Eduardo Siqueira: “Palmas é vítima de exclusão, de abandono e de bolsões de pobreza”
17 dezembro 2023 às 00h00
COMPARTILHAR
O pré-candidato a prefeito de Palmas, ex-deputado Eduardo Siqueira Campos (PODE), não esconde o entusiasmo com o inicio da caminhada de volta ao começo, como ele define a sua luta para voltar ao comando do Paço Municipal três décadas depois de ser eleito o primeiro prefeito da nova Capital. “Quando eu digo de volta ao começo, é porque o velho Eduardo, de 32 anos, lá de 1992, dá lugar ao novo Eduardo, o jovem Eduardo, de 64 anos, mas muito mais animado do que na minha primeira campanha, com muito mais visão de conjunto, com muito mais preparo, com muita mais serenidade e sim, muito esperançoso”, garante.
Eduardo Siqueira faz duras críticas à gestão da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB). Sem citar nomes o ex-prefeito garante que ao ser ver, a cidade passa por um momento de crise de gestão, o abandono de certas regiões, é para ele, o mais grave. “Palmas é vítima de exclusão, é vítima de abandono, é vítima de bolsões de pobreza, é vítima de prédios públicos fechados, como o Ginásio Ayrton Senna. Eu comemoro o espaço cultural em reforma, mas está fechado. O nosso grande teatro, Fernando Montenegro. Existe um CAIC ali que me incomoda muito, que eu vi nascer, está fechado. A região sul, absolutamente abandonada. Então, acho que o princípio da livre iniciativa e da justiça social, precisam novamente prevalecer nessa cidade”, defende.
O ex-deputado faz questão de destacar que sua trajetória política na convivência com o seu pai, Siqueira Campos, a atuação no Congresso Nacional, na Assembleia Legislativa o preparou para enfrentar grandes desafios na vida pública. “Eu poderia lhe dizer, de uma forma modesta, com humildade, que eu construí um patrimônio de conhecimento entre a elaboração de orçamentos públicos, seja da União, seja do Estado, seja do município, eu conheço as ferramentas de gestão, eu tenho experiência política para lidar com a Câmara, com os vereadores, eu não sou o tipo que vai se apresentar dizendo, não sou político não, eu reafirmo a minha condição de político para tomar decisões que são de natureza política”.
Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção Tocantins, concedida em seu escritório político, o ex-deputado anuncia que seu primeiro ato, caso seu eleito prefeito, será a assinatura da ordem de serviço determinando a construção do Hospital de Urgência e Emergência de Palmas, isso após assinar a reforma administrativa que inclui o retorno da prefeitura à antiga sede do Paço Municipal na Avenida Teotônio Segurado.
Meu maior desafio foi ser prefeito eleito pela oposição. Enfrentei o governo e venci a eleição
Deputado, como o sr. avalia este começo de pré-campanha? É inegável o seu entusiasmo, o que explica o tom de otimismo adotado pelo sr.?
Estamos terminando o ano, mas estamos de volta ao começo. Eu posso dizer que fui deputado federal, tendo dado já uma forte contribuição para a implantação de Palmas, mas eu posso dizer que o início da minha carreira, o teste que eu poderia fazer, e foi o meu maior desafio, foi ser um prefeito eleito pela oposição. O primeiro prefeito que recebeu de Fenelon Barbosa Salles um mandato em que ele fez toda a parte dele, fez tudo que lhe era possível, mas eu enfrentei o governo, venci a eleição. Venci a eleição, no outro dia estava na porta do Palácio [Araguaia] para mostrar ao governador [Moisés Avelino], que a eleição tinha acabado e que nós precisávamos construir Palmas.
