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Justiça
Defesa de Eduardo Siqueira aguarda análise de habeas corpus no STF: “Processo está concluso ao ministro”, diz advogado

Advogado Juvenal Klayber disseque o caso já está "nas mãos" do ministro Cristiano Zanin, relator da Operação Sisamnes no STF

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Bastidores
Manifestação em apoio a Eduardo Siqueira é cancelada para evitar associação com ato pró-Bolsonaro em São Paulo

Segundo os organizadores, a decisão foi tomada após a confirmação de uma manifestação em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista

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Continuidade
“Palmas não pode parar”, afirma prefeito em exercício Carlos Velozo após afastamento de Eduardo Siqueira

Vice-prefeito garante continuidade dos serviços e estabilidade na administração municipal

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Entrevista da semana
Dorinha: “Sou pré-candidata ao governo do Tocantins e quero contar com o apoio do governador e de todas as lideranças políticas de nosso Estado”

Em entrevista exclusiva à diretora e editora do Jornal Opção, Patricia Moraes Machado, a senadora Professora Dorinha Seabra (UB) confirma seu projeto de disputar o governo do Tocantins e destaca a importância de manter coesa a base política atualmente representada pelo governador, para a construção de um projeto em prol do Estado.

A senadora também ressalta sua capacidade de debater com respeito às opiniões divergentes, evitando rupturas irreversíveis. Mesmo tendo a educação como sua paixão, Professora Dorinha demonstra, nesta entrevista, transitar com amplo conhecimento por diversos temas de interesse do Tocantins e do país.

Com posições claras, ela fala sobre a venda de ações da Energisa, violência contra a mulher, Fundeb, cotas sociais, Matopiba, e ainda reconhece o senador Eduardo Gomes como aliado histórico e o prefeito Eduardo Siqueira Campos como um experiente articulador político.

O seu partido União Brasil definiu que pretende conquistar mais dez novas cadeiras no Senado Federal. Com pretende equacionar essa meta no Tocantins?

No Tocantins, temos mais pré-candidatos ao Senado do que ao governo. Normalmente, a disputa pelo Senado já é acirrada, e a competitividade aumenta ainda mais quando há duas vagas em aberto, como no próximo pleito. Pela Federação União Progressista (UPB), temos dois pré-candidatos em atuação: o deputado Carlos Gaguim e o deputado Vicentinho Júnior. Por isso, precisamos definir qual será o critério de escolha, de modo que o outro tenha tempo e condições de retomar sua base eleitoral e disputar a reeleição para deputado federal. Essa é uma preocupação de grupo: a ideia é não deixar nenhum colega sem mandato.

Quanto à meta de eleger mais dez senadores, ela se aplica ao partido em todo o Brasil. Até porque, como mencionei, minha chapa já inicia o debate com dois nomes fortes para a disputa. E, caso eu seja eleita governadora, minha suplente também será do União Brasil, ou seja, não perderíamos nenhuma vaga.

A Federação União Progressista tem uma preocupação de grupo, que é não deixar nenhum colega sem mandato

Como a Federação União Progressista interfere no seu projeto para 2026?

É lógico que a União Progressista dá um corpo de fortalecimento. Passamos a ser o maior partido, com maior estrutura eleitoral, maior fundo eleitoral e maior tempo de TV para mostrar nosso projeto e trabalho. Além das prefeituras, que o União Brasil tinha 37 e o PP, 15. Numericamente, estamos próximos ao Republicanos, com 56 prefeituras. Mas, em relação a votos, passamos e muito o Republicanos, que é um grande partido. O PL tem apenas 3 municípios. Todas essas questões fortalecem uma candidatura que passa a ter um potencial significativo de voto. Além de outros partidos que, certamente, irão estar conosco.

Hoje, a maior expectativa política no Estado é em relação a saída ou não do governador Wanderlei Barbosa do governo em abril para disputar o Senado. A sua decisão para entrar na disputa ao governo também passa por essa decisão do governador?

