Os incêndios que assolam a Ilha do Bananal, no Tocantins, há três meses já devastaram mais da metade da área total da ilha, afetando cerca de um milhão de hectares. Brigadistas enfrentam dificuldades no combate às chamas, especialmente nas áreas de difícil acesso, onde contam com o apoio de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), que despejam 12 mil litros de água por voo. Com a maioria dos rios e lagos secos, e  animais silvestres sendo forçados a procurar desesperadamente por água e refúgio, a situação se torna cada vez mais crítica, com muitos sendo encontrados mortos.

A Mata do Mamão, uma importante área úmida dentro da ilha, foi quase completamente destruída, com 95% de sua vegetação perdida. Equipes do Ibama, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) se concentram agora em proteger os 5 mil hectares restantes da Mata e as comunidades indígenas que vivem no sul da ilha, enquanto aguardam a chegada das chuvas.

Além da devastação ambiental, há suspeitas de que a origem dos incêndios seja criminosa, conforme indica o Ibama. A Polícia Federal foi acionada para investigar os focos. A destruição afeta também a fauna local, com animais como vacas sendo encontrados mortos e outros silvestres sem forças para fugir. 

Desde o início dos incêndios, em julho, uma força-tarefa foi formada pelos órgãos ambientais em parcerias com forças militares para combater o fogo. No entanto, os esforços têm sido prejudicados pela falta de estrutura, como a ausência de helicópteros para transportar brigadistas até áreas inacessíveis por terra. O Exército tem prestado apoio em terra, mas a operação ainda enfrenta limitações.

Os incêndios na Ilha do Bananal fazem parte de uma crise mais ampla que afeta todo o Tocantins. No último fim de semana, foram registrados 372 focos de incêndio em várias regiões, incluindo unidades de conservação como os parques estaduais do Jalapão e do Cantão. Cidades como Mateiros e Ponte Alta do Tocantins estão entre as mais afetadas. A seca extrema também agrava a situação, prejudicando ainda mais a fauna e as populações indígenas locais. O Lago Sohoky, com 48 km de extensão e o maior da ilha, está praticamente seco, afetando ainda mais a vida dos animais e das populações indígenas que habitam a região.