Eu peguei Palmas com 30 mil habitantes, no segundo ano já com 45, no terceiro com 60 e terminei com 90 e tantos mil habitantes
Eu peguei uma Palmas que variou aí de 30 mil habitantes, no segundo ano já com 45, no terceiro com 60 e tantos e terminei com 90 e tantos mil habitantes. Veja que desafio, se você me perguntar se as receitas acompanharam essa evolução? Eu diria que não. A gente fez o milagre da multiplicação. Então, quando eu digo de volta ao começo, é porque o Eduardo, o velho Eduardo, de 32 anos, lá de 1992, dá lugar ao novo Eduardo, o jovem Eduardo, de 64 anos, que se for eleito vai já estar com 65, mas muito mais animado do que na minha primeira campanha, com muito mais visão de conjunto, com muito mais preparo, com muita mais serenidade e sim, muito esperançoso, porque eu encontro, vamos dizer assim, uma sustentação, um apoio não por aquilo que eu fiz, mas por aquilo que eu possa fazer. Tendo com sustentação tudo que eu juntei ao longo desses anos de convivência não apenas com meu pai [Siqueira Campos], mas com o Congresso Nacional, aqui com a Assembleia [Legislativa]. Eu poderia lhe dizer de uma forma modesta, com humildade, que eu amealhei, eu construí um patrimônio de conhecimento entre a elaboração de orçamentos públicos, seja da União, seja do Estado, seja do município. político, eu conheço as ferramentas de gestão, eu tenho experiência política para lidar com a Câmara, com os vereadores, eu não sou o tipo que vai se apresentar dizendo, não sou político não, eu reafirmo a minha condição de político para tomar decisões que são de natureza política.
Palmas é vítima de exclusão, de abandono, de bolsões de pobreza, de prédios públicos fechados, como o Ginásio Ayrton Senna
Eu penso que vivo o melhor momento da minha vida, pronto para servir à população de Palmas, para que Palmas não seja mais aquela caçulinha das capitais. Ela já é uma mulher, mas vítima do que é a mulher no Brasil hoje. Palmas é vítima de exclusão, é vítima de abandono, é vítima de bolsões de pobreza, é vítima de prédios públicos fechados, como o Ginásio Ayrton Senna. Eu comemoro o Espaço Cultural em reforma, mas está fechado. O nosso grande teatro, Fernando Montenegro. Existe um CAIC [Centro de Atendimento Integral à criança e ao Adolescente] ali que me incomoda muito, que eu vi nascer, está fechado. A região sul, absolutamente abandonada. Então, acho que o princípio da livre iniciativa e da justiça social, precisam novamente prevalecer nessa cidade.
Abandono o prédio da JK e vou para o Bosque dos Pioneiros, no meu entendimento, de onde jamais deveria ter saído
O que caracterizou a sua gestão como avançada foi o investimento na área da cultura que colocou Palmas na agenda nacional. Era uma cidade muito nova, mas já ocupava a cena nacional na área da cultura. O que o sr. considera que é o grande desafio de Palmas agora?
Bom, eu quero falar do encontro que tive com o Jaime Lerner [ex-prefeito de Curitiba -PR], dos prefeitos eleitos em 92, os de capitais, éramos três, eu, Paulo Hartung, Vitória (ES) e César Maia do Rio de Janeiro. E ensinava, o Jaime Lerner, que já se foi, de que o bom governante não tem uma prioridade, ele tem pelo menos 10 pontos sensíveis de políticas públicas a serem implementadas, que uma não prejudica a outra. Então, é um conjunto de medidas que se faz no primeiro dia, que você dá o cartão de visitas da sua administração. Mas eu posso dizer para você que o primeiro ato que eu vou assinar, depois obviamente da reforma administrativa, até para que o segundo possa ser implementado, eu assino uma reforma administrativa, dando uma nova configuração à administração, à gestão pública. Dentro disso nascem oito subprefeituras, nasce a descentralização, as dotações orçamentárias para que essas subprefeituras tenham unidades da Guarda Metropolitana, para que elas tenham unidades novas de SAMU. Palmas hoje tem três veículos do SAMU em funcionamento. Os heróis do SAMU estão fazendo milagres ali dentro. Então, Palmas precisaria de pelo menos de 10 unidades. Então, tendo assinado a reforma administrativa, sinalizado com a descentralização, eu vou dizer, este é o ato zero, que é o que implanta a nova administração e dá a ela um formato, uma formatação. Eu pretendo fazer uma simetria com o governo estadual e com o governo federal. Isso é então, eu diria, não é o primeiro ato, esta é a apresentação da administração pública para o ano de 2025, 2026, 2027, 2028, quando haverá um outro processo de escolha por parte da população. Então, assinado o ato da nova administração, que já terá um novo endereço, que será o Bosque dos Pioneiros, eu começo ali, no dia 1º de janeiro de 2025, que se o povo me der, como pré-candidato hoje, a honra de voltar a ser prefeito de Palmas, eu abandono o prédio da JK e vou para o Bosque dos Pioneiros, no meu entendimento, de onde jamais deveria ter saído. Não cabe a administração toda lá dentro, mas pode ser o gabinete do prefeito, o prédio inteiro. E ali nós teríamos toda a estrutura para dar suporte ao gabinete do prefeito, na Teotônio Segurado, onde está o HGP, onde está a Defensoria Pública, onde está o Fórum, onde está o Palácio Araguaia, onde está o Tribunal de Contas, onde está o Ministério Público Federal, Estadual, a Controladoria Geral da União, todos os grandes serviços estão na Teotônio. Quem fez essa mudança não percebeu que quebrou uma lógica na prestação de serviço que permitia ao cidadão, seja para vir ao HGP, seja para vir no Fórum de Palmas, ou seja para ir na Defensoria ou no Ministério Público. O morador com uma passagem só, estava na Teotônio, a grande avenida do serviço. A JK não tem essa destinação. Então, é a falta desse conhecimento que faz a diferença.
