O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), nomeou nesta quinta-feira, 16, o delegado Bruno Sousa Azevedo como novo secretário de Estado da Segurança Pública (SSP). A nomeação, publicada no Diário Oficial desta quinta-feira, 16, ocorre após 19 dias de indefinição sobre quem assumiria o comando da pasta. Desde 1º de janeiro, a Secretaria vinha sendo conduzida interinamente pelo delegado Reginaldo de Menezes Brito, que continua como secretário executivo.

Bruno Sousa Azevedo é natural de Paraíso do Tocantins e integra o quadro de delegados da Polícia Civil desde 2009. Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Tocantins (Sindepol), foi reeleito em 2024 e é graduado em Direito pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), com especialização em Direito Público, assessoria governamental e combate à corrupção.

Bruno Azevedo assume a Secretaria em um cenário de desafios. A SSP estava sem comando efetivo desde a exoneração do delegado Wlademir Costa Mota Oliveira no fim de 2024, após críticas de que sua gestão não promovia diálogo entre as forças de segurança e priorizava ações midiáticas e favorecimento de delegados.

Wlademir Costa assumiu a pasta em 2021 | Foto: Washington Luís/Governo do Tocantins 

Cidade Blindada

No meio tempo entre a exoneração do antigo secretário, no dia 28 de dezembro e a nomeação atual, o Tocantins teve uma operação chamada Cidade Blindada, que envolveu diversas forças de segurança do estado, após áudios que supostamente ligados a facções criminosas circularem pela cidade incitando medo na população. Embora tenha classificado as mensagens como falsas, o governador acabou intensificando as ações policiais em Palmas. 

Insatisfação da categoria

A nomeação de Bruno Azevedo como secretário de Segurança Pública gerou insatisfação entre diversas categorias policiais, como o Sindicato dos Policiais Civis do Tocantins (Sinpol-TO) e o Sindicato dos Peritos Oficiais do Tocantins (Sindiperito-TO). As entidades criticaram a escolha de um delegado para o cargo, destacando que a gestão anterior da SSP teria privilegiado delegados com promoções e progressões, enquanto outras categorias enfrentaram falta de diálogo e precariedade nas condições de trabalho. O fato de o novo secretário ser presidente do sindicato dos delegados reforçou as preocupações sobre a manutenção desse cenário.

Uma das entidades que se manifestaram, antes mesmo da nomeação oficial do novo secretário de Segurança Pública pelo governador Wanderlei Barbosa, foi o Sinpol-TO. Em nota, o Sinpol destacou sua preocupação com a ausência de um titular na SSP desde o fim de 2024 e reforçou a necessidade de um diálogo mais amplo e inclusivo entre as forças de segurança.

“A segurança pública precisa de uma gestão que seja capaz de ouvir todas as categorias, desde delegados até agentes, peritos e escrivães. Sem isso, a sensação de desamparo entre os profissionais tende a aumentar, e quem mais sofre com isso é a população”, afirmou o sindicato na nota.

Além disso, o Sinpol também criticou a postura da gestão anterior da SSP, que, segundo eles, teria favorecido delegados com promoções e progressões, enquanto as demais categorias enfrentaram falta de diálogo e precariedade nas condições de trabalho. A entidade ressaltou que a indefinição prolongada sobre o comando da pasta compromete a articulação das políticas de segurança e a eficiência das operações no estado.

A manifestação do Sinpol ocorreu antes da nomeação de Bruno Azevedo como novo secretário, no dia 16 de janeiro. A entidade não se pronunciou oficialmente após a nomeação, mas os pontos levantados em sua nota demonstram a tensão entre as categorias policiais e a expectativa de que o novo titular promova uma gestão mais inclusiva e equilibrada.

Nota do Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Tocantins (Sinpol): 

A Diretoria do SINPOL-TO, de forma clara e sucinta, informa a todos os filiados que cumprirá todas as deliberações da Assembleia Geral e não concorda, de forma alguma, com a suposta ou possível nomeação de Bruno Azevedo para a SSP.

Entre tantos motivos, relembramos dois de extrema importância:

1- Bruno Azevedo era o presidente do Sindicato dos Delegados à época do aumento diferenciado apenas para o cargo de Delegado de Polícia, atuando contundentemente para a desvalorização salarial de todos os demais cargos da Polícia Civil.

2- Bruno Azevedo atuou direta e pessoalmente para a não concretização da lei que criaria o cargo de Oficial Investigador de Polícia, um avanço das categorias de Agente e Escrivão de Polícia.

Nesta última investida, Bruno Azevedo quase chegou às vias de fato com o atual presidente do SINPOL-TO, no plenarinho da Assembleia Legislativa, onde Bruno, demonstrando total descontrole emocional, disse, em tom ameaçador e intimidativo, a Ubiratan que não tinha medo do mesmo, fato presenciado por servidores e deputados presentes.

O presidente do SINPOL-TO descarta de pronto qualquer participação ou interferência da Senadora Dorinha nesta “trama” que busca emplacar o nome do Delegado Bruno Azevedo para o comando da pasta, e que a possível participação de Felipe Rocha tenha se dado por ser este irmão de um Delegado de Polícia, Guilherme Rocha, o qual é próximo de Bruno. Assim, o termo “indicação” não se refere a que a própria Senadora tenha feito, como não fez.

A afirmação do sindicato se deve à conversa mantida ainda pela manhã entre o presidente Ubiratan e a Senadora, onde afirmou não ter qualquer participação na suposta indicação.

“A simples conotação de que a Senadora teria feito tal indicação, tão somente por ser Felipe Rocha um dos seus apoiadores, não é o bastante para caracterizar a plena verdade”, afirmou Ubiratan.

A Diretoria do sindicato e todos os seus filiados buscam um consenso no nome que irá gerir a Secretaria de Segurança e ainda esperam que tal notícia seja algo meramente especulativo.

“Não queremos acreditar que o Governador Wanderlei Barbosa tomaria qualquer atitude que viesse a trazer instabilidade ao seu governo e na vida dos profissionais policiais civis. A nomeação do Delegado Bruno Azevedo para o comando da SSP seria a concretização de vaidades pessoais e o fim da valorização de centenas de homens e mulheres que atuam diuturnamente no combate à criminalidade no Tocantins”, concluiu o presidente Ubiratan Rebello.