Crianças e adolescentes são os mais vulneráveis aos efeitos de ondas de calor, aponta Unicef
23 setembro 2024 às 13h10
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Com apenas duas semanas até as eleições municipais, e em meio ao calor e à fumaça, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou um novo relatório nesta segunda-feira, 23, enfatizando a importância de que os futuros prefeitos, eleitos a partir das eleições de 2024, adotem medidas para promover a resiliência climática e garantir os direitos de crianças e adolescentes.
No Brasil, cerca de 33 milhões de jovens enfrentam hoje o dobro de dias quentes em comparação com a geração de seus avós. O estudo, que compara as médias entre os anos 1970 e 2020-2024, demonstra a velocidade e a dimensão do aumento de dias extremamente quentes, definidos como aqueles com temperaturas superiores a 35ºC. Enquanto na década de 1970 o Brasil registrava em média 4,9 dias extremamente quentes por ano, esse número subiu para 26,6 na década de 2020. Além disso, as ondas de calor – períodos de três dias ou mais com temperaturas excedendo em 10% a média local – também aumentaram significativamente.
Crianças e adolescentes são os mais vulneráveis aos efeitos de ondas de calor, enchentes, secas, fumaça e outros eventos climáticos extremos. O estresse térmico causado pelo calor intenso afeta a saúde e o bem-estar, especialmente de crianças e gestantes. Esse estresse elevado pode resultar em desnutrição infantil e agravar doenças não transmissíveis, além de aumentar a suscetibilidade a infecções, como malária e dengue, que se proliferam em climas quentes.
“Os perigos relacionados ao clima para a saúde infantil são multiplicados pela maneira como afetam a segurança alimentar e hídrica, a exposição à contaminação do ar, do solo, e da água, e a infraestrutura, pois interrompem os serviços para crianças, incluindo educação, e impulsionam deslocamentos. Além disso, esses impactos são mais graves a depender das vulnerabilidades e desigualdades enfrentadas pelas crianças, de acordo com sua situação socioeconômica, gênero, raça, estado de saúde e local em que vive”, explica o especialista em mudanças climáticas da Unicef no Brasil, Danilo Moura.
Nesse cenário, a Unicef apela aos candidatos a prefeitos para que se comprometam a preparar as cidades para lidar com as mudanças climáticas, priorizando as necessidades e vulnerabilidades de meninas e meninos. “Isso inclui implementar ações para enfrentar as mudanças climáticas e adaptar serviços públicos, infraestrutura e comunidades para resistirem a seus efeitos, inclusive a eventos climáticos extremos, priorizando as necessidades e vulnerabilidades específicas de meninas e meninos. Uma ação importante é incorporar o Protocolo Nacional para Proteção Integral de Crianças e Adolescentes em Situação de Desastres aos planos do município”, destaca Danilo.
Essa pauta é uma das cinco prioridades apresentadas pela Unicef na agenda “Cidade de Direitos – Cinco prioridades para crianças e adolescentes nas Eleições 2024”, direcionada aos candidatos em todo o país.