Atualizada 12:53

O debate sobre a política pública de atendimento a pessoas neurodivergentes no Tocantins entrou em evidência após a divulgação de uma nota de repúdio pelo coletivo SOMOS, em que acusa a superintendente da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência da SES/TO, Rosa Helena Ambrósio, conhecida como Rosa da Anjo Azul, de desrespeitar mães atípicas em um grupo de WhatsApp.

Na nota, o coletivo afirma que Rosa teria feito comentários debochados sobre uma reunião solicitada por mães atípicas que será realizada na Câmara Municipal da Capital.  O grupo considerou ofensivo o que chamou de insinuação de que “mães atípicas se mobilizam só para bater foto” e exigiu uma retratação pública por parte da Secretaria de Estado da Saúde (SES/TO) e do Governo do Tocantins.

“A gravidade da fala exige uma retratação pública urgente”, afirma a nota. O SOMOS ainda reforçou o apoio à covereadora Elba Brunno, mãe de uma adolescente atípica e integrante do coletivo, apontando que a luta das famílias não pode ser desqualificada ou ridicularizada. “Não aceitaremos silêncio nem intimidação”, finaliza o texto.

Em contato com a reportagem, a covereadora falou sobre a situação. “Acompanhei a situação. Recebi os prints e vi as mensagens no grupo aberto do qual faço parte. A superintendente Rosa Helena se manifestou publicamente no grupo, criticando o convite para uma reunião de mães atípicas na Câmara de Palmas. Considero que, enquanto gestora pública e fundadora de uma associação que luta pela causa das famílias atípicas, ela não deveria descredibilizar ou atacar iniciativas de mobilização dessas mães, ainda mais em um espaço legítimo como a Câmara Municipal, onde se debatem e constroem políticas públicas junto aos vereadores. Estou à disposição para colaborar no que precisarem”, pontuou.


A reportagem teve acesso a um dos prints que circulam nas redes sociais com a mensagem de Rosa.

Print da mensagem que a reportagem teve acesso | Foto: Reprodução

O outro lado

Em resposta, Rosa Helena Ambrósio negou as acusações e afirmou ter sido surpreendida pela nota. Segundo ela, a acusação de deboche é “leviana e falsa”. Rosa reforçou que também é mãe atípica e disse que sua crítica foi direcionada ao excesso de reuniões que, segundo ela, expõem mães vulneráveis em redes sociais, mas não geram soluções concretas.

“Lamento profundamente que inverdades estejam sendo usadas para tentar descredibilizar minha postura”, declarou. Ela também disse estar aberta ao diálogo, mas não aceita “ataques infundados”. Para a superintendente, o episódio desvia o foco do interesse real das famílias atípicas.

“Mentiras não irão me diminuir nem apagar a luta que venho construindo com verdade, coragem e amor”, completou Rosa.

SES

Diante dos relatos publicados, a reportagem procurou a SES para um posicionamento oficial por parte do governo. Os questionamentos foram se secretaria foi oficialmente comunicada sobre a nota de repúdio e que providências foram ou serão adotadas. Além disso, o jornal pediu a pasta informações se a secretaria reconhece críticas sobre a falta de resolutividade em reuniões com mães atípicas e que ações concretas estão previstas para atender essas famílias.

A SES ainda não retornou e o espaço segue aberto.

Nota do SOMOS disponível completa no Instagram do coletivo | Foto: Reprodução
Nota publicada por Rosa no seu Instagram, conteúdo completo disponível no perfil da superintendente | Foto: Reprodução