Festa no Jalapão celebra colheita do capim-dourado
16 setembro 2023 às 17h19
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O Jalapão está em festa. Comunidades quilombolas recebem visitantes para festejar o início da colheita do capim-dourado, planta típica região, matéria prima fundamental para a produção de artesanato e atração do turismo, principal fonte de renda das comunidades locais. A colheita é descrita pelo jalapoeiros como um momento único, mágico, encantador e reforça as tradições tocantinenses.
A colheita do capim-dourado começa no próximo dia 20 e se estende até 30 de novembro. A festa da colheita ocorre na comunidade Mumbuca, em Mateiros, no coração do Jalapão, uma das muitas comunidades a manter a tradição que remonta o processo de resistência e formação da identidade cultural da região.
O artesanato do capim-dourado é a expressão mais fiel de um povo que fugiu da opressão do colonialismo escravagista, se escondeu num território inóspito e isolado e ajudou a preservar um tesouro que desponta como o destino turístico brasileiro mais procurado. O capim-dourado enfeita os campos do Jalapão e fornece matéria prima pra a produção do artesanato que se destaca pela beleza, leveza e originalidade.
O período de colheita é estabelecido pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), órgão ambiental responsável pela gestão da Área de Proteção Ambiental (APA) do Jalapão, Unidade de Conservação, onde a comunidade está localizada. A colheita é autorizada quando os técnicos que monitoram a o ciclo do capim constatam que as hastes estão maduras, condição ideal para a colheita.
Conta da programação diversas atividades que valorizam e fortalecem a cultura e a economia das comunidades envolvidas, como rodas de conversas e prosas, degustação de comidas típicas, visita aos atrativos turísticos, comercialização de produtos da agricultura famíliar, atrações culturais regionais e artesanato com o “ouro do Tocantins”, como é chamado o capim-dourado.
Licença ambiental
Durante as festividades, o Naturatins faz a entrega das licenças, documento obrigatório para coleta, manejo e transporte do Capim-Dourado e do Buriti. Artesãos, extrativistas, agricultores familiares e produtores rurais que possuem campos de Buriti e/ou Capim-Dourado tiveram até o último dia 31 de julho para solicitar a emissão da licença ou revalidação. A verificação do documento emitido é a forma como o Naturatins fiscaliza e coíbe a coleta, o manejo e o transporte ilegais e a biopirataria.
Os beneficiários da licença seguem orientações para executarem de forma correta a coleta, o manejo e o transporte dessas espécies para que todo o processo seja feito de forma sustentável. Conforme levantamento da Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas (Dbap), em 2022, foram emitidas 276 licenças. Desse número, 273 foram revalidadas este ano, quando se somaram mais 210 emissões.
Na oportunidade, o órgão ambiental dialoga com a comunidade sobre o Manejo Integrado do Fogo (MIF), estratégia de gestão socioambiental que articula aspectos culturais e históricos sobre o uso do fogo. O artesanato das hastes do capim-dourado com as fibras da folha jovem do buriti tornou-se um símbolo cultural da região. Além do extrativismo vegetal, esta importante atividade econômica que se configura como uma das principais fontes de renda das comunidades originárias e tradicionais do Jalapão envolve o uso do fogo para estimular a floração do capim-dourado.
Fiscalização
As ações de fiscalização nos campos de capim-dourado tiveram início em agosto e seguem até o próximo dia 20 de setembro. O gerente de Fiscalização, Cândido José dos Santos Neto, explica que a ação de fiscalização objetivou o combate da colheita antecipada. “Os trabalhos se deram por meio da fiscalização nos campos, contamos também com a utilização de drones para maior alcance e educação ambiental com as comunidades Mumbuca, Carrapato, Boa Esperança e Rio Novo. Já os trabalhos in loco foram concentrados nos campos da cabeceira do brejo Antônio, Podia, cabeceira do Corta Perna, Barra do Faveira, brejo do Capão, Caetano, Faveira, Rio do Meio, cabeceira das Cacimbas e morro do Porco”, elencou o gerente.