Natural de Porto Nacional, cidade que governa atualmente, Ronivon Maciel é  graduado em História, pela Fundação Universidade do Tocantins – UNITINS (hoje UFT) e pós-graduado em Gestão Pública, pela Faculdade Sul-Americana de Educação – FASAM. Eleito vereador do município em 2012, foi alçado ao cargo de vice-prefeito em 2016 e, posteriormente, candidatou-se a deputado estadual em 2018. Foi o candidato mais bem votado do município. Pessoa popular e participativa, foi eleito prefeito em 2020, pelo PSD, após obter 11.294 votos. 

Em relação aos “caciques” da política no Tocantins, o Sr. ainda é muito novo nos meandros da política. Poderia sintetizar sua carreira e suas origens?

Penso que é importante todas as pessoas que estão na vida pública prestarem contas e darem satisfações sobre suas ações enquanto gestores, por isso, agradeço desde já, a oportunidade. Eu sou portuense e tenho orgulho das minhas raízes humildes. Meu pais eram pessoas com poucas posses e muitas dificuldades, mas que conseguiram me repassar boa educação e princípios morais. Não tenho vergonha de ter exercido profissões mais humildes enquanto adolescente, porque isso me fez crescer, enquanto pessoa. Posteriormente, tive oportunidade de abrir meu próprio negócio no ramo de vendas de material de construção. 

Em 2012, fui eleito vereador, o quinto mais votado entre os treze. Já em 2016, havia um campo fértil para que eu me reelegesse vereador, entretanto, fui indicado para ser vice-prefeito na chapa de Joaquim Maia e ganhamos a eleição. Sabia dos desafios e enfrentei. Em 2018, após o incentivo da população, concorri ao cargo de deputado estadual e obtive uma votação surpreendente, sendo o candidato mais votado na cidade. Isso proporcionou mais visibilidade política ainda. 

Em 2020, novamente a força da população me impulsionou a disputar a prefeitura e fomos vitoriosos, conseguindo obter êxito contra a máquina e contra outro candidato, pertencente a uma família com tradição política na cidade.

Logicamente, o Sr. impôs o seu jeito de governar a partir da posse. Quais foram os desafios e o avanços da sua gestão?

Entendi que as pessoas queriam um gestor mais próximo do povo, mais simples e mais humilde. A população queria alguém que atendesse aos seus anseios e busquei fazer uma gestão mais voltada para o acolhimento das pessoas, contudo, pensando de forma muito técnica e muito profissional.  Estamos falando da quarta maior cidade do Tocantins e a terceira maior economia do Estado, que é a cidade de Porto Nacional. Por conhecer bem os nossos distritos – Pinheirópolis e Luzimangues – além da zona rural e a própria cidade em si, abriu-se a possibilidade de fazer uma gestão mais assertiva. É preciso lembrar que no período eleitoral de 2020, uma de nossas propostas era que pudéssemos atingir bairros mais afastados, entendendo que a infraestrutura e a qualidade de vida em relação à saúde, educação, cultura e turismo, pudessem chegar de forma mais plena e com mais eficiência esses locais. Tanto eu quanto o vice-prefeito Joaquim do Luzimangues temos tentado levar benfeitorias para essa população mais carente, tanto no âmbito da cultura e diversão, quanto iluminação ou outras infraestruturas para esses bairros mais distantes. 

Temos uma nova visão também no que concerne a gestão do distrito de Luzimangues, que hoje conta com aproximadamente 18 mil habitantes. Estamos cientes que eles precisam desse cuidado redobrado. Construímos por lá novas unidades básicas de saúde, como também reformamos as outras que estavam paralisadas. Dentro dessa linha, também tivemos o cuidado de prestigiar os profissionais da saúde em relação aos adicionais de insalubridade – uma briga antiga – entre outros avanços. 

Mas a educação? Não foi no mesmo trilho?

Claro que foi. Nesse campo também demos um salto, na medida em que efetuamos o pagamento das progressões de 2016 a 2021, implementando, a partir de 2022, esses recursos no orçamento. Já investimos mais de R$ 6 milhões para arcar com esse passivo. Ainda há questões em relação a essas categorias a serem resolvidas, mas em nenhum momento, fomos omissos. 

