Marilon Barbosa: “Cinthia Ribeiro tentou engessar a gestão de Eduardo Siqueira Campos e a Câmara impediu isso”

02 fevereiro 2025 às 08h00

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Marilon Barbosa Castro (Republicanos) é natural de Porto Nacional (TO) e filho do primeiro prefeito de Palmas, Fenelon Barbosa, e irmão do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos). É um político com forte atuação em Palmas. Formado em Administração, iniciou sua carreira como servidor em Goiânia, retornando ao Tocantins para contribuir na criação e implementação da capital. Como vereador, tem atuado em áreas como esporte, saúde, educação, esporte e cultura.. Além de sua carreira política, Marilon é evangélico e dedica-se à palavra de Deus.
Pela segunda vez, Marilon foi eleito presidente da Câmara de Vereadores de Palmas por 12 votos contra 11 de seu adversário, Folha (PSDB), após uma disputa marcada por intensos debates e uma tentativa de impugnação da chapa de Marilon. O pleito, que gerou um clima de tensão, teve duas tentativas de cancelamento antes da votação. Marilon acusou Folha de autoritarismo, enquanto Folha respondeu de forma sarcástica. Apesar das polêmicas, como a “isolação” de parlamentares para evitar coações, Marilon assumiu com a promessa de fortalecer o legislativo e manter a comunicação com o governo estadual.
Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção Tocantins, o presidente da Câmara Municipal fala sobre sua relação com o prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos), e sobre a gestão da ex-prefeita (PSDB), Cinthia Ribeiro. Ele critica a gestão de Cinthia e fala sobre seus planos para a cidade.
Como está a relação do senhor com o vereador Folha após os embates que tiveram durante a eleição da presidência da Casa? Sabemos que havia a intenção de ingressar com uma ação para rever a presidência. Qual é a situação atual?
Até onde sei, isso não aconteceu. Havia a possibilidade, mas, no fim, a ação não foi protocolada. Sobre minha relação com o vereador Folha, posso dizer que é boa. No parlamento, convivemos intensamente, muitas vezes até mais do que com nossas próprias famílias. Conheço bem o Folha, e disputas fazem parte do processo político. Ele buscou a vitória, assim como eu, e, ao final, tive o apoio de 12 vereadores, que me conduziram à presidência da Casa pela segunda vez.
Como o senhor pretende conduzir os trabalhos neste ano? Quais são suas metas como presidente? E, como vereador, quais são suas principais propostas?
Como vereador, tenho vários projetos a serem apresentados, além de requerimentos que visam beneficiar tanto a população quanto a cidade de Palmas. Meu foco é propor iniciativas que contribuam para o desenvolvimento da capital e para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.
Atualmente, temos um requerimento para a pavimentação asfáltica de todo o distrito de Taquaruçu. Já conversei com o prefeito [Eduardo Siqueira Campos] sobre isso, e ele demonstrou total interesse em renovar toda a malha asfáltica da região. Esse é um dos pedidos que pode trazer benefícios significativos.
Também precisamos avançar na melhoria das unidades de saúde. No ano retrasado, foram destinados R$ 400 mil para a compra de equipamentos. Além disso, já implementei um Centro de Educação Infantil (Cmei) em Taquaraçu, por meio de uma emenda de R$ 1,3 milhão, que gerou cerca de 80 empregos.
Outro requerimento importante é a construção da ponte da comunidade Cruz, onde há dificuldades de passagem. Além disso, buscamos viabilizar a pavimentação de pelo menos 1 km na região, melhorando o acesso e a qualidade de vida dos moradores.
Desde 2012, tenho apresentado requerimentos e destinado emendas para a construção dessa ponte na região dos Cruz, beneficiando diversas famílias. O nome se deve ao fato de a família Cruz possuir uma fazenda no local, onde muitos moradores vivem. Ao longo dos anos, já destinei cerca de seis emendas para essa obra, mas, infelizmente, os recursos acabaram sendo devolvidos ou realocados para outras finalidades.
Além disso, consegui R$ 600 mil com a senadora Dorinha para a construção de uma feira coberta. Já destinei várias emendas para essa estrutura em Taquaraçu, mas, até o momento, a obra não foi realizada.
Os recursos retornaram?