Ninguém pode pretender sentar na cadeira de prefeito de Palmas e deixar a cidade ser a única capital sem um hospital de urgência
Voltando aos atos que eu assinarei lá no Bosque dos Pioneiros, o primeiro de ordem prática será a Ordem de Serviço para a contratação de projeto e de licitação pública para a construção do Hospital de Urgência e Emergência da Palmas a ser implantado na região sul. Então, este é o compromisso, não é uma promessa, que eu entendo ser sine qua non. Ninguém pode pretender sentar na cadeira de prefeito de Palmas e deixar Palmas, até hoje, sendo a única capital sem um hospital de urgência e emergência. Isso é inimaginável. Imagine Goiânia sem o Hugo. Imagine Imperatriz sem o Socorrão. Mas isso é a primeira ação, assinado este ato, eu pretendo assinar o ato da reabertura dos programas sociais. E como em candidatura você não pode dar números para não parecer uma promessa, eu farei um programa social em larga escala, descentralizado, que vai pegar todos os bairros de Palmas, a começar pelos menos favorecidos, de fora para dentro, num programa que eu tenho denominado Passageiros do Futuro. E aí depois, mais na frente, a gente fala mais sobre detalhamento.
O terceiro ato é o concurso público para a guarda metropolitana, que segundo a lei federal, que situa entre 50 e 500 mil habitantes, 0,3 que pode ter uma cidade em quantitativo, em efetivo da Guarda Metropolitana, 0,3 sobre o IBGE que você falou aí em 300 mil, seriam 900, somando com os cento e poucos que estão lá, nós teremos mil guardas metropolitanos. Eu faço concurso para 900 e deixo um quadro de reserva de pelo menos outros 500 ou até mesmo de 900 se a lei o permitir. Então eu deixarei o maior quadro de reserva possível. Para que não aconteça o que aconteceu. Eu criei a Guarda, a Nilmar [Ruiz] fez um concurso e só agora a prefeita Cíntia está fazendo um. Está terminando, então, e para 50 membros. Palmas tinha 30 mil, Palmas tem 300 mil. Palmas tinha 100 guardas metropolitanos, deveria estar com mil. Eu venho para reestabelecer esta proporcionalidade e assim poder imaginar a Guarda Metropolitana presente aonde teremos as sub-prefeituras e outros locais, que ou mil membros, a gente pode imaginar que, por exemplo, no Aureny III eu possa ter 50 membros. Eu posso ter 30 no Aureny IV, eu posso ter 30 no Taquari, eu posso ter 30 em Taquaruçu, eu posso ter 10 em Buritirana, eu posso ter nas Arnos, eu posso ter no Irmã Dulce no Santa Bárbara. Então, nós podemos fazer unidades descentralizadas que farão parte do Sistema Intregado de Segurança Pública, com as câmeras dos postes, e o poder público é inacreditável, eu passando aqui esses dias vi um poste, um poste sem nenhum fio, um poste com uma placa solar, mas com duas câmeras, aquele poste está ali para multar, aquele poste está ali para ver se o IPVA está em dia. E o Poder Público não consegue colocar câmeras nos postes, principalmente de bairro a bairro, para fazer uma central, junto com a Guarda Metropolitana e com os batalhões da PM, numa sala de situação, em que o comerciante faz tranquilamente. O comerciante senta ali no caixa e ele tem uma tevezinha ali com 18 telas, que ele vê o comércio dele de todos os ângulos. O Poder Público não faz isso. Então, a descentralização com a Guarda Metropolitana, com as subprefeituras, dará uma nova dinâmica para que a gente não tenha nenhuma região abandonada.