E quanto às cadeias produtivas?

Estamos fazendo todos os esforços para melhorar os serviços básicos, como já disse, mas também tenho tentado fortalecer a economia, visando gerar empregos para o nosso povo. Atualmente, Porto Nacional é a única cidade do Tocantins que conta com duas unidades esmagadoras de soja. Além disso, depois de 30 anos, o nosso Parque Agro-industrial está recebendo infraestrutura e está sendo revitalizado, prestigiando quem já está instalado, como também, ofertando melhorias para receber novas empresas. Isso tem gerado mais impostos, emprego e renda. Por fim, estamos consolidando o setor multissetorial de pequenos negócios, principalmente serviços, como serralherias, oficinas, marcenarias, torneadoras, que será instalado ao lado da rodoviária. 

Tudo isso nos credencia a ser o terceiro PIB do Estado, movimentando mais de R$ 3,6 bilhões. Temos essa característica, trata-se de uma cidade destaque e protagonista, que já tem projeção – tanto nacional quanto internacional – no que concerne às importações e exportações. 

Além disso, estamos fortalecendo – numa parceria da secretaria de desenvolvimento econômico com o Sebrae – o turismo. O município está incluso no mapa turístico do Brasil, o que muda nossa realidade nesse campo, em todos os aspectos. Tudo isso, tem ajudado nossa próspera cidade a crescer e se desenvolver economicamente. 

Em contrapartida, qual é o legado da gestão no que se refere ao social?

Com absoluta certeza essa é uma das nossas preocupações. Temos o papel de garantir a saúde, a educação e a segurança, mas também a política da assistência social. Aprovamos, junto ao Conselho Municipal de Assistência Social, a possibilidade de transferir recursos para as famílias com mais vulnerabilidade, através do cartão alimentação. Após passarmos por um processo pandêmico e de reestruturação, atualmente conseguimos atender 1.000 famílias no município, transferindo do tesouro público municipal o valor de R$ 200,00 para as famílias que mais necessitam. Eles foram escolhidos de forma criteriosa, sem nenhum aspecto político, mas sim observando as suas verdadeiras necessidades. Também faz parte das minhas preocupações e ações, mecanismos que possam contribuir para que os membros dessas famílias se profissionalizem, para que num futuro breve consigam sair desse processo, obtendo dignidade que elas merecem. 

Um dos desafios da sua gestão certamente é a administração do distrito de Luzimangues, localizado a mais de 70 km da sede do município com população aproximada, como o senhor já disse, de 18 mil pessoas. Quais são as efetivas ações que o Sr. tem feito em relação ao Distrito?

Entendo que a falta de infraestrutura é o maior desafio. O distrito cresceu de forma desordenada, sob o comando da iniciativa privada e não do poder público. Esse é um dos gargalos. Em razão da logística ser muito favorável, face a proximidade com a capital, as pessoas foram comprando imóveis parcelados, nos mais diversos loteamentos. Isso gerou um crescimento desordenado, como também, vazios urbanos. Para se ter uma ideia do quanto os loteamentos são espalhados em Luzimangues, existem mais postes com iluminação pública no distrito do que aqui em nossa sede, que é condensada, geograficamente falando. 

Atualmente, o poder público foi obrigado a assumir a gestão mas, naturalmente, enfrenta problemas. Na medida do possível temos tentado amenizar os transtornos existentes. No começo da gestão, por exemplo, havia apenas três unidades educacionais no Distrito, todavia, no final de 2024 teremos sete, pois estou construindo mais quatro, sendo duas creches e duas escolas. As pessoas que acreditaram no desenvolvimento do Distrito e adquiriram os seus lotes – fugindo dos altos aluguéis de Palmas – hoje precisam colocar suas crianças nas escolas, além de necessitarem de postos de saúde e outros serviços públicos. 

Como já expliquei, toda essa dinâmica de crescimento foi feita pela iniciativa privada, sem “combinar” com o setor público que era o verdadeiro responsável – segundo a constituição – por fornecer esses direitos básicos aos cidadãos. Não estou aqui reclamando, uma vez que, quando resolvi ser prefeito da cidade sabia que teria que enfrentar esses desafios. Eu estou apenas pontuando que existe uma demanda para a qual o município não se preparou adequadamente. Trata-se de uma região promissora com muitas oportunidades e que tenho buscado, enquanto gestor, atender essa população da melhor maneira possível. 