Não, são assuntos diferentes. Agora, lógico, eu estou na base política do governador. E como o próprio governador disse, ele quer estar com a base unida, e que o melhor nome, quem melhor aparecer nas pesquisas terá seu apoio. Enquanto isso, trabalho fortalecer, embora eu não precise de uma autorização. Eu tenho um estrutura política e partidária de apoio que me coloca a responsabilidade de candidatura. O próprio União Brasil cobra isso. Além das pesquisas que já mostram um bom posicionamento, representamos um grupo político importante.

Também entendo a preocupação do governador em fortalecer o partido dele. Vejo como natural. É um governador de Estado, e deve, sim, ter responsabilidades políticas. Além disso, Wanderlei disse que irá tratar sobre esse assunto de sucessão somente no próximo ano, porque pretende seguir focado na gestão. Ele tem toda razão. Até porque o resultado do próximo ano será consequência da articulação política, mas não pode ser maior que o trabalho como gestor. Então vejo com muita naturalidade. Hoje ele diz que irá concluir o mandato, mas também vejo como legítimo uma saída para disputar o Senado.

O governador disse que quer estar com a base unida para 2026 e que o melhor nome, quem melhor aparecer nas pesquisas, terá seu apoio

Governador Wanderlei Barbosa | Foto: Antônio Gonçalves/Governo do Tocantins

Apesar de dizer que irá tratar sobre a succesão do governo apenas no próximo ano, o que se vê na prática é o governador articulando para fortalecer o nome do presidente Assembleia Legislativa, Amélio Cayres, como pré-candidato ao governo.

Eu vejo como legítimo, embora ele diga não ter candidato. Também entendo que, se o governador tem uma base política que o respalda no cargo majoritário, cabe a ele a tarefa de manter esse grupo unido, o que também não o isenta da responsabilidade partidária. Por tudo isso, o mais importante agora é mantermos o respeito mútuo, assim como tenho feito por compor essa base política. E entendo as movimentações do pré-candidato Amélio.

A história política do presidente da Assembleia, Amélio Cayres, permitiria esse salto político de deputado estadual a governador, sem o apoio do governador Wanderlei?

Ele tem uma história. Foi prefeito e deputado estadual. Um bom deputado, de alguns mandatos. E está na presidência da Assembleia que é um cargo importante. Agora, essa condição eleitoral, quem pode dizer é o próprio Estado e as pesquisas que o governo também está fazendo.

Por ser um deputado de uma região específica isso gera uma dificuldade em ser conhecido como figura política. Isso é impeditivo? Não. Requer mais esforço, requer, talvez, mais trabalho que um outro candidato, como no meu caso não precisaria. Quando deputada federal, eu podia ter focado apenas em uma região, mas sempre tive muito apoio espalhado e o trabalho na educação permaneci presente em várias regiões. E como senadora, por ser um cargo majoritário, essa responsabilidade aumentou. Então, esse maior alcance político vem como fruto do trabalho.

Eu tenho um estrutura política e partidária de apoio que me coloca a responsabilidade de candidatura. O próprio União Brasil cobra isso. Além das pesquisas que já mostram um bom posicionamento, representamos um grupo político importante

Caso a sra não conte com o apoio do governador Wanderlei para sucessão de 2026, ainda assim estaria disposta a entrar na disputa?

Sou pré-candidata ao governo do Tocantins. Quero muito contar com o apoio do governador Wanderlei Barbosa e de outros líderes. Tenho uma responsabilidade política com o meu estado, com a minha história de trabalho e com o meu partido. Então eu sou pré-candidata, não posso falar que sou candidata, por questões legais, mas isso já está definido. Agora, lógico que todo o processo de construção da candidatura majoritária conta com o diálogo respeitoso com todas diferentes forças políticas.

A sra foi secretária de educação por quase dez anos. Passou pelo governo de Siqueira Campos e Marcelo Miranda. Depois se legitimou deputada federal. Na eleição passada para o governo, a sra esteve para apoiar a candidatura do Dimas, mas acabou fechando apoio a candidatura de Wanderlei. Qual é hoje o seu grupo político?