O concurso público para médicos em Palmas está sinalizando que é um salário de R$ 3 mil. Ou seja, Palmas está abrindo mão de ter médico
Então, assinando o concurso da Guarda, eu assino o concurso para médicos, professores. Se você vai às unidades de saúde, se você vai às UPAs, você vai encontrar, vamos dizer, para cada 10 médicos, você vai encontrar dois concursados e oito de contrato. Estes profissionais estão contratados por R$ 2,8 mil e o que eles fazem a mais não contará para a aposentadoria dos mesmos. Então, Paraíso [do Tocantins] está fazendo um concurso para médicos, Porto [Nacional] e a cidades circunvizinhas estão fazendo concurso, com salários acima de 12, 14 mil. Salvo o melhor juízo, o concurso público para médicos aqui no município de Palmas está sinalizando que é um salário de R$ 3 mil. Ou seja, Palmas está abrindo mão de ter médico. Então, existe uma referência. O Conselho Federal de Medicina, indica, já que ainda não houve a conquista por parte como houve o piso da Enfermagem, o médico está em grande desvantagem hoje, nós temos que implantar o piso da Enfermagem, com tudo aquilo que foi aprovado, mas também dar o piso mínimo referenciado pelo Conselho Federal de Medicina, que é no mínimo de R$ 10 mil, não podemos ir além, para que Palmas prenda esses médicos aqui, assegure a eles condições de trabalho e este seria seguido do concurso, então nós vamos ter que fazer um concurso já, antevendo a construção do Hospital de Urgência e Emergências, vamos precisar de médicos lá dentro, nós vamos precisar de enfermeiros e técnicos de enfermagem, nós vamos precisar de agentes sociais, nós vamos precisar de fisioterapeutas, psicólogos, então eu abro um concurso para todas essas áreas, seguido de um concurso de educação, porque igualmente na saúde, você vai a uma escola, você tem dez professoras contratadas e tem outras vinte de contrato, essas de contrato, são demissíveis, ad nutum. Elas são pressionadas por alguém, um agente político, que pode ou retirá-las para dar lugar a outro, ou simplesmente porque acha que não está de acordo.
O meu secretário da educação vai sair escolhido entre um dos diretores das escolas municipais
Bom, assinados esses atos, os concursos públicos, eu já abrindo os programas sociais, como eu disse, será um dos primeiros atos, a reabertura dos programas sociais, os Passageiros do Futuro, tendo assinado os concursos dos médicos, dos técnicos de enfermagem, dos enfermeiros, e de todas as categorias que nós vamos precisar. Eu me dirijo agora às professoras e diretores de escola para dizer que o meu secretário da educação vai sair escolhido entre um dos diretores das escolas municipais. Chegou a hora das professoras, das diretoras, assistirem à posse de uma diretora que elas, de forma colegiada, vão indicar, ou se indicarem, um currículo de escolha delas todas, será o que eu escolherei. Se elas preferirem, e em votação quiserem mandar três opções, uma delas será a diretora, será a Secretária da Educação. Mas por quê? Eu quero a sincronia do prefeito com as diretoras das escolas e, por sua vez com os professores. Também desejo ver a implantação da eleição direta nas escolas, de uma forma estudada, com eles professores, com todo o corpo que faz parte do que é uma escola pública municipal, então você sabe que aí você tem que atribuir peso aos eleitores. E aí, eles de forma qualificada, de acordo com o que será ainda tratado por nós, eu pretendo ver implantada a eleição direta para os diretores de escola, dentro de critérios que não nos levem à possibilidade de não ter ali uma professora com curso de pedagogia, com todas as qualificações, são pré-requisitos que nós teremos. E aí eu anuncio a volta do Salão do Livro. Nós vamos fazer um Salão do Livro e dar a alegria aos professores estaduais de poderem participar com aquele cartãozinho de crédito que comprava um livro dos professores. Nós vamos ter de novo as palestras importantes, nós vamos discutir com eles quem serão os palestrantes convidados, mas nós vamos ter a beleza do Salão do Livro trazendo de novo brilho e protagonismo para o espaço cultural de Palmas. Então, eu espero, no mês de julho, estar abrindo a primeira edição da feira do livro.
