O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Tocantins (MPTO) deflagrou, nesta terça-feira, 5, com apoio da Polícia Civil, a Operação Ruach, que investiga supostas irregularidades na aquisição de respiradores mecânicos, em Gurupi, durante a pandemia de Covid-19.

A operação cumpre 17 mandados de busca e apreensão em residências e nas sedes das três empresas investigadas. O Gaeco lançou luz sobre um esquema de corrupção envolvendo a compra de respiradores mecânicos pelas prefeituras de Tocantins, em especial a de Gurupi, durante a pandemia de Covid-19.

As investigações apontam que os respiradores foram adquiridos sem licitação e com valores acima dos praticados pelo mercado, sob a justificativa de urgência para ampliação dos leitos de suporte ventilatório na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). No entanto, os equipamentos nunca foram instalados na UPA e ficaram em desuso, aguardando a instalação de uma rede de gás necessária para seu funcionamento. Meses depois, sem a instalação da rede de gás, os respiradores foram transferidos para o Hospital Regional de Gurupi, onde também permaneceram sem uso.

Entre os investigados está Antônio Pakalolo, secretário de Saúde da gestão do ex-prefeito Laurez Moreira, atual vice-governador do Tocantins. Atualmente, o ex-gestor é Diretor Regional de Ensino em Gurupi.

O Gaeco investiga crimes de fraude à licitação, organização criminosa e desvio de verba pública. Ex-gestores públicos de Gurupi, servidores públicos e empresários estão entre os investigados, suspeitos de promover o desvio de recursos públicos municipais por meio de contratação superfaturada.

A operação, denominada Ruach – palavra hebraica para “vento”, “sopro” ou “respiração” –, foi deflagrada com o cumprimento de 17 mandados de busca e apreensão em residências e na sede de três empresas nas cidades de Palmas, Gurupi, Porto Nacional e Nerópolis (GO). Cerca de 40 pessoas, incluindo membros do Gaeco, delegados e agentes da Polícia Civil, participaram da ação.

A Prefeitura de Gurupi, por meio de nota, informou que os fatos investigados são relativos à gestão anterior e que está colaborando com as investigações, disponibilizando todas as informações solicitadas.

Já a Unirg informou que quando assumiu a UPA, não havia nenhum processo licitatório relacionado a aquisição dos respiradores.Segundo a instituição, os equipamentos estavam guardados na Unidade de Saúde e foram retirados para um depósito da Fundação UnirG, que oferece mais segurança, “enquanto realizamos uma reforma no prédio da UPA, com intuito de melhorar o atendimento e gerar mais conforto para a população”, diz a nota.

De acordo com a universidade, a Polícia Civil esteve na UnirG apenas para conferir a existência desses equipamentos que foram apresentados aos policiais. “A Fundação UnirG se coloca à disposição para quaisquer esclarecimentos e informa que continuará sempre contribuindo para o sucesso das investigações”, finaliza a nota.