Na última eleição, eu estava no grupo do senador Eduardo Gomes. Carlesse era candidato à reeleição, tendo Wanderlei como vice. Com o afastamento de Carlesse do governo, Wanderlei assume e vai para a reeleição com 2% a 3%, iniciando um novo desenho político para aquela eleição.

Quanto à questão do meu grupo político, eu colocaria que é bastante amplo. Além do União Brasil e do PP, temos um diálogo aberto com o PL, com o próprio senador Eduardo Gomes, um parceiro de muito tempo. Também estamos dialogando com o Podemos, que conta com um dos maiores representantes políticos do nosso Estado, que é o prefeito Eduardo Siqueira, prefeito da nossa capital, que já manifestou apoio à minha candidatura. Temos o deputado Tiago Dimas, do Podemos, com quem também sempre tive um bom diálogo. E a conversa com os outros partidos vai se encaminhar.

Eu sempre tive a facilidade de manter um diálogo amplo com todas as forças políticas do nosso Estado, inclusive com setores da direita e da esquerda. Meu partido é de centro, e eu também procuro ser uma pessoa do diálogo. E isso se comprova na minha história política. Já fui relatora de matérias importantes que não seriam possíveis de avançar caso eu não tivesse condição de diálogo com a direita, com a esquerda e com o centro.

Sempre me destaquei por essa capacidade de manter um diálogo respeitoso. Eu posso divergir de uma determinada posição política, mas jamais irei me deixar levar a um ponto que me impeça de retomar novas conversas com qualquer grupo político.

Além do União Brasil e do PP, temos um diálogo aberto com o PL, com o próprio senador Eduardo Gomes, um parceiro de muito tempo. Também estamos dialogando com o Podemos, que conta com um dos maiores representantes políticos de nosso Estado que é o prefeito Eduardo Siqueira, prefeito da nossa capital, que já manifestou apoio a minha candidatura

Eduardo Gomes | Foto: Divulgação

Um exemplo é a sua relação com Irajá. Porque mesmo tendo derrotado a senadora Katia Abreu, mãe do senador, a sra mantém uma relação positiva com o senador.

Eu tenho uma relação respeitosa com o senador e com a ex-senadora. A vida política é assim. Quando ela ganhou, também derrotou alguém. Tenho um grande respeito por ela, pelo seu histórico que fala por si só.

Quanto a vitória de Eduardo Siqueira Campos para prefeitura de Palmas interfere no processo político para 2026?

Mesmo tendo o pai, Siqueira Campos, como fundador do nosso Estado, e com uma história positiva ainda hoje respeitada pelo povo, o prefeito Eduardo tem também a sua prórpria história. Foi deputado estadual, deputado federal, senador, e agora prefeito pela segunda vez.  Essa retomada promove sim uma nova reorganização na nossa política, não somente por resgatar a força de Siqueira Campos, mas sobretudo pela gestão que está realizando em pouco tempo à frente da prefeitura. Eduardo tem uma grande habilidade de articulação. Como exemplo eu coloco agora na Agrotins, quando visitei o stand Fazendinha, da Prefeitura, e num momento ele reuniu vereadores que estão hoje defendendo e apoiando a gestão. Eduardo começou a gestão com apenas dois vereadores que ele elegeu, e hoje sua base política deve contar com pelo menos 14 a 15 vereadores. E isso com apenas seis meses de gestão. O Eduardo tem traquejo, tem história política e de gestão.

O retorno de Eduardo Siqueira Campos promove sim uma nova reorganização na nossa política, não somente por resgatar a força de Siqueira Campos, mas sobretudo pela gestão que está realizando em pouco tempo à frente da prefeitura. Eduardo tem uma grande habilidade de articulação

Prefeito Eduardo Siqueira Campos | Foto: Divulgação

O prefeito já anunciou apoio a sua pré-candidatura ao governo. Inclusive nomeu o ex-presidente da ATM, Diogo Borges, como secretário da região metropolitana de Palmas, para que a capital seja a voz dos municípios de Tocantins. Quanto essa nomeação e o apoio do prefeito interfere no seu projeto para o governo?

