O estado do Tocantins registrou um aumento de 177,9% na área desmatada em 2023 em comparação com 2022. Segundo o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil do MapBiomas (RAD), divulgado no dia 27 de maio, o Tocantins saltou da 5ª para a 3ª posição entre os estados que mais desmatam no país. Dados foram divulgados pelo Ministério Público do Estado do Tocantins (MPTO).

O RAD revelou que o Tocantins perdeu 230.253 hectares de vegetação nativa em 2023. Este aumento no desmatamento tem preocupado órgãos de proteção ambiental, como o MPTO, especialmente devido ao avanço do desmatamento no Cerrado. O relatório mostra que mais da metade de toda a área desmatada no Brasil em 2023 ocorreu nesse bioma.

O relatório destacou que três em cada quatro hectares desmatados no Cerrado em 2023 (74%) foram na região do Matopiba, que inclui os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Juntos, esses quatro estados ultrapassaram a área desmatada na Amazônia Legal, representando quase metade de toda a perda de vegetação nativa no país no último ano.

Entre os 50 municípios que mais desmataram no Brasil em 2023, 33 estão no Cerrado. Todos os 10 municípios com maior área desmatada nesse bioma estão localizados na região do Matopiba.

Aumento total de desmatamento

No total, o Brasil desmatou 858.952 hectares em 2023, um aumento de 59% em relação ao ano anterior.

Monitoramento

De acordo com o MapBiomas, o aumento do desmatamento no Cerrado é resultado da expansão agrícola e do aprimoramento dos sistemas de monitoramento, como a integração do sistema de detecção de alertas SAD Cerrado (IPAM).

O MPTO também utiliza tecnologia avançada para monitorar e combater o desmatamento, como o Painel de Monitoramento de Desmatamentos no Tocantins, desenvolvido pelo Centro de Apoio Operacional de Habitação, Urbanismo e Meio Ambiente (Caoma) através do Laboratório de Geoprocessamento (Labgeo).

Francisco Brandes, coordenador do Caoma e promotor de Justiça, destaca que o painel de monitoramento é uma ferramenta essencial de transparência ambiental. A plataforma permite identificar a dinâmica do desmatamento e verificar a legalidade das atividades. Relatórios circunstanciados são gerados para documentar quando e onde o desmatamento ocorreu, facilitando a tomada de medidas contra atividades ilegais.

Brandes enfatiza a importância de demonstrar que o desmatamento ilegal não é financeiramente vantajoso, desestimulando essa prática e ajudando a reduzir o desmatamento no Tocantins.

Pressão agrícola

O RAD aponta que a agropecuária é responsável por mais de 97% da supressão de vegetação nativa no Brasil nos últimos cinco anos. Outros fatores incluem eventos climáticos extremos, expansão urbana e garimpo. A região do Matopiba, em particular, atrai grandes investimentos e é considerada uma das principais fronteiras agrícolas do país.

Ilegalidade

O relatório também revelou que, em 2023, mais de 93% da área desmatada no Brasil apresentou algum indício de ilegalidade. Desde 2019, apenas 41,7% das áreas desmatadas tiveram autorização ou ação de fiscalização, indicando que 58,3% ainda não foram fiscalizadas.