Tathyane Melo

O filme brasileiro “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, alcançou um marco ao atrair 1,8 milhão de espectadores nos cinemas nacionais. Em apenas um final de semana, a produção arrecadou R$ 8,9 milhões, consolidando-se como um dos maiores sucessos do cinema brasileiro em 2024. Em um mercado competitivo, dominado por estreias internacionais de grande peso, o longa reafirma a força das narrativas nacionais e o potencial das histórias brasileiras no cenário global.

Além do sucesso de bilheteria, o filme foi escolhido para representar o Brasil na corrida por uma vaga na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar de 2025. A indicação amplia a visibilidade do longa e reforça a relevância de produções nacionais no exterior.

Um filme baseado em fatos reais

“Ainda Estou Aqui” narra a trajetória de Eunice Paiva, uma mulher que enfrentou a opressão da ditadura militar brasileira após o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, em 1971. Interpretada por Fernanda Torres, Eunice transforma sua dor em força, tornando-se advogada e lutando pelo reconhecimento da morte de seu companheiro, em um período marcado pela censura e repressão.

Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, o filme explora de forma visceral a luta de Eunice e sua família, destacando temas como memória histórica, resistência e direitos humanos. 

A importância de revisitar o passado

Produções que abordam o período da ditadura militar no Brasil têm ganhado espaço no cinema nacional, e “Ainda Estou Aqui” se destaca por trazer uma perspectiva íntima e pessoal sobre o período. A história de Eunice Paiva é um testemunho da força e resiliência de indivíduos que enfrentaram o autoritarismo, resgatando memórias que permanecem relevantes para o presente.

Além disso, o filme dialoga diretamente com questões atuais, como a luta por justiça e direitos humanos, oferecendo uma reflexão sobre as feridas deixadas por regimes opressores e a importância de não esquecer o passado.

Fernanda Torres é um nome global em ascensão

A performance de Fernanda Torres em “Ainda Estou Aqui” recebeu aclamação internacional, colocando a atriz brasileira no centro das atenções na temporada de premiações. Recentemente, Torres foi destaque em uma reportagem da conceituada revista americana Vanity Fair, que celebrou sua trajetória e impacto no cinema.

Intitulada “Com ‘Ainda Estou Aqui’, ícone brasileira Fernanda Torres se torna global”, a matéria relembrou momentos marcantes da carreira da atriz, como o prêmio que conquistou em Cannes aos 20 anos, seus trabalhos na televisão e sua relação com sua mãe, Fernanda Montenegro, uma das maiores referências do teatro e cinema nacional.

Na publicação, a atuação de Fernanda foi descrita como “poderosa”, colocando-a entre as favoritas na corrida ao prêmio de Melhor Atriz, ao lado de estrelas como Nicole Kidman, Angelina Jolie e Demi Moore.

Bilheteria e impacto cultural

O desempenho de “Ainda Estou Aqui” nas bilheterias nacionais é digno de nota. No último final de semana, o longa vendeu 390 mil ingressos, superando lançamentos internacionais de grande porte, como “Wicked”, com 320 mil espectadores e “Gladiador 2”, que vendeu 316 mil ingressos..

Com esses números, a obra de Walter Salles consolidou sua posição como uma das maiores bilheterias nacionais do ano, atrás apenas de comédias populares como “Os Farofeiros 2” e “Minha Irmã e Eu”, que atraíram, respectivamente, 1,9 milhão e 2,3 milhões de espectadores.

A trajetória internacional da obra começou com força, com Fernanda Torres promovendo o filme em solo norte-americano por um mês, em busca de fortalecer sua campanha durante a temporada de premiações. Após retornar ao Brasil para as celebrações de final de ano, Fernanda se prepara para retomar a divulgação do longa nos Estados Unidos, com o objetivo de garantir uma vaga entre os indicados à maior premiação do cinema mundial.