Palmas, como toda capital, é referência para os principais temas de gestão. Agora, por exemplo, estamos participando de um grande debate em relação à questão do lixo. E o prefeito topou ajudar a região metropolitana com uma estrutura para que o Tocantins possa implementar um modelo nacional de como lidar com a questão dos resíduos sólidos. Eu, inclusive, estou puxando essa pauta. Participei de uma missão recente a Milão e Portugal, países que já estão resolvendo essa situação do lixo, da qualidade da água e do saneamento.

A legislação no Brasil já deu todos os prazos possíveis para os municípios resolverem essa questão do lixo. E agora estão sendo pressionados, no sentido óbvio, pelo Ministério Público e pelo TCE, para que a lei sobre resíduos sólidos seja, de fato, implementada. No entanto, os municípios não vão conseguir resolver isso sozinhos, porque não têm condição, e nem necessidade, de cada um ter o seu próprio aterro.

Hoje sou presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional. Essa comissão tem o FIDIAS, que é um fundo com recursos destinados a enfrentar essa questão do saneamento e do lixo. A nossa ideia é, com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Regional e Integrado, onde está esse recurso, fazer do Tocantins um modelo nacional de gestão de resíduos.

A nossa ideia é com o apoio do Ministério de Desenvolvimento Regional e Integrado, fazer no Tocantins o modelo de gestão de resíduos sólidos

O objetivo é que o FIDIAS banque a construção de um plano estadual de resíduos sólidos, determinando prazos e o modelo de gestão. Além disso, um estudo técnico altamente qualificado vai apontar quais cidades devem receber o aterro, como será feito o transbordo, como lidar com o chorume, com o tratamento de água, e quais municípios, do ponto de vista econômico, comportam empresas de coleta seletiva de lixo.

O lixo hoje é riqueza, mas ainda é um grande problema. Um problema ambiental gravíssimo que o país ainda enfrenta. E, nessa missão que participei, eu vi o lixo virar fertilizante, biogás e energia para muitas cidades. As próprias empresas que produzem plástico e vidro estão juntas na tarefa de lidar com a coleta seletiva.

A construção desse projeto e sua aplicação nos municípios do nosso Estado, que ainda é jovem e pouco populoso, nos permitirá ser modelo do que já é aplicado em quase todos os países do mundo: a terceirização da gestão dos resíduos. Enquanto isso, os municípios seguem responsáveis pelo envio do lixo. O objetivo é conquistarmos uma gestão organizada e coletiva para transformar o que hoje é problema em riqueza.

Voltando à nomeação do Diogo, foi sim um acerto do prefeito. Quando presidente da ATM, ele foi muito bem avaliado, além de manter um diálogo político positivo com os prefeitos. Mas a questão também é administrativa, mostrando que Palmas pode ser parceira dos demais municípios.

A nomeação do Diogo, foi sim um acerto do prefeito Eduardo. Quando presidente da ATM foi muito bem avaliado, além do diálogo político positivo com os prefeitos. Mas, a questão também é administrativa, mostrando que Palmas pode ser parceira dos outros municípios

A sra foi relatora da constitualização do Fundeb, fundo para educação criado em 2007. Passados 20 anos da criação do Fundeb, ele cumpriu o seu papel?

Eu fui a relatora na constitucionalização. O Fundeb era uma lei complementar dentro das disposições transitórias, agora é permanente na Constituição. O Fundeb, hoje, é a maior fonte de financiamento da educação. Antes do Fundeb, tínhamos milhares de crianças fora da escola. Sem o Fundeb, não seria possível falar em piso salarial, plano de cargos, carreira e salários.

O valor dos salários dos professores nos estados e municípios é tarefa das Assembleias Legislativas e dos governadores. E o dinheiro federal, com o Fundeb, vem para complementar.

Na minha relatoria, conseguimos um grande feito, porque diziam que o governo Bolsonaro não iria aceitar o aumento dessa complementação. Enfrentamos resistências, inclusive do Paulo Guedes, mas conseguimos marcar uma grande posição, porque, no final, o próprio governo Bolsonaro apoiou para que a complementação da União fosse mais que o dobro, chegando a 23%. O valor nunca passou dos 10%, e agora vai chegar a 23%, direcionado à educação infantil, para aumentar as vagas nas creches e dar condições para que os estados melhorem as estruturas das escolas.

