Desde o último dia 7 de maio, Palmas passou a operar com uma nova frota de ônibus 100% zero quilômetro no transporte coletivo urbano. A medida marca a virada de página de um sistema criticado por seus altos custos, má conservação dos veículos e contratos desvantajosos para os cofres públicos. Com a mudança, a Prefeitura estima uma economia anual de até R$ 19 milhões.

Ao todo, estão em circulação 154 ônibus novos, dos quais 14 compõem a frota reserva, além de 10 vans adaptadas para atender passageiros com mobilidade reduzida. Os veículos contam com ar-condicionado, wi-fi, câmeras de segurança, carregadores de celular e sistema de georreferenciamento. Durante a transição, a Prefeitura determinou gratuidade nas tarifas até o dia 20 de maio — como forma de facilitar a adaptação dos usuários, enquanto são confeccionadas as novas carteirinhas.

A contratação da nova frota foi feita de forma emergencial com a empresa Sancetur Santa Cecília Turismo Ltda., publicada no Diário Oficial em 16 de abril, enquanto aguarda-se o aval do Tribunal de Contas do Estado (TCE) para a abertura da nova licitação definitiva. O novo modelo adota pagamento por quilômetro rodado — fixado em R$ 15 — com a empresa assumindo todos os custos operacionais, como manutenção, combustível, motoristas e garagem.

A medida vem na esteira de um levantamento feito pela gestão do prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos), que revelou uma herança de gastos ineficientes com transporte público. Entre os principais pontos, está o uso de 249 ônibus locados na gestão anterior, de Cinthia Ribeiro (PSDB), dos quais a maioria se encontra sucateada ou sem condições de uso.

Desse total, 149 veículos foram requisitados da empresa Expresso Miracema a R$ 7.929,40 por mês cada, em fevereiro de 2023, sem que os pagamentos fossem realizados. Antes da Sancetur assumir, apenas 35 ainda estão em condições de rodar — os demais estão depredados, muitos sem motor ou câmbio. A dívida potencial com a empresa pode chegar a R$ 42 milhões, caso os veículos permaneçam com o município, ou R$ 32 milhões, se forem devolvidos e pagos apenas os meses de uso.

Além disso, outros 100 ônibus foram alugados por meio de chamamento público com valores muito mais altos, variando entre R$ 37 mil e R$ 52 mil mensais por unidade, dependendo do ano de fabricação. Todos os custos operacionais desses veículos também ficavam sob responsabilidade da Prefeitura, o que elevava os gastos anuais para R$ 172 milhões. A reportagem questionou a Prefeitura de Palmas sobre como ocorrerá o pagamento dessas dívidas e aguarda retorno.

Para a gestão, a contratação emergencial dos 149 ônibus se justificou pela urgência e pelo colapso iminente do sistema. “Foi uma medida necessária para garantir a continuidade e a melhoria do serviço, enquanto finalizamos o processo licitatório”, afirmou o presidente da Agência de Transporte Coletivo de Palmas (ATCP), Walace Pimentel, na época. Com a nova frota já nas ruas, a expectativa é de que, com a bilhetagem integrada e a retomada da confiança dos usuários, a arrecadação ajude a reduzir ainda mais o custo líquido para os cofres públicos.