Infelizmente, os recursos acabam sendo desviados para outras localidades ou simplesmente não sei para onde vão. Mas seguimos trabalhando com esse objetivo. Como vereador representante de toda Palmas, tenho diversos requerimentos para o distrito de Buritirana, incluindo a construção de um campo de futebol, a criação de uma nova praça e a revitalização da praça existente, que está bastante deteriorada. Também há demandas por melhorias na saúde e pavimentação asfáltica.
Uma questão que me chamou muita atenção na gestão passada – e não falo isso para difamar ninguém – foi o descaso com o esporte. A ex-prefeita [Cinthia Ribeiro] permitiu que o campo de futebol de Taquaraçu fosse desativado, assim como o de Buritirana. Além disso, praticamente todas as quadras esportivas de Palmas foram abandonadas, deteriorando-se ao ponto de ficarem inutilizáveis.
O Ginásio Ayrton Senna foi abandonado, tomado pelo tempo e pela ferrugem. Os grandes eventos e campeonatos que movimentavam a cidade simplesmente desapareceram. Taquaruçu tinha um campo de futebol em ótimo estado, mas construíram uma nova obra em cima dele, destruindo o que já existia. Você já viu algo assim? Construir uma nova estrutura eliminando outra que ainda era útil? Isso mostra a falta de preocupação com o social e com nossas crianças, que são os talentos do futuro.
Hoje, infelizmente, não temos a reforma do ginásio de esportes nem um campo de futebol em Taquaruçu. No entanto, vamos apresentar um requerimento para garantir recursos no orçamento e viabilizar a construção desse campo. Ao que tudo indica, a área já foi negociada, e vamos trabalhar para que esse projeto saia do papel.
Temos muitos requerimentos para a nossa capital, cerca de 50, abrangendo diversas áreas para atender toda Palmas. Essas demandas foram discutidas com o prefeito Eduardo Siqueira Campos, que tem se mostrado flexível e aberto ao diálogo. Ele é um gestor acessível, com bom relacionamento com a população, além de ser um político experiente e técnico.

E como está a relação da Câmara com o prefeito? Houve uma disputa política, e a candidata apoiada pelos Republicanos não venceu. Como ficou essa relação após a eleição? Está alinhado?
O mais importante é que a cidade e a população não sejam prejudicadas. Eu e Eduardo Siqueira Campos já nos encontramos após a eleição, e nosso relacionamento continua positivo.
Como mencionei, além de político, Eduardo é um gestor técnico e, sem dúvida, fará uma grande administração. A Câmara estará ao lado da gestão, garantindo governabilidade, especialmente em pautas que beneficiem a população de Palmas.
Nós já discutimos sobre isso. Inclusive, devolvi cinco projetos de lei, incluindo o do uso do solo, para que ele fosse readequado. A ideia é realizar uma reavaliação do novo plano diretor e do uso do solo, discutindo as melhores alternativas. Da forma como estava, não seria possível continuar. Então, atendendo ao pedido dele, fizemos essa devolução para revisão.
Eu acredito que Palmas só tem a ganhar com a Câmara e a Prefeitura unidas. Não estamos aqui para atrapalhar a gestão, mas para ajudar. O prefeito, com certeza, pode contar com essa Câmara. Vejo que todos os vereadores estão dispostos a contribuir de forma flexível, sempre pensando no bem de nossa capital, junto com a Prefeitura de Palmas e também com o governo do Estado. Além disso, percebo um bom relacionamento entre Wanderlei e Eduardo, o que também facilita essa parceria.
O Eduardo esteve na inauguração da escola de Duque de Caxias, em Taquaruçu, e eles têm um grande relacionamento, com uma história de construção de Palmas. O pai de Eduardo, Siqueira Campos, foi um dos responsáveis pela criação do estado do Tocantins e pela fundação da nossa capital, Palmas. Meu pai [Fenelon Barbosa] teve o privilégio de ser o primeiro prefeito, e meu irmão Wanderlei, com seus 32 anos de mandato, hoje é o governador do Estado.
Não é uma coincidência, é algo espiritual. Se você olhar, Siqueira Campos foi governador, meu pai foi prefeito de Palmas, e hoje Wanderlei, filho do prefeito, é governador, e o filho do governador é prefeito de Palmas. Se for analisar, parece que há uma conexão. O que Deus quer mostrar com isso é a importância de trabalharmos juntos pelo progresso e desenvolvimento de nossa capital. Palmas é uma das melhores capitais para se viver.