Os números do censo escolar de escolas sem tratamento de água, sem esgoto, sem energia, têm melhorado. Resolveu? Não, porque o valor per capita ainda é baixo. Tanto é que me incomoda muito quando, na discussão do IOF, colocam a possibilidade de tirar dinheiro do Fundeb com o argumento de que é muito recurso destinado à área. Um absurdo, porque não é. Basta fazer a conta por aluno.

Ainda temos um grande desafio na qualidade da educação. Qual profissão central, como é o caso do professor, tem um piso salarial de menos de 5 mil reais? O valor ainda está muito longe do salário ideal. Com esse salário, um professor acaba tendo que trabalhar em dois, três lugares, porque não consegue terminar a carreira ganhando 7 ou 8 mil reais.

Nessa minha relatoria do Fundeb, colocamos a obrigatoriedade do ICMS. E também, agora, na Comissão de Educação do Senado, aprovei para que, neste ano, o Fundeb seja a política pública monitorada e acompanhada. Nós queremos saber onde o Fundeb tem acertado, quais os ajustes necessários e os aprimoramentos.

Qual profissão central, como é o caso do professor, tem um piso salarial de menos de 5 mil reais? O valor ainda está muito longe do salário ideal. Com esse salário, um professor acaba tendo que trabalhar em dois, três lugares, porque não consegue terminar a carreira ganhando 7 ou 8 mil reais

Mesmo com todos eses ajustes e avanços do Fundeb, a cota social nas universidades ainda é necessária?

Ainda é necessário. Na verdade, a cota social, a cada dia, se mistura mais com a cota econômica. Em alguns lugares, é semelhante à questão da cota de mulheres na candidatura. Muita gente argumenta que hoje já temos muitas mulheres ocupando posições importantes, então por que é necessária a cota feminina na política? Porque, em um país com 52% de mulheres, a representatividade na Câmara e no Senado ainda é baixa.

No Tocantins, por exemplo, só temos eu como mulher no Congresso Nacional. Não temos uma deputada federal, já tivemos três. Enquanto a desigualdade permanecer, a cota se sustenta.

Hoje, a cota nas universidades é uma necessidade porque ainda há um atendimento diferenciado. Basta olhar para as aldeias indígenas. Que escolas existem nas aldeias? Qual a qualidade dessas escolas? Quando eu fui secretária, fiz o primeiro e único concurso para professores indígenas. Nós começamos a ofertar cursos de nível médio, normal e também superior para professores.

Hoje, já temos muitos indígenas com mestrado e doutorado. Mas ainda é muito desigual, porque nossas escolas são ruins e não temos professores qualificados. E essa é uma realidade na escola do branco, na escola quilombola, na escola indígena.

Hoje temos indígenas fazendo medicina, e eles têm muito mais facilidade em voltar para atender o seu povo do que um branco. Esse médico indígena irá trabalhar no Hospital Universitário, onde teremos uma estrutura própria, específica, para atender os povos indígenas.

É lógico que lá o indígena será atendido como todo paciente, com toda a tecnologia do hospital para atendê-lo, mas isso não o obriga a se distanciar da sua cultura.

Esse ano o Estado abriu concurso com mais de 5 mil vagas para professores. Mas por que ainda há uma insatisfação da classe?

O último concurso público foi feito em minha gestão à frente da secretaria, em 2009. Agora foi realizado um novo concurso, depois de muitos anos, o que gera uma grande expectativa de convocação.

O Estado perdeu muitos alunos. De 560 mil jovens alunos da minha época como secretária, hoje temos apenas 135 mil. Temos muitos professores aposentados, que estão no IGEPREV, com muita dificuldade. Há reclamações sobre os salários e a carreira.

O governador fechou um texto para enviar à Assembleia Legislativa e, como houve muita manifestação contrária, está sendo redesenhado. Essa é a expectativa: um novo texto do plano.

