Câmara Federal, José Salomão Jacobina Aires, 75 anos, exerce o terceiro mandato de prefeito de Dianópolis. Militante do PT desde 1997. Já exerceu mandato de deputado estadual em duas ocasiões em 2003, e em 2016 na condição de suplente. Na última eleição em 2020, venceu uma disputa polarizada. Obteve 48,32% dos votos válidos contra 33,30% dos votos válidos do segundo colocado, Jailton Bazerra (Republicanos).

Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção Tocantins, concedida durante abertura da 4ª Caravana Federativa, em Palmas, o prefeito revela que é candidato à reeleição e que vai enfrentar o radicalismo de direita com trabalho, projetos e serviços prestados ao povo dianopolino. “Nós vamos enfrentar nessa eleição um adversário que representa o atraso, que representa o ódio, a intolerância, que foi herança desse maldito, que nunca devia ter saído do esgoto, porque ele deixou o poder, mas o bolsonarismo continua vivo, infelizmente”.  

A Caravana Federativa é uma coisa institucional, republicana, independentemente de questões políticas ou partidárias

Prefeito, como o sr. avalia a iniciativa do governo federal de promover a Caravana Federativa que busca aproximar órgãos federias dos gestores municipais, facilitando o acesso a recursos que os prefeitos lutam tanto?

Eu avalio que é um evento de uma magnitude incalculável, não é? Porque isso representa um gesto de grandeza e de desapego. Porque é uma coisa institucional, republicana, independentemente de questões políticas ou partidárias. Uma parceria governo federal e governo do Estado para atender a bandeira municipalista. O que a gente reclama mais? Exatamente agilidade, prontidão nas ações, nas demandas que estão cadastradas, em Brasília. E infelizmente, isso é um outro tema que tem que ser rediscutido, que é a questão do Pacto Federativo, para evitar que os prefeitos fiquem de pires na mão, mendigando recursos em Palmas e em Brasília. A federação está desequilibrada, os recursos estão muito concentrados em Brasília e no Estado, em Palmas.

Esse programa que o Lula instituiu agora, Mãos à Obra, quantos mil obras estavam paralisadas? Isso é inaceitável


A Caravana Federativa é um gesto que aponta nesta direção, de compreender a realidade dos estados e municípios?


Eu acho que aponta nesta direção. Eu acho que o Lula é um governante, um presidente que está à frente do seu tempo. Ele é hors concours, tem uma visão impressionante das coisas. Conhece o Brasil como ninguém, o Brasil profundo. E com sua sabedoria que lhe é própria, ele está fazendo com que as coisas aconteçam com mais facilidade. A gente enfrenta muita burocracia, muito travamento e a coisa precisa andar, precisa acelerar. Esse programa que ele instituiu agora, Mãos à Obra”, quantos mil obras estavam paralisadas? Isso é inaceitável. Então, esse atendimento aqui dá um novo alento para os prefeitos, para os municípios, saber que pelo menos estão tendo a boa vontade, tanto do presidente [Lula] quanto do governador [Wanderlei]. A gente tem que reconhecer também que o governador tem sido muito solícito, né? Tem sido muito atencioso. Então, eu acho que isso aqui demonstra civilidade, institucionalidade. E é isso que gente precisa, ver o que é melhor para a população, para o bem comum.

É mais um sinal de que nós estamos no caminho certo e a gente tem que acreditar que as coisas vão acontecer, vão ser realizadas


Prefeito, o novo PAC, lançado recentemente no Estado tem previsão de aplicar 35 bilhões em obras, muitas que a população vem lutando há décadas e que agora ganham caráter de prioridade. Como o sr. avalia esta conquista para o Estado? 

Perfeitamente.  Então, isso é mais um sinal de que nós estamos no caminho certo e a gente tem que, vamos dizer assim, acreditar que as coisas vão acontecer, vão ser realizadas. É porque há boa vontade, não é? Tanto do governo federal quanto do Estado. E nós é que vamos ser beneficiados, o povo, a população mora é município, nós precisamos que essas coisas aconteçam.

Prefeito, 35 bilhões é um volume considerável. É possível calcular o impacto dos investimentos no Estado?


Imagina o efeito multiplicador desse montante de recurso na economia do Estado e dos municípios? Algo muito significativo e altamente positivo.

Quatro anos é um período muito curto. Acho que o mandato deveria ser de seis anos, sem reeleição


Prefeito, passando para a política, o sr. é candidato à reeleição. Como é que o sr. pretende se apresentar para essa nova disputa de 2024?

Como você sabe, estou concluindo o meu terceiro mandato. Vou disputar a reeleição com decisão do grupo e do partido. Eu sou um soldado do partido. Então, eu vejo que é uma possibilidade de a gente concluir um trabalho que está em curso. Imagino que quatro anos é um período muito curto. Acho que o mandato deveria ser de seis anos, sem reeleição. Mas o que está aí é o que a gente tem que obedecer, não é? Então, a minha pretensão é de, disputando mais uma vez, e se for vencedor, concluir as obras que estão em andamento e o que eu pretendo implementar no próximo mandato, se for eleito.

A gente quer enfrentar essa realidade e combater o bom combate, mas com trabalho honesto, decente e transparente


Prefeito, que balanço que o sr. faz da sua gestão, até aqui?