Nós falamos da área da saúde, lógico que as UPAs precisam, não só de reforma e de ampliação, mas de mudar algumas UPAs de categoria e construir talvez outras. Dentro dessas UPAs, obviamente, o médico não pode ficar lá sem as condições de trabalho, mas não pode também a população ficar sem o médico e sem o remédio. Então, a possibilidade de haver uma UPA sem médico e sem remédio é zero, sendo que a gente tem hoje a modernidade da ferramenta, que o secretário da saúde tem condição de estar vendo diretamente aquela UPA, de saber o que está ali acontecendo. Eu não tenho dúvidas que nós usaremos as ferramentas e a tecnologia para que a administração numa sala de situação possa ver a tela da segurança pública, a tela da educação, a tela da saúde, sempre com o prefeito podendo acompanhar o que acontece e cada secretário da sua área. Então aí nós avançamos, já temos o conceito da segurança pública, nós temos o conceito nos programas sociais, nós temos o conceito da saúde, da administração descentralizada e aí eu penso que este é um conjunto que depois nós vamos partir para outras políticas públicas.
Eu quero ter a UMA [Universidade da Maturidade] dentro do conselho das políticas públicas para a terceira idade
Uma visita que eu faço a uma entidade que não recebe um centavo público e que mantém 60 idosos. Eles não têm comorbidades. Eles querem um espaço de convivência. Eles não têm mais filhos que possam cuidar deles. E eles não podem ficar sozinhos em casa. Então eles vão pra lá, eles têm tudo. Mas eles têm tudo por quê? Porque tem alguém fazendo isso sozinho. Então, além de fazer parceria com todos os centros que estejam dedicados às políticas públicas para a terceira idade, a prefeitura também pretende construir três grandes centros, norte, sul e aqui no centro, para atender as demandas dessas pessoas, que muitas vezes tem um pai ou uma mãe que foi vítima de um AVC ou que requer algum tipo de cuidado, que o pai e a mãe, o filho e a mulher trabalham e que aquele idoso fica sozinho e ele tem que contratar uma pessoa. Ora não é uma política cabível, olha o exemplo da UMA [Universidade da Maturidade, ligada à Universidade Federal do Tocantins – UFT], o Tocantins é exemplo nacional com a UMA. Eu saúdo o senador Eduardo Gomes [PL], a dona Gilda e todas as mulheres que estão à frente hoje do projeto da UMA para dizer que eu quero ter a UMA dentro do conselho das políticas públicas para a terceira idade.
Então, de uma forma global, o nosso primeiro dia, se não estiver resolvido o problema do transporte coletivo urbano, eu farei um chamamento público para pelo menos três empresas. Tendo em vista o interesse público, nós podemos fazer um contrato emergencial, nós podemos fazer um termo de ajuste de conduta com o Ministério Público. A prefeitura tem que oferecer um serviço de qualidade, mas na minha concepção, eu vou lhe dar um exemplo de São Caetano do Sul, eles têm a tarifa zero. Mas é o município que executa? Não. Ela fez uma concorrência, eu posso dar o nome da empresa, chama-se Padre Eustáquio, é o nome da empresa que venceu o certame em São Caetano do Sul e lá é política zero, a tarifa é zero. Vamos explicar: a Prefeitura abriu o chamamento público, aquela empresa ganhou, trouxe os ônibus com ar condicionado, ficou na obrigação de fazer banheiros decentes nos pontos de ônibus, de climatizar nos ônibus, os pontos, de ter ali vidros para proteger do vento e da chuva quando houver, e ar-condicionado quando couber, e aí você diz, mas e o preço da tarifa? No caso de São Caetano, eles contrataram a empresa pública, e a empresa disse, olha, para oferecer isso tudo, a passagem custa R$ 7,00 o município deu o subsídio e pagou inteiro.