Como reconquistar esses adolescentes para que voltem às escolas?

O Pé-de-Meia e o próprio programa que o governo do Estado criou, tipo uma bolsa, têm mostrado resultados positivos na melhoria da qualidade do ensino médio. Os números indicam um alto índice de jovens que não trabalham, mas também não vão à escola, porque avaliam que a escola não os preparou para o mercado de trabalho.

Então, a reforma do ensino médio, a mudança estrutural nos currículos, por meio da base da BNCC, que eu tive o orgulho de incluir no plano nacional como uma emenda minha, está permitindo a mudança no desenho das escolas. Eu estive com o governador Wanderlei em Buriti, entregando uma escola reformada pelo Estado, na cidade de Buriti, que tem um laboratório de química e física, uma sala com Chromebooks para os alunos e equipamentos de robótica.

A nossa expectativa é que todo esse aparato tecnológico ajude a mostrar para o jovem que ele está, sim, no mundo. Ele pode estar em Buriti, em Piquizeiro ou em Palmas, mas tem contato com o que está acontecendo no mundo inteiro. A escola não pode ficar para trás. A escola tem que avançar para dar essa oportunidade de uma escola mais flexível e com melhores conteúdos.

Então, o jovem precisa se sentir atraído pelas nossas escolas, e os professores também precisam estar atualizados.

O número de estupros e estupros de vulneráveis no Tocantins caiu, mas a violência contra a mulher segue alta. Quais são as políticas voltadas para repressão desse crime no Estado? E elas são suficientes?

Eu acho que ainda há muito o que ser feito em todo o nosso país. Tanto que é uma luta permanente nossa aqui no Congresso. Semana passada, eu fui relatora de um projeto da deputada Laura Carneiro, que já foi para sanção do presidente, que elimina o benefício do atenuante para menores de 21 anos e maiores de 70 anos que cometem estupro ou violência sexual.

Outros projetos importantes são o cadastro de pedofilia e o projeto da senadora Augusta, no qual também sou relatora, que torna inelegível quem for condenado por violência contra a mulher. São aprimoramentos necessários para fechar o cerco em cima de quem pratica violência e feminicídio.

Paralelamente, o Estado precisa se equipar e se organizar para ações de combate à violência, melhorar a estrutura das delegacias e criar programas dentro das escolas para que a criança não ache normal a agressão física. Muitas vezes, a criança vê, dentro de casa, o pai bater na mãe e passa a achar que aquilo é normal, ou o menino acha normal agredir uma mulher porque também vive essa mesma situação em casa.

Já temos leis, mas elas precisam se tornar realidade dentro das escolas para não naturalizar a violência. Há crimes que acabam prescrevendo, acompanhei casos específicos quando estava na Secretaria da Educação, devido ao uso do poder.

A criação da Secretaria da Mulher no Estado foi um grande avanço. A secretária Berenice Barbosa faz um trabalho importante, e a própria primeira-dama Karynne Sotero também vem lidando muito bem com esse tema.

A criação da Secretaria da Mulher no Estado foi um grande avanço, a secretário Berenicie Barbosa faz um grande trabalho. A própria primeira-dama Karynne Sotero também vem lidando muito bem com esse tema

Primeira-dama Karynne Sotero | Foto: Loise Maria/Governo do Tocantins

O domínio financeiro leva a mulher a ficar numa situação de violência. A Casa da Mulher Brasileira, que eu tive o orgulho de direcionar, foi entregue agora pelo prefeito Eduardo Siqueira Campos. Ela reúne o Estado e a Defensoria Pública, sendo também uma ação importante. O combate à violência contra a mulher tem que ser enfrentado por todos para que os números possam melhorar.

É importante também o fortalecimento da Polícia Militar e das guardas metropolitanas, que hoje estão em maior número. Na Comissão de Orçamento, criamos o programa Antes que Aconteça, porque não adianta cuidar do número depois que uma mulher foi morta. O Antes que Aconteça tem a lógica de criar uma estrutura de proteção.