Em razão de todas essas dificuldades, principalmente a distância, escolhemos como nosso vice uma pessoa querida, com vasto conhecimento dos problemas de Luzimangues. Ele tem autonomia para resolver as questões do Distrito, que é o nosso querido Joaquim.  

A cidade tem uma vocação para o agro e produz muitos grãos, como também, tem demonstrado força pecuária. Logicamente, a logística ficou prejudicada em razão das rachaduras na antiga ponte sobre o Rio Tocantins, que liga a cidade à BR-153 e à Ferrovia norte-sul. Neste momento, em que aproximadamente 70% da nova ponte está concluída, de que forma isso poderá contribuir para o desenvolvimento da economia do município?

Com toda certeza, as nossas potencialidades são indiscutíveis. Graças ao esforço do governo estadual e dos parlamentares da nossa região, a nova ponte sobre o lago do Rio Tocantins está sendo concluída. Anunciada no governo do Marcelo Miranda, teve seu impulso inicial no governo do Mauro Carlesse, que obteve um empréstimo junto ao BRB – Banco de Brasília. O governador Wanderlei Barbosa deu continuidade ao projeto e se prepara para concluir a travessia brevemente. É preciso dizer que, apesar de estar localizada no município de Porto Nacional, trata-se de uma ponte de todos os tocantinenses, porque liga todas as cidades da margem direita do rio com a rodovia Belém Brasília e com o pátio multimodal da ferrovia. Esse elo vai contribuir muito com o escoamento da produção agrícola da cidade e, também, dos municípios circunvizinhos.  

Em relação ao contexto político, baseado em todas as suas respostas até o momento, é muito natural acreditar que o Sr. é candidato à reeleição.

Sim, naturalmente, concorrerei ao cargo que ocupo. Pelo trabalho que estamos desenvolvendo nestes três anos, priorizando as necessidades do nosso município e da nossa população, estou convicto de que o sentimento das pessoas é de satisfação. 

Portanto, vejo plenamente possível uma reeleição, baseado no sentimento das pessoas. Vejo e analiso o quê reverbera na sociedade. Sinto que tenho a anuência da comunidade, pois fui contratado pela população com base no processo eleitoral, através do voto. Como funcionário do povo, sinto que produzi e entreguei um trabalho de qualidade e, consequentemente, cumpri os termos do contrato. 

Nestas circunstâncias, acreditando que é possível fazer ainda mais, no momento certo vou colocar meu nome à disposição para disputar a reeleição, uma vez que eu acredito que a avaliação do trabalho prestado é positivo.

Mas para chegar ao poder novamente é necessário uma conjuntura de grupos políticos. O Sr. os detém?

O grupo de 2020 basicamente não foi desfeito. Precisamos consolidar um detalhe aqui ou outro ali, mas estamos trabalhando para isso. Trata-se de um processo que exige diálogo, habilidade e articulação política. Fui apoiado pelo ex-deputado Paulo Mourão, pelo Senador Irajá, pelo ex-vereador e hoje vice-prefeito Joaquim do Luzimangues, como também, por várias outras lideranças importantes do nosso município, que ainda estão engajados no projeto. Naturalmente, na política é necessário abrir sempre o espaço para ouvir outros grupos políticos, agregar ainda mais em torno de um nome. Estamos fazendo isso. Entretanto, minha maior preocupação é demonstrar para a sociedade a nossa capacidade de gestão. É preciso encontrar essa sintonia, com o objetivo de fazer com que o meu nome seja um consenso no grupo. É meu desejo poder disputar a eleição com a convicção de que podemos ser vitoriosos. 

E em relação ao partido político?

Estou filiado no PSD, partido pelo qual disputei as últimas eleições e fui vitorioso. É muito natural que continue filiado. Não se pode negar que nesse período de janela partidária haja muitos convites que eu, inclusive, já recebi. No entanto, estou muito tranquilo em relação a isso, exatamente pelas razões que já pontuei, que é o fato do grupo estar basicamente fechado, com as mesmas convicções e interesses de 2020.