Brigadistas Xerente aprendem design e produção de vídeo em projeto sobre justiça climática

No território Xerente do Cerrado, a Associação dos Brigadistas Akwe Xerente (Abix) realizou mais uma etapa do projeto “Fogo Sagrado: Comunicação e Saberes Indígenas na Prevenção e Combate aos Incêndios no Cerrado”, que une os conhecimentos tradicionais do povo Akwe ao uso de ferramentas modernas de comunicação. O projeto teve início no começo de outubro com a oficina de Design Gráfico utilizando o Canva, ministrada pelo pesquisador e designer gráfico Cristiano Viana, realizada na sede da associação, na Aldeia Cachoeirinha, em Tocantínia. 

Conforme o cronograma de formações, a Abix se prepara para receber a próxima etapa do projeto: a Oficina de Produção de Vídeo com Celular, que será realizada neste sábado e domingo, dias 1º e 2 de novembro, também na Aldeia Cachoeirinha, onde fica a base da Associação. A formação será ministrada pelo profissional de audiovisual Ramon Dias, e vai capacitar integrantes da comunidade no registro, edição e divulgação de vídeos com foco na valorização da cultura e no fortalecimento da comunicação indígena.

A Abix, criada em 2014, é composta por 72 brigadistas indígenas, sendo 29 mulheres, e tem se destacado nacionalmente por integrar técnicas modernas de combate ao fogo com o manejo tradicional e a educação ambiental. Financiado pelo Edital Raízes e Labora – Fortalecendo Soluções de Povos Indígenas, Comunidades Tradicionais e Trabalhadores(as) rumo à Justiça Climática e à Transição Justa, do Fundo Brasil de Direitos Humanos, a oficina reuniu seis participantes da comunidade Xerente que têm afinidade com a produção de conteúdo digital e o desejo de contribuir para a divulgação das ações da associação.

A presidente da Abix, Ana Shelley Rodrigues Barboza Xerente, destaca que o projeto Fogo Sagrado representa um marco no fortalecimento da comunicação comunitária indígena. “A Abix nasceu do trabalho dos nossos brigadistas, homens e mulheres Xerente que protegem o Cerrado e cuidam do nosso território com sabedoria ancestral. O projeto Fogo Sagrado vem para ampliar nossas vozes, mostrando que o combate ao fogo também passa pela comunicação. Queremos que o mundo conheça o que fazemos, nossas práticas sustentáveis e a nossa relação espiritual com o território.”

A iniciativa busca fortalecer o protagonismo indígena na preservação ambiental e na divulgação das práticas sustentáveis da comunidade. Além das oficinas de Design e Produção de Vídeo, o projeto Fogo Sagrado prevê a produção de 12 vídeos educativos, campanhas digitais sobre racismo ambiental e justiça climática, e a criação de cards informativos sobre o Cerrado e o manejo sustentável do fogo. As ações serão desenvolvidas ao longo de 12 meses, com foco na formação de jovens comunicadores indígenas e na valorização dos saberes tradicionais Xerente.