O Rio de Janeiro está fazendo um grande trabalho com o botão do pânico e a ordem de restrição. Vimos um caso recente no Vale do Araguaia em que uma mulher foi violentada; o criminoso passou pelo flagrante, depois se apresentou e foi solto. Essas situações de impunidade colocam medo nas mulheres de denunciar. Muitas também voltam para casa por não terem como sobreviver. O homem é o dono da casa e a manutenção para pagar a comida dos filhos é dele.

A Agência de Fomento do Tocantins lançou a linha específica de crédito com juros menores do que se pratica para mulheres em situação de risco. O Estado está mostrando à essa mulher que há como ela sobreviver sem ser obrigada a seguir naquela relação de domínio.

A Agência de Fomento do Tocantins lançou a linha específica de crédito com juros menores do que se pratica para mulheres em situação de risco. O Estado está mostrando à essa mulher que há como ela sobreviver sem ser obrigada a seguir naquela relação de domínio

Matopiba é um projeto importante para o desenvolvimento do Tocantins e de toda região, mas ainda tem freios, as problemáticas ambientais. Como solucionar?

No dia 23 (de junho) foi publicado um decreto de regulamentação do comitê de gestão do Matopiba, liderado por um tocantinense de Araguatins. Na semana passada, acompanhei o prefeito Eduardo Siqueira Campos no Ministério do Desenvolvimento Humano, e o decreto foi aprovado. Hoje, estão na fase de construção do planejamento e gestão do Matopiba.

Na última reunião, com a participação dos quatro estados, ficou definido que o objetivo é institucionalizar ainda mais o Matopiba. Inclusive, o prefeito Eduardo ofereceu estrutura para Palmas sediar o conselho. Lógico que deve ser rotativo, mas a ideia é justamente essa: institucionalizar.

O Mapopiba não deve ser somente na área agrícola. Essa ideia, inclusive do ministro Wellington, é pensar no Matopiba como um foco regional que possa integrar diferentes políticas públicas e políticas de atenção. Não podemos restringir o Matopiba aos grandes produtores. É preciso pensar na agricultura familiar, no empreendedorismo e na economia solidária.

Como garantir recurso, projeto e ação, inclusive institucional, para receber recursos das diferentes bancadas dos estados que hoje compõem o Matopibaa.

“Não podemos restringir Matopiba aos grandes produtores. É preciso pensar na agricultura familiar, no empreendedorismo, na economia solidária. Como garantir recurso, projeto e ação, inclusive institucional, para receber recurso das diferentes bancadas dos estados que hoje o compõemo”

E a senhora concorda com a venda das ações da Energisa? Como essa questão deve ser tratada?

Requer muito cuidado e atenção porque a Energisa é uma empresa superavitária, com bons lucros. Então, quando o Estado vende, ele está abrindo mão de ativos. Isso é um problema? Pode ser. É preciso saber se o que ele está abrindo mão, que são os ativos, é estratégico e como irá manter o controle desse setor estratégico para o Tocantins.

O Espírito Santo privatizou, mas criou um fundo soberano para dar maior robustez ao que será feito com essa ação. Esse fundo soberano tem uma gestão que vai além da pessoa do governo para definir o direcionamento desses recursos.

Portanto, precisa ser um bom negócio para o Estado, porque o governador está hoje tomando uma decisão que terá impacto no nosso futuro. O modelo do Espírito Santo define claramente quais são os critérios para usar o dinheiro desse fundo soberano..

A venda de ações da Energisa requer muito cuidado e atenção, pois é uma empresa superavitária, com bons lucros. Quando o Estado vende, está abrindo mão de ativos. Isso é um problema? Pode ser. É preciso avaliar se os ativos que estão sendo cedidos são estratégicos e como será mantido o controle dessa área estratégica para o Estado

A priori, eu não sou contra, mas vejo com cuidado, porque, como eu disse, é um ativo que permite, além de tudo, o controle também de ações. A energia do Tocantins já é muito cara e, por vezes, é tema de debate dentro da Assembleia. E o que é mais importante: essa venda é mesmo necessária, mesmo com o crescimento diário da arrecadação? O governo tem sido muito bom para esse fortalecimento financeiro.

