Ex-governador Mauro Carlesse tem o quarto pedido de liberdade negado pela Justiça
20 dezembro 2024 às 09h43
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A Justiça do Tocantins negou, pela quarta vez, o pedido de liberdade provisória para o ex-governador Mauro Carlesse (Agir), que está preso preventivamente sob acusação de planejar uma fuga internacional. A decisão foi proferida pelo juiz Márcio Soares da Cunha, da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO), e manteve a pena de reclusão com base nos elementos apresentados pela investigação.
Carlesse foi preso no dia 15 de dezembro, em uma fazenda localizada na região sul do estado, durante operação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual (MPTO). De acordo com as investigações, os planos de fuga incluíam destinos como Uruguai e Itália. Carlesse já possuía passaporte italiano, cidadania e até um contrato de aluguel de uma casa em um vilarejo na Itália. O sobrinho do ex-governador, Claudinei Quaresemin, apontado como articulador do plano, também teve a prisão preventiva decretada e foi preso na mesma semana que Carlesse.
Na decisão, o juiz Márcio Soares destacou que o risco de fuga segue fundamentado por diversos indícios, como o envio de documentos para o Uruguai, a obtenção de residência permanente no país e o contrato de aluguel na Itália. “Sendo assim, os argumentos do MP e os documentos anexados reforçam a necessidade de manutenção da prisão preventiva”, afirmou o magistrado.
Além disso, o juiz desconsiderou a justificativa de Carlesse de que os documentos eram para fins comerciais, afirmando que não há provas que sustentem essa versão.
O advogado de defesa, Sandro Armando, reafirmou que considera a prisão “descabida e desproporcional” e informou que continuará recorrendo.
Negativas anteriores
O pedido mais recente se soma a outras três negativas de habeas corpus emitidas desde a prisão de Carlesse, no dia 15. Os primeiros dois pedidos foram negados pelos desembargadores João Rigo Guimarães e Eurípedes Lamounier, e o terceiro foi novamente indeferido pela 1ª Câmara Criminal.
Histórico
Carlesse, que foi governador do Tocantins entre 2018 e 2021, responde a diversas ações penais e investigações relacionadas a desvios de recursos públicos, fraudes em licitações e corrupção. Ele renunciou ao cargo em 2021 após ser afastado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por suspeitas de envolvimento em um esquema de propinas e interferência política na Polícia Civil.
As investigações mais recentes apontaram que Carlesse estava articulando um plano para sair do país, com a ajuda do sobrinho. Entre os indícios, destacam-se uma identidade uruguaia expedida em 2024 e o aluguel de um imóvel na Itália por €1.500, além de tentativas de envio de recursos ao exterior.
Com a negativa do quarto pedido, Carlesse permanece detido enquanto as investigações seguem em curso.