Ansiedade
18 agosto 2024 às 12h23
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* Rubens Gonçalves
Uma sombra persistente que se recusa a se dissolver na luz da consciência; que se arrasta ao nosso lado, indesejada, como um lembrete constante da nossa vulnerabilidade frente a um mundo que parece nunca dar trégua. Um zumbido eterno no fundo da mente. Uma melodia dissonante que nos acompanha até nas horas mais silenciosas da noite. Mas a verdadeira tragédia não está apenas no sentir. Ela se esconde no fato de que nos isolamos em um universo de inquietações pessoais, enquanto o mundo continua a girar, impassível.
A ironia cruel? Em um mundo no qual a comunicação nunca foi tão acessível, nos tornamos cada vez mais distantes. Cada notificação, cada e-mail não lido, cada mensagem que exige resposta, é uma gota no oceano do nosso estresse diário. Somos navegantes em um mar de informação que, em vez de nos trazer clareza, nos afunda ainda mais em nossa própria turbulência.
E não há discriminação. Classe social, idade, origem, nada importa. É a revelação constante de nossa fragilidade diante da eterna pressão: não atender às expectativas alheais, não alcançar metas, falhar… Tudo se amalgama em um caldo de inseguranças que fervilha dentro de nós.
Buscamos refúgio. Tentamos nos distrair com um episódio de série ou uma compra online. Mas ela persiste, como um espelho cruel que reflete nossa incapacidade de simplesmente parar. Respirar…
Nos esforçamos para controlar o incontrolável. Lemos livros de autoajuda, em busca de soluções rápidas, receitas mágicas para a paz interior. Mas, talvez, a resposta resida em algo mais simples: aceitar nossa própria imperfeição.
Vivemos uma era de demandas implacáveis e expectativas irreais, que exige coragem para simplesmente estar presente, mesmo quando a mente clama por outro roteiro. Um roteiro no qual os problemas desaparecem. E, por fim, descobrimos a beleza tênue na simplicidade da vida.