Internada há 20 dias, idosa é anestesiada e não faz cirurgia por falta de material no Hospital Geral de Palmas
09 janeiro 2025 às 14h29
COMPARTILHAR
A aposentada Marinalva Araújo Costa, de 70 anos, está internada na Unidade de Internação Rápida (UIR) do Hospital Geral de Palmas (HGP) desde o dia 28 de dezembro para realizar uma cirurgia no braço esquerdo. Ela sofreu um acidente de carro e fraturou o cotovelo. A neta de Marinalva, Karol Assunção, contou ao Jornal Opção Tocantins que a família tem se revezado para cuidar da idosa.
Ela afirma que, todos os dias, a equipe médica dava um prazo diferente para a cirurgia de Marinalva. Na última segunda-feira, 6, conforme Karol, a paciente foi colocada pelas equipes do hospital na dieta zero para fazer a cirurgia e não realizaram o procedimento por falta de material. Na terça-feira, 7, novamente, Marinalva foi colocada sob dieta para realizar a cirurgia, chegou a ser anestesiada e o procedimento novamente não foi realizado por falta de insumos.
“Como que eles levaram pro centro cirúrgico e anestesiaram uma idosa de 70 anos sem ter material para a cirurgia?”, questionou a neta de Marinalva. Segundo Karol, a avó fez todos os exames para estar apta para a cirurgia ortopédica. “Ela fez raio-x, ressonância magnética, exames de risco cirúrgico, passou pelo cardiologista e chegou a ir para a mesa de cirurgia”, explicou.
Karol relatou que mesmo após a família dela ter ido ao Ministério Público do Tocantins (MPTO) a situação não foi resolvida. “Mesmo com a visita de um promotor, até agora ninguém falou nada sobre a cirurgia. A minha avó está exausta e não aguenta mais ficar aqui. Sem contar que por ser idosa, há maior risco de contrair infecção hospitalar e ter outras complicações”, lamenta Karol.
O Jornal Opção Tocantins questionou a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) sobre o caso e aguarda um retorno.
Por e-mail, o MPTO encaminhou a seguinte nota:
Durante inspeção de rotina ao HGP, realizada na quarta-feira, 8, o promotor de Justiça Thiago Ribeiro conheceu o caso da referida paciente e orientou seus familiares a acionarem formalmente o Ministério Público do Tocantins (MPTO), para a garantia da assistência de saúde adequada.
Ainda na quarta-feira, 8, um familiar da paciente esteve no MPTO e registrou reclamação junto à 19ª Promotoria de Justiça da Capital. Porém, não foi apresentado laudo médico contendo quadro clínico e classificação de risco da paciente.
Diante disso, um procedimento administrativo foi imediatamente instaurado e a Secretaria Estadual de Saúde (SES) foi acionada, para que preste informações sobre o caso. O prazo para resposta, por parte da SES, é de cinco dias.
O Núcleo de Apoio Técnico do Poder Judiciário (NAT-Jus) também foi acionado, para que avalie o caso da paciente.