Por nota, o Sindicato dos Policiais Civis do Tocantins (Sinpol-TO) afirmou que repudia a prisão da agente de polícia civil Giovanna Cavalcanti Nazareno, ocorrida na última sexta-feira, 8, por suspeita de ter atirado contra seu companheiro, após ele, supostamente, ter saído sem ela. “Prisão inadequada e conduta eivada de irregularidades e abusos”. Antes disso, Giovanna veio a público denunciar os abusos moral e sexual que ela disse sofrer com o delegado da 1ª Delegacia de Polícia de Palmas, Cassiano Oyama.

A entidade afirmou que Giovanna foi “flagranteada após se apresentar espontaneamente devido a um disparo acidental que alvejou seu namorado no ombro” e que ela estava “sob efeito de forte medicação, prescrita a esta por psiquiatra que a acompanha em tratamento motivado por recorrentes casos de assédio moral e sexual sofridos e denunciados por ela, e amplamente divulgados na mídia local e nacional”.

Ela chegou a socorrer o namorado e o levou até o hospital. “Prestou socorro, apresentou-se espontaneamente, estava sob efeito de medicações no ato e, mesmo assim, foi flagranteada, presa e liberada após audiência de custódia”, disse o sindicato.

Conforme o Sinpol, a norma legal que estrutura a Polícia Civil do Tocantins (Decreto 5979 de 2019), determina que qualquer infração envolvendo policial civil deve ser conduzida pela Corregedoria, incluindo prisão em flagrante. No entanto, a entidade disse que isso não ocorreu.

“De forma estranha, inadequada e covarde, quem conduziu os trabalhos policiais foi o Delegado Eduardo Menezes, mesmo este não tendo competência administrativa para tal, conduzindo tendenciosamente todos os atos investigativos, sobrepondo-se ao dever legal e função precípua do órgão correicional oficial”.

Para o Sinpol, a conduta é estranha porque o delegado não integra a corregedoria e porque a policial não teve seus direitos resguardados e ainda “covarde pela humilhação de ser presa por um de seus assediadores; e tendenciosa pelo fato de tal conduta ter explicitamente um caráter corporativista e protecionista motivadas por denúncias já efetivadas por Giovanna em momento pretérito”. O sindicato denunciou que o mesmo delegado assediou Giovanna por rede social, solicitando em tais diálogos fotos íntimas da policial.

E a entidade prossegue:

Qual dispositivo legal permite tamanha humilhação, onde uma investigada é presa e oitivada por um de seus algozes? Que norma garante a um assediador o direito de oprimir ainda mais sua vítima e promover tamanhos desmandos institucionais, tendo inclusive arrolado testemunhas ao flagrante que sequer estiveram presentes ao ato?

A verdade é que, mesmo que fosse lotado no órgão correicional, em nenhuma hipótese poderia o Delegado Eduardo Menezes atuar em tal processo investigativo, pois, em que pese o assédio cometido contra Giovanna por este ainda estar nas sombras, um mínimo de caráter ou bom senso o impediria de atuar nesta demanda, mesmo sendo designado ou que estivesse de plantão, ou mesmo que fosse membro da corregedoria, sendo que em nenhuma das duas últimas questões tais afirmativa se alicerçam como fatos.

Não bastassem estes fatos, as garantias constitucionais de nossa filiada ainda foram perigosamente cerceadas, onde, além de seus advogados não poderem acompanhá-la, ainda foram ameaçados de prisão pelo delegado/algoz.
[…]
Por vezes o julgamento popular é rápido e cruel, especialmente por meio de redes sociais. Não se buscam fatos, apenas alguém para destilar um ódio inexplicável. Não se precisa conhecer a pessoa, muito menos sua dor, apenas se julga, se condena e executa a pena.

Humilhada, vilipendiada em sua dignidade de mulher e abalada com o que sua vida tem se tornado, Giovanna novamente tentou tirar a própria vida no último domingo 10.

Essa nota não busca esconder fatos, apenas trazer à luz o que outrora estava nas sombras, escondido em relações funcionais que maltratam e oprimem policiais civis em todo o Brasil, especialmente as mulheres.

O objetivo dessa nota é repudiar, SIM, no entanto, o maior objetivo dessa nota é extrair bom senso e compaixão para Giovanna, sua família e reafirmar com vigorosa veemência a missão desta entidade sindical de proteger os direitos de seus filiados e filiadas, buscar por justiça e atuar diligentemente para evitar, com ímpeto e vigor, que maldades e desmandos institucionais se repitam sem reação.

O Sinpol-TO não somente acompanhará o caso, mas lutará para que responsáveis pela condução das ações institucionais “irregulares” e os assediadores sejam investigados e punidos.