O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou nesta segunda, 30, que deverá pedir o bloqueio de cerca de 600 sites de apostas esportivas (bets) no Brasil. O bloqueio será feito pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Haddad também falou sobre o uso do benefício do Bolsa Família em sites e aplicativos de apostas, como as bets e o “Jogo do Tigrinho”. Ele salientou que o uso do dinheiro não deve ser feito com a finalidade de realizar apostas e que essa prática pode resultar na suspensão do auxílio. 

O ministro também alertou para os apostadores em bets que ainda não estão regulamentadas, que retirem seu dinheiro imediatamente, para evitar prejuízos. Nas redes sociais, quem se manifestou foi o deputado federal Ricardo Ayres (Repu) que disse que está recolhendo assinaturas para uma “CPI das Bets”. 

Postagem de Ricardo Ayres, na rede social Threads, deputado disse estar coletando assinaturas para uma CPI | Redes Sociais

Aprovada desde 2018, pelo então presidente da República, Michel Temer, a lei 13.756/18 foi alterada pelo presidente Lula (PT), estabelecendo critérios de tributação e registro de receitas e despesas no Ministério da Fazenda, que também será responsável pelo monitoramento e fiscalização da atividade digital nas plataformas. A regulamentação ainda introduziu uma alíquota de 15% de Imposto de Renda sobre o lucro líquido dos prêmios e distribuição das receitas advindas das apostas para áreas como esporte (36%), turismo (28%), seguridade social (10%), educação (10%), entre outras. 

A lei que regulamenta as bets foi aprovada após pressão do Congresso, que veio por meio de um grupo de 12 parlamentares, apelidados de “bancada das bets”, em que figura o nome do senador Irajá Abreu (PSD). Desde que foi sancionada, em 2023, com a regulamentação do setor, foram identificados diversos problemas, entre eles, o aumento no índice de endividamento. Segundo estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC), quase 1,3 milhão de brasileiros ficaram com o nome sujo no primeiro semestre do ano, por causa de apostas online. 

O senador Irajá começou a aparecer entre os nomes da “bancada das bets” depois de ser o relator do projeto de lei dos “Jogos de Azar”, que autoriza cassinos, bingos e apostas de corrida de cavalos. O parlamentar foi designado para fazer a relatoria do projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado em novembro de 2023. No dia 12 de junho, com mais de 30 emendas acrescidas ao projeto original, ele aprovou o texto. No dia 19, com 14 votos favoráveis, a proposta foi aprovada pela CCJ. O projeto ainda aguarda ser pautado na plenária do Senado. 

Os dados do Ministério da Fazenda mostraram que 5 milhões dos apostadores de Bets são beneficiários do Bolsa Família e já gastaram mais de R$3 bilhões nessas apostas. Embasado nesses dados, a CNC requisitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), pedido que também foi feito pelo partido Solidariedade, que destacou que em menos de um ano a norma contestada já gerou o superendividamento de milhares de famílias: “é importante destacar que, em menos de um ano de vigência, a norma ora contestada, conforme demonstram estudos e relatórios, já tem gerado prejuízos consideráveis à economia doméstica, além de afetar a saúde mental dos apostadores e seus familiares”, disse o partido em seu pedido. 

Diante desses pedidos, o ministro Luiz Fux, do STF, convocou para o dia 11 de novembro uma audiência pública, em que será discutida a constitucionalidade da Lei das Apostas Esportivas Online.