Eu vi recentemente um texto dizendo que Palmas é uma das capitais que mais vai gerar fontes de renda, empregos e desenvolvimento em todos os aspectos, mas, acima de tudo, com qualidade de vida.
Aproveitando, gostaria de saber como o senhor avalia o governo de Cinthia Ribeiro.
Eu prefiro não falar mal de ninguém, mas em relação à Cinthia Ribeiro, posso citar alguns pontos. Primeiramente, quando fui presidente da casa, ela me recebeu duas vezes, mas ambas com interesses dela. Um desses momentos foi sobre a destituição das comissões. Quer dizer, ela queria passar por cima de um processo legítimo, agindo de forma arbitrária, quase como um ditador, para destituir as comissões que foram formadas por voto. Outro ponto foi sobre o orçamento. Fui até ela duas vezes, mas não fui recebido. Mais tarde, acabamos conversando sobre o orçamento, que é de interesse de Palmas e de todos nós, inclusive dela. No entanto, infelizmente, nunca tive um bom relacionamento com ela. Para mim, um gestor deve ter flexibilidade, entendimento e a capacidade de aceitar ideias, o que eu não vi nela.
Eu digo isso sem medo de errar: a Cinthia tentou engessar a gestão de Eduardo Siqueira Campos, e nós tentamos impedir isso. Um exemplo foi quando ela queria que as escolas devolvessem R$ 16 milhões para a prefeitura, mas não sabemos a razão disso. Hoje, a prefeitura enfrenta um rombo de R$ 300 milhões, como o próprio prefeito me informou. Temos que investigar essa situação. Estamos aqui para fiscalizar, e vamos descobrir o que aconteceu com esses R$ 300 milhões. Estou aguardando que o prefeito faça uma auditoria e nos forneça os detalhes, para que possamos avaliar a necessidade de uma comissão parlamentar de inquérito e entender para onde realmente foi esse dinheiro.
A Cinthia cometeu várias barbaridades durante o governo dela. Um exemplo foi tentar engessar a gestão do Eduardo Siqueira Campos fazendo um concurso público no final de sua gestão. Não sou contra concurso público, muito pelo contrário, sou a favor, mas deveria ter sido feito no início, como o governador Wanderlei fez. O problema é que ela fez o concurso para chamar 3.600 pessoas no finalzinho, justamente para prejudicar a nova gestão de Eduardo, pois com isso ele não pode contratar ninguém, o que acaba complicando a administração. O objetivo dela, em minha opinião, foi se posicionar como a salvadora da pátria, esperando se beneficiar politicamente no futuro, contando com esses concursados para sua reeleição. Isso é um jogo político que prejudica a gestão e a sociedade.
Outra coisa com a qual eu discordo foi a forma como ela lidou com a eleição para diretores. Tudo bem ter eleição para diretores, mas não da forma como foi feita. Por exemplo, conheço dois diretores que foram os mais bem votados, mas não foram escolhidos por ela. O que ela fez foi escolher quem teve quatro votos, enquanto outro, que perdeu por uma diferença de 60 e poucos votos, foi escolhido. Isso é política fora da gestão. Não queria largar o comando, mas queria controlar a educação de fora. Esse tipo de atitude, de pegar o menos votado para assumir, desrespeita a vontade popular. Aí o Eduardo entrou com uma providência sobre isso. Colocou os mais bem votados de volta. Foi uma grandeza da parte dele.
Como o senhor acredita que aconteceu esse suposto rombo de R$ 300 milhões? Suposto, porque ainda não há provas. A Câmara tem acompanhado a situação, como tem sido esse processo?
Sobre o suposto rombo de R$ 300 milhões, a Câmara está acompanhando a situação, mas ainda não temos provas concretas. Contudo, sabemos como são feitas as artimanhas para agregar dinheiro. Um exemplo disso foi a tentativa de empréstimo de R$ 634 milhões no final do ano passado, que, segundo ela, seria para “tampar esse rombo”.
Desses R$ 634 milhões, a gente sabia que R$ 300 milhões seriam para a compra dos ônibus. Agora, se não teve os R$ 634 milhões e R$ 300 milhões destinados aos ônibus, o restante seria para onde?
