Casos de problemas respiratórios em Palmas e no Tocantins são agravados pelo tempo seco e queimadas
13 setembro 2024 às 17h31
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Com o aumento das temperaturas, queimadas e tempo seco, diversos problemas respiratórios surgem e é comum que algumas pessoas com maior sensibilidade ou que já sofram de problemas respiratórios, procurem atendimento médico. Dados mais recentes do Ministério da Saúde indicam que houve um crescimento de 191% nos casos de atendimentos no Tocantins, de sintomas relacionados com doenças respiratórias, como náuseas e vômitos, se comparado com a média histórica, desde 2022.
Já em Palmas, os dados mostram que houve um aumento significativo nas últimas semanas, se comparado com a mesma semana do ano anterior, entre os dias 1º e 7 de setembro, houve um salto de 74,85%, em atendimentos relacionados à doenças respiratórias.
Cenário na capital
Nas 34 Unidades Básicas de Saúde da Família (UBS) e nas duas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de Palmas, na semana epidemiológica 35, compreendida entre os dias 25 e 31 de agosto, foram registrados 566 atendimentos. Um aumento de 21,19% se comparado ao mesmo período de 2023, quando foram registrados 467 casos. Já a primeira semana de setembro foi ainda mais preocupante, quando foram constatadas 591 atendimentos, um aumento de 74,58%, se comparado ao mesmo período do ano anterior, quando foram feitos 338 atendimentos.
A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) ressaltou, no entanto, que esses dados refletem atendimentos gerais por problemas respiratórios, que incluem covid-19, gripe, resfriado e infecções mais graves, como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) e que esses dados podem não ser necessariamente relacionados ao tempo seco ou queimadas, apesar da coincidência dos dados.
Cenário Estadual
No âmbito estadual, os dados indicativos vem da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde. Os indicadores mostraram um aumento de 191% nos atendimentos por náuseas e vômitos, sintomas relacionados com doenças respiratórias, quando comparado com a média histórica desde 2022. Outros estados também tiveram aumento nos índices de 46% no Goiás, de 58% no Mato Grosso e de 99% no Distrito Federal.
Embora os dados sejam relacionados a vários fatores, especialistas apontam que o clima seco, a baixa umidade e a exposição à fumaça de queimadas estão intimamente ligadas a esse aumento.
A situação é tão grave que, nesta quarta, 11, o Governo Federal incluiu na Sala de Situação Nacional de Emergências, doenças relacionadas ao clima, e informações sobre queimadas, focos de incêndio e umidade do ar.
A Ministra da Saúde, Nísia Trindade, reafirmou que a situação está sendo acompanhada pela pasta: “temos feito reuniões diárias. Mas nesta reunião consideramos importante atualizar recomendações que o Ministério da Saúde vem realizando desde o início do acompanhamento desse processo das secas e, sobretudo, das queimadas”, afirmou a ministra, que também anunciou a inclusão dos dados climáticos na atenção à saúde: “a partir de hoje, diante da intensificação de focos de incêndio e previsões meteorológicas que apontam piora no quadro de seca, essas reuniões diárias resultarão sempre em informes e comunicados. Além das orientações para a população, os informes já publicados pelo Ministério trazem recomendações de ações a serem implementadas pelos profissionais de vigilância em saúde ambiental”, anunciou a ministra.
No boletim desta semana, inclusive, é ilustrado novamente que o Tocantins está em quinto lugar no ranking de estados com mais focos de incêndio. Conforme noticiado no mês de agosto, o Estado ficou em sexto lugar, com 37.222 focos de incêndio.
Impacto nas doenças pulmonares
Em entrevista exclusiva, o pneumologista Dr. Jesian Aguiar, da Clínica do Pulmão, detalhou como a combinação de fumaça, poeira e ar seco está afetando a população, especialmente aqueles com doenças pulmonares crônicas, como asma e bronquite. Segundo o especialista, a baixa umidade agrava a situação ao dificultar a troca gasosa nos pulmões e diminuir a capacidade de filtrar o ar adequadamente.
“Há uma umidade ideal para respirarmos, que é acima de 60%, mas temos registrado índices abaixo de 20% em Palmas. Isso faz com que pessoas com doenças pulmonares, mesmo em quadros leves, entrem em crises moderadas a graves. O ar seco, junto com a poeira e a fumaça das queimadas, torna a respiração difícil e prejudica a troca alveolar”, afirmou o doutor Jesian.
O pneumologista enfatizou a necessidade de ajustes nos tratamentos de pacientes com doenças respiratórias durante este período crítico. “É importante que as pessoas com doenças pulmonares procurem seus médicos para revisar a medicação e seguir algumas medidas preventivas.”
Entre as recomendações do especialista estão:
- Hidratação constante: Beber bastante água para manter o corpo hidratado.
- Evitar atividades físicas ao ar livre: Principalmente entre 9h da manhã e 5h da tarde, quando o ar está mais seco.
- Melhorar a umidade do ar em ambientes internos: Colocar toalhas molhadas ou bacias de água nos cômodos e, se possível, usar umidificadores.
- Atenção aos grupos vulneráveis: Crianças menores de dois anos e idosos são os mais afetados pelas condições do ar seco e devem ter cuidados redobrados.
Jesian finalizou com um alerta: “Todo esse cenário de baixa umidade e alta exposição à poluição torna a situação ainda mais delicada. Portanto, além dos cuidados gerais, é importante evitar a exposição desnecessária ao ar livre e manter-se sempre hidratado.”