Aqui em Palmas não vai ser assim. Aqui em Palmas a passagem está R$3,80 e se na exigência que eu fizer ela chegar a R$7,80 o subsídio será de R$4,00, porque é mais barato entregar o serviço para quem tem excelência para quem tem capacidade e gastar R$4,00, do contrário de tentar gerir uma coisa que não são carreiras típicas de estado, motorista de ônibus, mecânico, garagem, oficina, pisca-pisca, lona de freio, pneu, graxa, isso é para uma empresa privada, e aí tem gente que defende um modelo totalmente estatizado, totalmente gerido pelo município, olha o que está acontecendo, quantos anos vão fazer o passageiro sofrer para dizer que o prefeito vai assumir, não, eu vou é conceder para quem sabe fazer, eu vou discutir o subsídio, porque infelizmente é ruim, se eu te disser, se você tem ali um restaurante, que tem um banheiro e você estiver precisando de um banheiro, e ali tiver um banheiro público, você vai correr para o restaurante, porque o banheiro público lembra o que? Falta de papel higiênico, cheiro de urina, cheiro de fezes, falta de descarga, esculhambação, esse é o nome que se dá. Infelizmente, as coisas públicas são geridas dessa forma. Então, para que é que nós vamos inventar este ônibus público, esta garagem pública, este funcionário público motorista, sendo que a gente pode, no meu entendimento, o poder público tem que focar em saúde, educação, existência social, políticas públicas de inclusão social, programas sociais, como eu disse, educação, saúde, ali está o foco da administração. Ônibus é serviço concedido. Vou além, os restaurantes comunitários. Será que não perceberam ainda que o pior negócio do município é montar um restaurante comunitário? Botar lá funcionários, que também a carreira não é uma carreira típica de estado, e aí tem que ver a compra dos alimentos, tem que ter o manejo, o processamento. Será que não é melhor escolher aí 30 restaurantes da cidade? E o mesmo R$3,00 que a pessoa come ali é subsidiado, porque o PF custa na cidade hoje R$18,00, se você conversar com o proprietário e chegar a R$15,00, o Poder Público, subsidir R$ 12,00 para chegar nos R$15,00 do PF, e aí você tem a hidratação da economia dos pequenos restaurantes nos bairros funcionando. Dá para compreender que é muito melhor do que o Poder Público ir gastar na construção, na reforma, na manutenção de um restaurante comunitário, sendo que tem o dono do restaurante que entende disso, sabe, ele faz a comida boa, ele faz para concorrer, e aí ele pode ter na prefeitura um grande parceiro e as pessoas podem ter nos seus bairros, onde mora o restaurante comunitário. Agora, lógico, em uma medida que o município possa fazer.
Eu acho que qualquer um que dispute um cargo público. Eu não desejo ser oposição ao governo do Estado
Ao se filiar ao Podemos o sr. automaticamente já se define claramente como uma candidatura de oposição, ou necessariamente ainda não é essa leitura, isso se define na construção de um projeto político?
É uma verdade. Eu acho que qualquer um que dispute um cargo público. Eu não desejo ser oposição ao governo do Estado. Eu não terei que ser oposição à atual prefeita que o mandato dela terá acabado. Eu recolho em relação à gestão dela o sentimento da população. Nada contra ela, tudo em favor da população. Então, em relação ao governador, quem ocupar a cadeira de prefeito tem que entender que o governador tem seu colégio eleitoral em Palmas. Que o governador está aprovado por mais de 80% da população. Então, o que eu tenho que buscar? Ora, ele tem um partido político. Aqui é o colégio eleitoral dele. É óbvio que eu não vou lá incomodar o governador para pedir para que o Republicanos abra mão da sua candidata eleitoral própria e me apoie, que o governador me apoie. Não, não é isso. Para o governador eu digo, se eleito for, minha primeira audiência será o pedido a ele, no dia que ele conceder. Eu pretendo levar os vereadores, todos os vereadores eleitos à presença do governador. Mas isso é na perspectiva de uma vitória. Na perspectiva de uma campanha, mesmo estando num partido, vamos dizer assim, que não concorreu ao lado do governador, o Podemos, comandado brilhantemente pelo deputado Tiago Dimas, eu quero que você encontre uma única entrevista do deputado Tiago Dimas atacando a honra do governador ou atacando a figura dele. Isso não existe. Araguaína é Araguaína, Palmas é Palmas, Porto é Porto. O deputado Thiago tem sinalizado que cada cidade, principalmente a metropolitana, dirija os seus destinos de acordo com a visão daquilo que será a nossa administração. Então, a eleição de 2022, ela passou. O que nós precisamos construir agora é a eleição municipal. E aí eu digo para você, eu não estarei na briga entre lulistas ou bolsonaristas, porque eu pretendo representar a cidade, os meus valores pessoais, todos sabem, as pessoas sabem qual é o meu posicionamento em relação a esses temas, mas isso tudo é coisa de legislação federal, a grande maioria dos temas que divide a população são temas de legislação federal que não estão em jogo, agora não é hora da candidatura da presidência da República, então a população de Palmas tem que enxergar o cidadão e encontrar nele a experiência, o equilíbrio, a sabedoria, a capacidade de ouvir, a capacidade de não estar preso ao prédio público, ainda mais em local inadequado, mas a visitação aos bairros, de ter as subprefeituras afinadas.
