O último caso de sarampo no Tocantins foi registrado em 2020. Esse período sem novos casos no estado reflete o marco atingido por todo o Brasil na semana passada, quando o país completou dois anos sem casos autóctones de sarampo, ou seja, sem transmissão dentro do território nacional. Conforme o Ministério da Saúde, essa conquista coloca o Brasil mais próximo de recuperar a certificação de “país livre de sarampo”, após ter perdido esse status no ano passado. Em 2016, o Brasil havia sido certificado como livre da doença. No entanto, em 2018, a combinação de intenso fluxo migratório de países vizinhos e a baixa cobertura vacinal em diversas regiões permitiu a reintrodução do vírus no país.

O Ministério da Saúde aponta que desde 2019, o número de casos de sarampo no Brasil tem caído significativamente, de 20.901 registros naquele ano para apenas 41 casos em 2022. O último caso foi confirmado em 5 de junho de 2022, no estado do Amapá.

No início de maio, o país recebeu a visita da Comissão Regional de Monitoramento e Reverificação da Eliminação do Sarampo, Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita na Região das Américas, junto com representantes do Secretariado da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), para continuar o processo de recertificação do Brasil como livre da circulação de sarampo, bem como para manter a eliminação da rubéola e da síndrome da rubéola congênita (SRC).

Neste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o aumento de casos de sarampo na Europa como “alarmante”. Foram mais de 58 mil infecções pelo vírus em 41 países ao longo de 2023, um aumento significativo em comparação com os últimos três anos.

“Para que o Brasil continue sem novos casos, é crucial alcançar coberturas vacinais de, no mínimo, 95% de forma homogênea, garantindo a proteção da população contra possíveis casos importados e reduzindo o risco de reintrodução da doença. Além disso, isso assegura a proteção até mesmo das pessoas que não podem se vacinar”, explica o diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti.

Ele também enfatiza a importância da continuidade da estratégia de microplanejamento, que em 2023 destinou R$ 151 milhões para estados e municípios. Esse método, recomendado pela OMS, envolve diversas atividades focadas na realidade local, com o objetivo de fortalecer e ampliar o acesso da população à vacinação ao longo do ano.

Tríplice Viral

A vacina tríplice viral é oferecida no Calendário Nacional de Vacinação e consiste em duas doses para pessoas de 12 meses a 29 anos, e uma dose para adultos de 30 a 59 anos. Esse imunizante protege contra sarampo, caxumba e rubéola – três doenças altamente infecciosas que podem causar graves complicações e foram responsáveis por epidemias no passado. A cobertura da primeira dose dessa vacina aumentou de 80,7% em 2022 para 87% em 2023. Os dados de 2023 ainda são preliminares e podem aumentar, já que alguns estados possuem bases próprias e as atualizações podem demorar a ser refletidas na rede nacional.