Veja, por exemplo, as horas de máquina, que custam R$ 3 milhões por mês. E o Natal de final de ano? Foi muito mal planejado, uma barbaridade. Com esses R$ 300 milhões, dava para fazer muita coisa, como, por exemplo, construir o hospital municipal, ou pavimentar 300 km de asfalto, construir escolas, unidades de saúde.
Esses R$ 300 milhões poderiam também ser usados para manter a limpeza urbana, mas deixaram a cidade em estado de calamidade. O prefeito me falou que a situação estava tão emergencial que parecia um estado de calamidade mesmo: ruas cheias de buracos, sujeira por toda parte e doenças como dengue e chikungunya tomando conta.
Agora, para tentar reduzir os gastos, ele teve que cortar várias coisas. Por exemplo, cortou o Carnaval e o “Capital da Fé”. Ele justificou dizendo que o gasto estava muito alto.

Agora, falando sobre o parlamento de Palmas, vejo que está bem diversificado, com representantes de vários partidos, tanto de esquerda quanto de direita. A grande questão é: essas discussões vão se alinhar ou vão gerar muita divergência? Como está o clima com os novos vereadores?
Eu vejo essa legislatura com um bom potencial, principalmente os novatos, que têm mostrado uma postura interessante. Claro, aqueles que já estão na câmara, a gente já conhece o trabalho deles, mas os novatos parecem estar bem comprometidos.
Temos muitos vereadores com grande conhecimento e experiência, comprometidos com o bem de Palmas. Cada um deles traz um olhar estratégico e uma bagagem política importante.
Fui eleito, graças a Deus, levando em conta o que é melhor para a cidade. Acredito que a flexibilidade de espírito e o entendimento de que posso ser o presidente surgiram por esse alinhamento entre nós.
Aqui, na Câmara, temos 23 vereadores, todos representando Palmas e o povo palmense. Não haverá exclusão, vamos trabalhar juntos para o progresso da cidade. Vamos unir forças e garantir que a gestão seja realmente colaborativa e que todos possam contribuir para o desenvolvimento da nossa capital.
E juntos, vamos fazer bons projetos de lei, com certeza, para nossa capital, bons requerimentos, juntamente com o prefeito, a comunidade, nossos assessores e servidores, buscando sempre o que é melhor para Palmas. O objetivo é gerar muitos empregos, porque o que mais me alegra na vida pública é ver um pai de família empregado. Eu realmente gosto de atender o povo, é isso que me motiva.
Então o gabinete do senhor vai ser portas abertas?
Sim, o meu gabinete vai ser de portas abertas, tanto para os vereadores quanto para todas as entidades de classe e principalmente para o povo palmense. E para a imprensa também, que tem um papel fundamental. A imprensa é crucial, e eu gostaria de destinar um orçamento para apoiar isso. Infelizmente, eu sei que o aumento de quatro vagas [de vereador] vai impactar o orçamento de maneira significativa.
Temos 10 milhões em custeio. Eu acredito que, no mês de agosto, vamos receber algo em torno de R$ 1 milhão, talvez um pouco mais, totalizando cerca de 11 milhões. A folha de pagamento é de R$ 60 milhões de reais. Estamos no limite prudencial de 60%, podendo chegar até 70%, mas só temos R$ 70 milhões disponíveis, e a folha de pagamento consome R$ 60 milhões.
Isso equivale a mais de R$ 5 milhões por mês, o que é muito. O que vamos fazer? Ainda estamos tentando resolver essa situação. O prefeito, com boa vontade, está tentando ajudar, mas o problema é que as finanças já estão comprometidas. Não tem como ele ajudar mais, mesmo que queira.
Com relação a isso, temos uma despesa de 5% da receita, que é de R$ 70 milhões, e R$ 60 milhões são destinados à folha de pagamento. Ou seja, vamos ter que cortar em algum lugar, caso contrário, não conseguiremos fechar as contas. Estou aguardando mais informações, mas sabemos que teremos que fazer ajustes, porque, se não fizermos, em setembro, o dinheiro vai acabar.
Os cálculos que fizemos indicam que precisamos ajustar cerca de R$ 6 milhões. Acredito que o ano que vem será bom. Gostaria de preparar algo para julho. A ideia é colocar em andamento o processo de licitação para uma agenda de comunicação.
Eu só quero que o povo palmense acredite no nosso trabalho. Estamos aqui com as melhores intenções possíveis para agregar valor à cidade, especialmente na abertura de muitas oportunidades e na criação de novos horizontes para todos.