Então, por que vender? Tem alguma obra estratégica? Tem alguma ação estratégica? Pode ser que tenha. Então, você está abrindo mão de um ativo, mas, do outro lado, está havendo um bom ganho.

Lógico que eu imagino que, para um projeto dessa natureza, a Assembleia vai fazer audiências públicas, vai ouvir o Tribunal de Contas, o Tribunal de Justiça e a sociedade civil para uma decisão, porque esse assunto requer isso. Não é um bem privado, é um bem público.

Como está o embate em relação a FIOL, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste. Ela vai passar por Figueirópolis- (TO) ou por Mara Rosa (GO)?

Na verdade, é muito importante que ela mantivesse o seu traçado original, que é Figueirópolis. O Estado de Goiás já é muito privilegiado. Inclusive, quando Tocantins foi criado, muitos dos investimentos que tinham sido compensados para nosso estado, não foram. O traçado combinado é Figueirópolis, que tem ali na sua região outras plataformas de integração. Eu sei que o governador esteve com o ministro Renan Filho tratando desse tema, acho que o senador Eduardo Gomes participou, eu estava em viagem no período, mas a nossa expectativa é que se mantenha o traçado. Caso contrário, será um grande prejuízo e até um desrespeito com o povo tocantinense.

É muito importante manter o traçado original da FIOL que é Figueirópolis que tem ali na sua região outras plataformas de integração. A nossa expectativa é que se mantenha o traçado. Caso contrário, será um grande prejuízo e até um desrespeito com o povo tocantinense

Por último, o governador, Ronaldo Caiado, está aí pleiteando também uma pré-candidatura à presidência. A senhora vê viabilidade nisso? Aqui em Brasília, o que se fala é sobre isso.

O governador Ronaldo Caiado, que foi deputado federal e senador, faz uma grande gestão, muito bem avaliada, transformadora dentro dos patamares de Goiás. Tem posições muito claras e é pré-candidato de uma marca de centro-direita. Acho que tem legitimidade e eu torço muito. Caiado tem mostrado ter preparo e condições de fazer uma boa gestão no âmbito nacional. Ele está fazendo a tarefa de casa. E essa tarefa de casa veio a partir dessa habilidade de fazer uma grande gestão, e não apenas na área da segurança pública. A área social também é um exemplo. Estive com a primeira-dama Gracinha Caiado, acompanhando a construção de um projeto muito articulado na área social — abrangendo geração de renda e cuidado com as pessoas mais vulneráveis.

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A falta de liberdade no “país mais livre do mundo”

A deportação e a perseguição em massa promovida pela ditadura de Trump empobrece os Estados Unidos

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Terras da União
Lula e Wanderlei Barbosa assinam acordo para regularização fundiária de 1,9 milhão de hectares

Cerimônia em Araguatins marcou também entrega de títulos de terra para famílias assentadas e imóveis para instituições públicas

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Cautelares
Saiba quais foram as medidas impostas pelo STF ao prefeito de Palmas, advogado e policial civil, investigados na Operação Sisamnes

Eduardo Siqueira Campos, advogado e policial civil foram levados ao Quartel da PM após decisão do ministro Zanin; medida inclui afastamento do cargo, proibição de contato e de deixar o país

Polícia Civil
Mulher suspeita de envolvimento na morte de casal de pastores em Pium é presa em Santa Catarina

Mulher de 48 anos foi localizada e presa em Joinville

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Fatalidade
Colisão frontal na TO-010 deixa três mortos e duas pessoas gravemente feridas

De acordo com informações da Polícia Militar, a colisão foi frontal e envolveu um GM/Celta e uma caminhonete MMC/L200. Morreram no local o motorista do Celta, um homem de 56 anos; um menino de 12 anos que também estava no carro; e o condutor da caminhonete, de 26 anos

Gestão
Quem é Carlos Velozo, o vice-prefeito que assume Palmas após prisão de Eduardo Siqueira Campos

Sucessor garantiu que irá cumprir “fielmente os deveres do cargo, cuja responsabilidade declarou conhecer”