Diluição rápida de produtos químicos no rio Tocantins reduz riscos à água potável, segundo ANA
26 dezembro 2024 às 09h21
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Após o desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, ocorrido no dia 22 de dezembro entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) coordena esforços para avaliar os possíveis impactos ambientais causados pelo acidente. Caminhões transportando pesticidas e ácido sulfúrico caíram no Rio Tocantins, levantando preocupações sobre a qualidade da água e o abastecimento na região.
Com base nas informações das cargas transportadas, a ANA avaliou a quantidade e a concentração dos pesticidas lançados na água. Produtos como Carnadine, Pique e Tractor, que possuem diferentes classificações toxicológicas, foram identificados. Embora os pesticidas tenham caído no rio, as embalagens estavam acondicionadas em pallets protegidos por microfilme, o que minimiza o risco de rompimento imediato.
Cálculos realizados apontaram que, mesmo em um cenário conservador de ruptura total das embalagens, os princípios ativos dos pesticidas seriam diluídos abaixo dos limites permitidos pela Portaria de Potabilidade do Ministério da Saúde (Portaria GM/MS 888/2021) em poucas horas. Além disso, a vazão do rio foi aumentada para 2.500 m³/s pela Usina Hidrelétrica Estreito, o que acelera a diluição.
O ácido sulfúrico transportado por um dos caminhões também gerou preocupação devido ao potencial de alteração do pH e liberação de calor durante sua diluição. No entanto, análises preliminares não identificaram mudanças significativas no pH ou na condutividade elétrica da água no local do acidente, indicando que os impactos foram mínimos.
Desde o acidente, equipes da ANA, do Ministério do Meio Ambiente, da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e da Embrapa Meio Ambiente, entre outros, realizam coletas e análises em cinco pontos ao longo de um trecho de 135 km do rio, abrangendo desde o reservatório da Usina Hidrelétrica Estreito até Imperatriz (MA). Os dados iniciais reforçam que a qualidade da água para abastecimento público não foi comprometida.
A ANA também lidera uma Sala de Crise, reunindo órgãos como o IBAMA, Defesa Civil, Ministério da Saúde e secretarias estaduais do Maranhão, Tocantins e Pará, além de concessionárias de saneamento, para monitorar os impactos nos usos múltiplos da água e discutir ações preventivas.
A avaliação das autoridades concluiu que não há captação de água para abastecimento próximo ao local do acidente, sendo o ponto mais próximo cerca de 30 km rio abaixo. Isso, aliado à capacidade de diluição do rio, garante que os parâmetros de potabilidade estão sendo atendidos.
Uma nova reunião da Sala de Crise está programada para esta quinta-feira, 26 de dezembro, às 16h. As instituições participantes continuarão avaliando os desdobramentos do acidente e promovendo as medidas necessárias para assegurar a segurança hídrica e ambiental na região.