Quero deixar um recado para a ex-prefeita, algo que eu havia esquecido de mencionar. Ela sempre foi muito perseguidora. Para vocês terem uma ideia, ela aplicou uma multa em nossa gestão nos últimos dias de seu governo, e a motivação parecia ser uma questão pessoal, de vingança. No entanto, eu não me preocupo com isso, e vou explicar o porquê: quem persegue, um dia será perseguido. Tenho convicção de que ela terá que responder pelos atos que cometeu enquanto esteve à frente da prefeitura, especialmente por conta de diversas práticas que envolvem corrupção.
A cidade se transformou em um antro de corrupção. O enriquecimento dela é algo absurdo. Sabemos de muitas coisas que, por questões legais, não posso divulgar no momento, mas as irregularidades são claras.
Um dia, com certeza, isso tudo virá à tona, pois estamos fazendo um trabalho sigiloso para que a verdade seja revelada. Ela não ficará impune.
E, se o senhor conseguir essas provas que está mencionando, uma CPI será necessária, não é isso?
Eu acredito que sim, pois estou aguardando a auditoria que o prefeito está realizando. Eu não estou aqui para perseguir ninguém, mas a ex-prefeita fez com que a perseguição fosse algo muito presente na cidade, afetando até o povo de Palmas. Muitos pais de família foram demitidos simplesmente porque não votaram a favor de um projeto que não era do agrado dela. Ela usou o poder para punir, inclusive demitindo funcionários e prejudicando famílias inteiras.
Por que não fui para um almoço 66 pais de família foram exonerados. E hoje, o que sou? O presidente da Câmara. Eu fiquei arrasado naquele momento, chorei junto com aquelas pessoas que foram demitidas.
Eu ficava até 2, 3 horas da manhã chorando, porque eu sabia o quanto eles dependiam daquilo. Mas, graças a Deus, conseguimos dar a volta por cima. Meu irmão foi transformado em governador e muitos pais de família conseguiram novos empregos, e sou muito grato a ele por isso. Apesar de toda a perseguição, ele segue firme. Quanto mais somos perseguidos, mais crescemos na vida, com certeza.
Agora, o senhor trouxe uma questão interessante. O senhor acha que o fechamento de eventos como a Capital da Fé e o Carnaval vai causar prejuízo financeiro para Palmas? E eventos como o Festival Gastronômico de Taquaruçu, também poderão ser cancelados devido a essa situação?
Não, eu não vejo prejuízo financeiro com o fechamento da Capital da Fé, na verdade, isso pode até gerar economia. Agora, o Festival Gastronômico, sim, traz retorno financeiro significativo. Tem dias em que o evento atrai até 50 mil pessoas, o que gera um grande capital de giro.
Além de gerar emprego, o evento também melhora a qualidade de vida das pessoas, pois elas têm a oportunidade de vender seus alimentos. Quando grandes eventos como esse acontecem, vejo como uma importante fonte de renda.
Mas você acha que o prefeito pode cancelar?
Não, ele não me falou sobre isso, mas eu acredito que não. É uma tradição, uma referência para a cidade. Tenho certeza absoluta de que ele não vai cancelar. O Eduardo Siqueira Campos é um homem com uma visão muito grande. Pode ter certeza absoluta que o Festival Gastronômico não será cancelado. E o Arraiá da Capital também, que tem mais de 30 anos, não vai deixar de acontecer.
Com certeza, até lá ele já deve ter superado isso. Eu estava vendo que tem um deputado federal que está conseguindo um orçamento para a prefeitura ou o estado, algo em torno de R$ 139 ou R$ 169 milhões, não sei ao certo.
Você acha que o Wanderlei e o prefeito vão se reaproximar neste mandato?
Já estão se aproximando, sim. Eu não vejo razão para o governo ficar de um lado e o prefeito do outro. Vou te falar por que: só quem perde é o povo. Eles têm muito a fazer juntos, muitos projetos. Um depende do outro, né?
Eles vão trabalhar juntos, por exemplo, o Wanderlei vai doar agora um lote para a construção do Hospital Municipal. Palmas é a única capital do Brasil que não tem um hospital municipal. Ele vai fazer essa doação e provavelmente vai entrar com a contrapartida para realmente ajudar o povo palmense e até desafogar o HGP, que é o que precisa.