Não vejo uma única razão, eu tendo sido eleitor do governador Wanderlei Barbosa, para que ele me veja como candidato de oposição
Então, politicamente falando, eu parto de um princípio de construção, em primeiro lugar, que eu comecei do zero. Tive a honra de pegar o Podemos, vou construí-lo com campanhas representativas de todos os segmentos, vamos formar uma chapa onde ninguém vai ter seu tapete puxado, vamos definir, vamos chegar ao mês de março com as candidaturas definidas, ninguém vai para a convenção descobrir se é candidato ou não no dia, nós teremos um debate anterior. E a partir daí, eu lhe digo, não vejo uma única razão, eu tendo sido eleitor do governador Wanderlei Barbosa, para que ele me veja como candidato de oposição a ele? Não vejo razões pra isso. O PL tem a sua candidatura própria, talvez essa que tenha disputado com ele, essa pode ser, se fosse para rotular alguém de oposição, você obrigatoriamente, para ser coerente, você teria que dizer, olha, o PL disputou a eleição contra o governador, terá candidato próprio e talvez essa seja uma candidatura que seja de oposição ao governador, não a minha, que votei nele, que votei na professora Dorinha, isso são coisas claras, o vídeo que Siqueira Campos gravou, em apoio ao governador Wanderlei Barbosa, fui eu que peguei, fui eu o cinegrafista, então se eu fiz isso, será que eu vou ser entendido como um candidato de oposição? Não, eu tenho uma boa convivência com a família inteira, com o Marilon [Barbosa], com o Goiany [Barbosa}, com o Salomão [Barbosa], com a Roberta [Barbosa], eu escolhi isso desde jovenzinhos todos, nós fomos jovens naquele momento. É aí que entra a experiência do Eduardo de 64 anos, de um governador que é pelo menos 7 ou 8 anos mais novo que eu, de um pai dele que é um pouco mais velho do que eu, mas entre nós existe respeito, existem laços. Se problemas existiram, eu digo, os males da pouca idade o tempo cura. Vou repetir, os males da pouca idade, os arroubos, às vezes a vaidade, às vezes o brilho em excesso, aquela administração brilhante que nós tivemos, aquilo às vezes ofusca e afasta certas pessoas que não se sentiram incluídas nesse processo. Hoje eu tenho clareza ao enxergar que eu preciso de uma reconstrução com segmentos mais antigos, que inclusive são originários da própria União do Tocantins. E que a gente não precisa mais ter aquelas barreiras que eram bipartidarismo, os contras e os a favor. Hoje nós temos que jogar tudo em favor da sociedade. A construção partidária nossa, ela vai partir de um princípio que não terá dificuldades. Não fui eu e nem sou eu que xingo a prefeita, que ataca a honra da prefeita, de forma alguma jamais faria isso. Esse papel não é meu nessa eleição. Eu quero assegurar aos funcionários públicos que tudo que a prefeita fez e construiu de benefício para o funcionalismo público e talvez ela esteja na história como a melhor prefeita para os funcionários públicos. Isso está mantido e será mantido e será aprimorado. Agora, nós temos que ver que fora dos funcionários públicos existe uma população de mais de 300 mil pessoas na esperança e na expectativa de mudança.
