O governo decretou estado de emergência em todo o estado do Tocantins devido ao baixo volume de chuvas e à prolongada estiagem, impactando negativamente as lavouras, criações de animais e a agricultura familiar. A publicação oficial ocorreu na terça-feira (9) no Diário Oficial do Estado, sendo assinada pelo governador Wanderlei Barbosa, pelo secretário-chefe da Casa Civil, Deocleciano Gomes Filho, e pelo comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Tocantins, Peterson Queiroz de Ornelas. O decreto foi criado após municípios do sudeste também decretarem situação de emergência.

O decreto considerou a estiagem persistente nas regiões sul e sudeste, afetando a safra de grãos de 2023/2024 e resultando na perda de animais. Durante os próximos 180 dias, a contar de terça-feira (9), fica autorizada a mobilização do Sistema de Proteção e Defesa Civil do Estado para prestar apoio complementar aos municípios atingidos pela seca.

Segundo o Monitor das Secas, uma ferramenta da Agência Nacional de Águas (ANA), a seca moderada enfrentada pelo Tocantins acarreta prejuízos significativos às culturas, pastagens, córregos, reservatórios e poços com níveis baixos, resultando em algumas situações de falta de água já em desenvolvimento ou iminentes. Além disso, solicitações de restrições voluntárias no uso da água tornam-se mais frequentes.


Historicamente, o Tocantins vivencia períodos distintos de chuvas e estiagem, concentrando as precipitações entre meados de outubro e abril. Contudo, a atual seca coincide com o período em que o estado normalmente receberia chuvas, o que intensifica os desafios enfrentados. O clima tem sido influenciado pelas mudanças climáticas globais. Apesar do registro de chuvas, estas ocorrem de maneira irregular, muitas vezes manifestando-se como tempestades intensas e breves.

São Valério

Olavo Lisboa, estudante da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e componente da Coalizão Vozes do Tocantins, mora em São Valério, uma das cidades duramente impactadas pela seca. Ele comenta sobre o sofrimento que seu povo tem passado.

Lisboa afirma que a severa seca tem impactado negativamente a região, prejudicando significativamente a qualidade de vida das pessoas. A escassez de água afeta desde atividades básicas, como banho e consumo, especialmente para aqueles sem caixas d’água em casa, resultando até mesmo na morte de animais.

Para ele, a mudança na realidade é evidente, com a seca atingindo seu auge e resultando em faltas constantes de água. Em alguns bairros da cidade em que reside, a disponibilidade de água está restrita a determinados horários, afetando a saúde e a qualidade de vida dos residentes. “Antigamente, não faltava muita água, os rios não secavam totalmente. Agora tem problemas de abastecimento, falta de água em determinados horários”, comenta.

Para combater e melhorar a situação ambiental, Lisboa, que esteve na COP-28 representando a Coalizão, comenta sobre a necessidade de políticas públicas preventivas e de abastecimento. A criação excessiva de poços, sem necessidade para o tamanho da cidade, intensifica a crise hídrica, apontando para a importância de limites e da intervenção governamental para garantir o fornecimento de água a todas as residências.

Coalizão

A Coalizão Vozes do Tocantins desempenha um papel crucial na busca por mudança e justiça climática. A organização atua na formação de jovens em comunicação e justiça climática, promove a incidência política através do advocacy em temas como unidades de conservação e preservação dos territórios tradicionais do Tocantins. Olavo Lisboa dos Santos, representante da juventude na Coalizão, é um militante ativo em questões climáticas, ambientais, estudantis e do movimento negro, contribuindo para a conscientização e ação em prol do meio ambiente e da igualdade racial.