O que o senhor tem a dizer sobre o transporte coletivo?
Olha, sobre o transporte coletivo, esse é um dos maiores problemas deixados pela gestão da Cinthia. O transporte público, na verdade, foi direcionado por interesses pessoais da prefeita, e isso só trouxe transtornos para a população. Como alguém pode acabar com uma concessão que estava funcionando bem? Claro, poderia haver mais opções de empresas, mas não um monopólio com apenas a empresa do Toninho. Eu até concordo que novas empresas poderiam entrar, desde que oferecessem qualidade no serviço.
Agora, essa decisão de alterar a concessão com interesses pessoais, não tem como defender. Eu não tenho provas, mas falam até em propina envolvida. O resultado disso foi um transporte público totalmente deteriorado, com ônibus quebrados, sem manutenção, e o mais grave: as pessoas perdem até o emprego porque os ônibus não chegam na hora. Hoje, mais de 60 ônibus estão parados, e os salários dos trabalhadores estão abaixo do esperado, com atrasos nos pagamentos. Como é que alguém pode permitir uma situação dessa? Para mim, parece claro que a prefeita estava mais preocupada com seus interesses pessoais do que com a população.
Fiquei muito decepcionado com algumas atitudes da prefeita. Muito mesmo. Uma das coisas que mais me marcou foi a decisão de acabar com os campos de futebol. São muitas crianças que dependem desses espaços, é um trabalho social que mantém a juventude afastada do crime. Para mim, foi uma decisão muito errada. Sinceramente, eu me decepcionei demais com ela em vários aspectos.
E, sinceramente, não quero mais proximidade com ela. Quanto à possibilidade de ela voltar a ser eleita, se depender de mim, não vai ser. Eu acredito que o povo de Palmas vai saber identificar quem está realmente ao lado deles. Quando alguém está no poder, é fácil ver quem se aproxima, quem fica perto. Eu, como presidente da Câmara, vejo tantas pessoas se aproximando, que nem sei mais quem é quem. Às vezes, as pessoas que realmente te ajudaram acabam ficando de fora. Mas eu não sou assim. Eu sou fiel aos meus, aqueles que sempre estiveram comigo nos momentos difíceis. E se depender de mim, ela não volta mais para a prefeitura.

Como o senhor vê o cenário político para as próximas eleições, especialmente para os cargos de governador, senador e deputado federal? Quais são as suas principais expectativas em relação a esses pleitos?
Olha, ainda é muito cedo para fazer previsões, mas é importante começar a discutir, né? Eu vejo que vários nomes estão surgindo. A Dorinha já se posicionou, pleiteando o cargo de governadora, e temos o Amélio Cayres e o Eduardo Gomes, que também estão com essa pretensão. Em relação ao Wanderlei, ainda não sabemos se ele vai renunciar, mas acredito que não. Se ele não renunciar, ele vai precisar apoiar alguém, mas não sei quem seria o candidato dele, porque ele ainda não comentou sobre isso. Ele é um dos melhores governadores do país. No entanto, ele tem algumas divergências com o vice e, dependendo de como isso evoluir, ele pode ter que tomar decisões difíceis.
Acredito que o Wanderlei vai terminar seu mandato com sucesso, e que Deus lhe dê muita saúde e proteção. Quanto à Câmara e às eleições, temos vários candidatos a deputado federal, como o Janad Valcari, e o Alexandre Guimarães, que vai sair como candidato a senador. O Léo Barbosa será meu candidato a deputado estadual. Claro, isso pode mudar dependendo das circunstâncias, mas, por enquanto, são esses os nomes com os quais estou comprometido. E, na política, a família é sempre prioridade. Apesar das divergências, quando a situação aperta, é com a família que a gente conta.
E o senhor vai sair candidato também?
Só sairia candidato se o Wanderlei renunciasse. Aí, eu sairia. Porque já estou no meu quarto mandato como vereador. Não sei o que seria, mas a estadual não seria, jamais disputaria com um parente meu. Tem a Janad também, que tenho um compromisso com ela. Sou de palavra, sabe? Quando dou minha palavra, é difícil voltar atrás. E gosto muito dela, de coração. Tem gente que fala dela, mas ela luta de verdade por você. E o marido dela também é meu amigo, sempre me ajudou, nunca me fez mal. Mas vamos ver o que acontece, tem outros cargos em jogo.