Eu tenho qualquer compromisso com um sistema de transporte coletivo que, a meu ver, está equivocado
Eu tenho que ser claro. Eu não, de forma alguma, tenho qualquer compromisso com um sistema de transporte coletivo que, a meu ver, está equivocado; com um sistema de saúde que está falho, com a forma de me apresentar à população, que é a minha última imagem como prefeito, é eu de moto visitando as obras. Eu vou visitar, eu vou estar lá de novo, mas aí eu já teria a subprefeitura funcionando, os vereadores em sintonia e uma gestão equilibrada, descentralizada e próxima da população. Nós não teremos mais uma região sul se sentindo como o Norte de Goiás. O abandono Norte de Goiás que fez nascer o Tocantins, daqui a pouquinho vai ter gente gritando pela emancipação da região sul. Deixa Palmas aqui e quem está governando de costa para Palmas não está entendendo que lá é o nosso Norte de Goiás de ontem. A região sul é um abandono só. Eles se sentem assim, não são palavras minhas, são palavras dos moradores. E eu represento. Por isso é que o Podemos está com a sua sede lá no Jardim Aureny III. Nossa sede será o único partido na história política de Palmas e Tocantins cuja sede será na região sul. E me deu o deputado Tiago Dimas a autorização para fazer lá o diretório regional e metropolitano. Lá nós temos espaço para reunião, temos um belo espaço no coração do Jardim Aureny III. Aureny III, é uma cidade que se estivesse hoje emancipada, estaria entre as 15 maiores cidades do Tocantins. Então veja o que é Palmas. Nós não temos, se você vai em municípios pequeninos, tem uma bela sede de prefeitura, tem uma sede de câmara municipal, e Palmas não tem isso. Aqui não tem nenhum pronto-socorro infantil. Então nós temos que refazer a vida da administração em relação à região sul.
Seria extraordinário se o governador enxergasse que eu sou o melhor candidato a prefeito de Palmas
De onde o sr. acha que veio esse apoio popular que pelo visto o surpreendeu?
Como tudo em mim é sempre um pouco de música e de poesia, de literatura, eu busquei, em “Vidas Secas”, aquele abandono em que o cidadão Ricardo e Sinhá Vitória decidiram não dar nome aos filhos. Dar nome pra quê, se não vai virar cidadão? Então existe muita criança sem nome, sem sobrenome nessa cidade. Então aí vem não de Graciliano Ramos, mas de Gonzaguinha, eu vou buscar pra você a resposta pra essa última pergunta. Se você pesquisar a música “De Volta ao Começo”, ele diz assim, é como se eu descobrisse que a força esteve o tempo todo em mim. E aí ele diz, de volta ao começo, no fundo do fim, de volta ao começo. E assim recomeço minha trajetória para a Prefeitura de Palmas. A força sempre esteve em mim. Bastou eu precisar ir buscá-la. Não a encontrei, talvez em grupos políticos, em sede de poder, mas descobri aonde é o melhor lugar, que ninguém lhe toma, com o povo. Então, uma candidatura que nasce com o apoio popular, não precisa estar na porta, ou do Palácio, nem da Prefeitura, com todo o respeito às duas estruturas. Seria extraordinário se o governador enxergasse que eu sou o melhor candidato a prefeito de Palmas. Mas aí é um sentimento meu e de grande parte da população que a gente tem que respeitar o governador com seu partido, com seus companheiros, com a sua própria visão, mas como eu disse, tem gente esperando um aceno da prefeitura, com todo o respeito. Eu estaria, vamos dizer assim, mostrando uma vulnerabilidade para o meu eleitor que eu não tenho. Tudo que eu arrumar para acrescentar será bem-vindo. Política você faz com somatório de votos. Mas como eu disse, não tem nenhuma maneira de ganhar antes de 6 de outubro. Já 6 de outubro, às 17h as urnas estão fechadas. Aí dá aquele silêncio e às 18h começa a pipocar as urnas.
Eu já vivi isso. Eu estou com o sentimento de que isso vai acontecer. Então, com essa serenidade, que eu cito o poeta Gonzaguinha, filho de Luiz Gonzaga, que na música, “De Volta ao Começo” ele diz que é como se eu descobrisse que a força sempre esteve aqui em mim. E que de volta ao começo, no fim, é um novo começo. Eu estou fechando o ano com uma alegria imensa de enxergar no centenário de Dona Aureny Siqueira Campos, que ela nasceu em 1924, em 2024, nós estaremos comemorando os 100 anos de Dona Aureny. É de lá e é deste conceito, de quem criou a ação social nesse Estado, maior do que todas as obras de Siqueira Campos, foi a obra social, ali naquele momento simbolizado nos pioneiros ameríndios. Palmas terá o seu momento de reabrir prédios públicos que estão fechados. De volta ao começo, a prefeitura volta ao Bosque dos Pioneiros. De volta ao começo, a prefeitura volta a ter programas sociais e a construir, como eu construí as escolas, a empreender, mas agora de uma forma descentralizada, com parcerias e com o apoio daquilo que eu não tive. Não havia internet, não havia inteligência artificial, não havia conectividade. Hoje nós vamos estar todos conectados nesse sentimento.