O Cerrado tocantinense, conhecido por sua biodiversidade única, enfrenta uma série de ameaças que comprometem a sobrevivência de diversas espécies, colocando algumas delas em risco de extinção. Um exemplo é a Bromelia braunii, uma planta rara que encontra esperança de preservação por meio de projetos de conservação implementados por especialistas da área. O Governo do Tocantins, por meio do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), em colaboração com a Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), tem se dedicado a realizar pesquisas científicas que utilizam tecnologias de ponta para multiplicar e reintroduzir essas espécies no seu ambiente natural. Essas ações fazem parte do Plano de Ação para Conservação das Espécies Ameaçadas do Território Cerrado Tocantins (PAT Cerrado Tocantins), inserido no Projeto Pró-Espécies: Todos Contra a Extinção.
A Bromelia braunii, que ocorre exclusivamente no Tocantins, está classificada como Criticamente em Perigo de Extinção pelo Ministério do Meio Ambiente. A planta é encontrada principalmente nas Serras Gerais, em áreas dos municípios de Natividade e Dianópolis, mas enfrenta sérios riscos devido ao desmatamento, queimadas e outras atividades humanas que afetam diretamente o ecossistema do Cerrado. A preservação dessa e de outras espécies nativas é fundamental para a manutenção do equilíbrio ecológico e a proteção dos recursos naturais da região.
No Laboratório de Biotecnologia e Culturas de Tecidos Vegetais da Unitins, conhecido como Biotecnotins, é realizado o processo de multiplicação da Bromelia braunii e outras espécies ameaçadas. As atividades começam com a coleta de sementes diretamente de seu habitat natural. Em seguida, as amostras passam por um processo de assepsia rigoroso no laboratório, para evitar qualquer tipo de contaminação. Depois, as sementes são cultivadas em meios específicos para estimular a germinação e multiplicação das mudas. Após essa etapa, as plantas são aclimatadas em casa de vegetação, onde são adaptadas gradualmente ao ambiente externo. Finalmente, as mudas são reintroduzidas no habitat natural, o que aumenta suas chances de sobrevivência.
O projeto já possibilitou a conservação ex situ de seis plantas, além do desenvolvimento de protocolos para pesquisas futuras, e a obtenção de três acessos in vitro para a indução de múltiplas brotações.
A iniciativa reforça as políticas ambientais do Estado, mostrando que a colaboração entre a ciência, as questões ambientais e os órgãos governamentais pode ter efeitos positivos na conservação da biodiversidade.
“O trabalho desenvolvido é imprescindível para enfrentar as ameaças ao bioma do Cerrado”, afirma Oscar Vitorino, biólogo do Naturatins e coordenador do PAT Cerrado no Tocantins. “A conservação do Cerrado depende de ações diretas e integradas como esta, que unem pesquisa, tecnologia e manejo ambiental. A Bromelia braunii é um exemplo de como o trabalho em laboratório e campo pode reverter cenários críticos de extinção e contribuir para a sustentabilidade e a preservação da biodiversidade.”
A engenheira agrônoma Ingrid Sara, responsável pelas atividades no laboratório, destaca a importância do projeto. “Esse tipo de ação é fundamental para a recuperação de espécies que não conseguem se manter naturalmente na natureza. O laboratório permite a multiplicação em condições controladas, o que minimiza fatores ambientais limitantes e garante a manutenção da biodiversidade do Cerrado, que enfrenta constantes pressões ambientais.”