Alvo da PF, prefeito de Palmas diz que não teve informação privilegiada; celulares foram apreendidos

30 maio 2025 às 12h10

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Alvo de busca e apreensão na manhã desta sexta-feira, 30, o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), afirmou em entrevista coletiva que a ação da Polícia Federal não tem relação com seu mandato à frente do executivo municipal e negou ter acesso privilegiado, o que resumiu em “dizem por aí”. Em declarações concedidas após a operação, o gestor negou qualquer participação em esquema de vazamento de informações sigilosas e disse estar “absolutamente inocente”.
A Operação Sisamnes chegou à sua nona fase com autorização do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), e cumpriu mandados em três endereços na Capital. Na casa do prefeito, na prefeitura da Capital e no presídio em que o sobrinho do governador, preso em março, Thiago Barbosa segue detido.
De acordo com Eduardo, os agentes da PF chegaram à sua casa por volta das 6 horas da manhã e levaram apenas os celulares dele e de familiares. “Foram muito educados, muito profissionais. Não levaram mais nada. Avaliaram documentos, abriram gavetas, mas não levaram nenhum papel, nenhum equipamento”, contou. Ele disse ainda que estava em casa, sem agenda prevista para o dia, quando os policiais chegaram com a ordem de busca assinada pelo ministro Cristiano Zanin , do Superior Tribunal Federal (STF).
A operação investiga um esquema de vazamento de informações que já envolveu magistrados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em março, uma fase da Sisamnes no Tocantins levou à prisão do advogado Thiago Barbosa, ex-assessor do Ministério Público do Tocantins (MPTO) e sobrinho do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), que não é investigado.
Questionado sobre a relação com Thiago, Eduardo admitiu ter tido uma ligação pessoal e profissional com o advogado. “Ele trabalhou comigo na Assembleia antes de se formar e tirar a OAB. Depois foi para o Ministério Público. Sempre tive muito carinho por ele, pela mãe dele, que era minha amiga e faleceu de câncer. Mas não tenho responsabilidade sobre o que ele fez”, declarou.
O prefeito rebateu ainda a suspeita de que teria tido acesso antecipado a informações sigilosas do processo. “Eu não tenho fonte no STJ. O advogado que indiquei teve acesso aos autos dentro da legalidade. E esse papo de ‘aqui vão dançar dois juízes e três advogados’ é conversa de bastidor, muitos jornalistas que estão aqui me perguntam sobre isso ou aquilo, o que sei é o que dizem por aí, todo mundo aqui em Palmas já ouviu falar. É especulação, não informação privilegiada”, disse.
Eduardo também comentou sobre as medidas cautelares aplicadas ao seu advogado, Michelangelo Cervi Corsetti, que está impedido de deixar o país e de manter contato com o prefeito. “Ele é meu advogado há mais de 10 anos. Trabalha comigo em vários processos. Como vou ficar sem advogado agora? Isso precisa ser revisto”, argumentou.
Questionado pela reportagem do Jornal Opção Tocantins durante a coletiva sobre o pedido da PF pela sua prisão e afastamento do cargo e como isso afeta sua gestão de cinco meses à frente do paço municipal, o que foi negado pelo STF e pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Eduardo fez questão de separar que a operação não teria nada a ver com sua atual gestão.
Porém, apesar de tentar separar a operação da sua atuação como prefeito, Eduardo admitiu que “tudo isso mexe com a vida pública”. Ainda assim, frisou: “Não envolve o meu mandato de prefeito. Zero envolvimento da gestão. Nem da de agora, nem das passadas. Estou tranquilo, à disposição da Justiça e confiante na verdade”, finalizou.
Diligências no presídio
O presídio onde está Thiago Barbosa de Carvalho, sobrinho do governador do estado, Wanderlei Barbosa (Republicanos), que não é alvo da operação, também foi um dos locais de busca e apreensão nesta sexta-feira.
De acordo com advogado Luiz Francisco, ouvido pelo Jornal Opção, e responsável pela defesa de Thiago, relatou não saber o teor da denúncia que levou os agentes até o presídio, mas esteve no local na manhã desta sexta-feira e conversou com um dos delegados da PF. Para o advogado, possíveis privilégios a Thiago não condizem com a atual situação do seu cliente na unidade penal.
Ele alega que Thiago recebe o mesmo tratamento que os demais presos, inclusive, andava com mãos e pés algemados dentro da unidade penal, o que foi pedido ao SFT para ser revertido. O defensor ainda aponta que até visitas familiares estavam demorando cerca de 15 dias para serem realizadas. O que o advogado pontua ainda é o cargo que Thiago ocupava de assessor do MPTO, o que, dentro de um presídio, o coloca em situação de alvo dos outros presos.