Olha, apesar de todas as dificuldades, inclusive com a pandemia pelo meio, a gente tem um saldo, eu acredito, positivo. São muitas obras que estão em andamento, muitas obras que já foram concluídas. Com todas as dificuldades que a gente enfrenta, agora mesmo o Lula resolveu compensar os municípios pela oscilação do FPM [Fundo de Participação dos Municípios], graças à política nefasta do posto Ipiranga, junto com o Bozo, é que resultou nisso, sacrificando os municípios. Ele vai compensar, é tipo uma reparação, né? E dar um novo alento pra gente acertar as contas, pra gente cumprir os compromissos com a população e com os fornecedores.

Eu acho que nós vamos enfrentar nessa eleição, um adversário que representa o atraso, que representa o ódio, a intolerância, que foi herança desse maldito, que nunca devia ter saído do esgoto, porque ele deixou o poder, mas o bolsonarismo continua vivo, infelizmente. Então, é muita infantilidade você imaginar que eles morreram, não, eles estão mais vivos do que nunca. É um povo que exala ódio. Então, a gente tem que combater isso, acabar aí, nosso negócio é paz e amor, não é? Então, a gente quer enfrentar essa realidade e combater o bom combate, mas com trabalho honesto, decente e transparente.

Tem exemplo de parlamentares que foram eleitos na base do dinheiro, só o Ministério Público Eleitoral e a Justiça Eleitoral não enxergam isso, infelizmente


Alguns líderes de centro dizem que no Tocantins, diferente dos grandes centros não há polarização entre direita e esquerda, como se verifica em nível nacional. Mas vemos que em alguns municípios como Dianópolis, essa polarização reproduz a mesma cena nacional. Como é fazer política neste clima permanente de guerra, de confronto ideológico?

Na verdade, o Tocantins é um Estado muito conservador. Então, o que você observa, o que prevalece, é o poder econômico. É uma coisa nefasta o que se gasta em política. Tem um exemplo aí de parlamentares que foram eleitos na base do dinheiro, só o Ministério Público Eleitoral e a Justiça Eleitoral não enxergam isso, infelizmente. Só não enxerga quem não quer ver. Mas nós enfrentamos essa situação, da minha parte, com trabalho decente, com transparência, com honestidade. É assim que o homem público deve agir, cuidar do dinheiro público melhor do que do seu dinheiro. Eu acho que o que nos respalda nessa disputa é a nossa história, a nossa trajetória. Então, é nisso que eu me baseio, é nisso que eu tenho expectativa em ter um resultado satisfatório porque o povo sabe quem é quem na política. Ele só se deixa enganar quando quer. Se não fosse assim o homem [Lula] não tinha ganhado. E lá em Dianópolis não é diferente não. A “grandoria” lá, a falsa elite, é tudo no dinheiro, meu amigo! É um jogo desigual, pesado. E a gente vai ganhar deles de novo, é respeitando esses princípios, que deve orientar qualquer político de caráter, honestidade, transparência, decência. Então, é nesse tripé aí que a gente vai se sustentar para enfrentar o povo da extrema direita, principalmente.

Turismo e o agronegócio são duas áreas de suma importância que estão tendo um impacto muito positivo na economia da região


Dianópolis está passando por uma rápida transformação, com a chegada do turismo com a exploração do destino Serra Gerais, de forma muito forte e também com o agronegócio. Como é que o sr. avalia esse novo contexto para o Sudeste tocantinense e, sobretudo, Dianópolis que é cidade polo da região?

Você mencionou dois itens de suma importância que estão tendo um impacto muito positivo na economia da região e do município. O potencial turístico da nossa região, do nosso município e o agronegócio que também tem que reconhecer que tem um lado positivo, mas é um povo ganancioso também. Aqui pra nós, eles são insaciáveis. Porque o que eles ganharam de dinheiro no governo Dilma e Lula, e esse povo ainda reclama de Lula, não dá para entender. Então, a gente tem que reconhecer o lado positivo para a balança comercial, mas quem bota a comida na mesa da população não é o agronegócio. É a agricultura familiar, responsável por 70% da produção de alimentos para o mercado interno. Então, juntando o potencial turístico que nós temos, em franca evolução, Serras Gerais hoje está na ordem do dia e o agronegócio que está descendo da Bahia, está gerando um ambiente muito salutar de perspectiva, de expectativa de geração de emprego e renda, que é o que nós precisamos. E o Lula tanto briga e luta por isso que é dar vez aos que mais precisam, inverter as prioridades. Isso que precisa fazer.

Me orgulha dizer que fui eu que iniciei esse processo com a criação da FADES, encampada pelo Unitins e que hoje é uma realidade


Dianópolis já desponta como um polo regional de educação superior. Como sr. avalia o início das obras do Câmpus da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins) na cidade, qual o impacto dessa obra na oferta de ensino superior na região?


Agora, se tem uma coisa que me orgulha é poder dizer que fui eu que iniciei esse processo com a criação da [Faculdade para o Desenvolvimento do Sudeste Tocantinense] FADES, que foi encampada pela Unitins e hoje é uma realidade. Agora mesmo nós acabamos de presenciar a assinatura da Ordem de Serviço para início das obras do câmpus da Unitins, pelo governador Wanderlei Barbosa, em um terreno doado por nós. Então, isso é uma coisa histórica. A educação tem um efeito transformador, inimaginável. Então, eu acho que a Unitins está consolidada, vai levar os cursos na área de saúde, que vai ser uma nova Gurupi, um novo Porto Nacional. Com fé em Deus, daqui a pouco vamos passar Gurupi e Porto Nacional e vamos disputar com Araguaína e Palmas.