Maquiavel 2.0: IA e dados redefinem o poder e as eleições

22 fevereiro 2025 às 14h03

COMPARTILHAR
Roberval Marco Rodrigues*
Nicolau Maquiavel, em sua obra O Príncipe, revolucionou a política ao afirmar que o sucesso de um governante depende de sua habilidade de compreender a realidade e agir com astúcia. Hoje, metadados e inteligência artificial (IA) emergem como ferramentas modernas que materializam essa visão, oferecendo precisão, objetividade e assertividade tanto na gestão pública quanto nas campanhas eleitorais. Assim como Maquiavel aconselhava os líderes a evitar o achismo e os bajuladores, essas tecnologias estão refundando a política, tornando-a mais estratégica e conectada às demandas da sociedade.
A virtude maquiavélica, que representa a capacidade de adaptação e eficiência, encontra nos dados um poderoso aliado. Essas ferramentas permitem que líderes analisem cenários complexos com clareza, identifiquem padrões sociais e antecipem as demandas da população. Na gestão pública, prefeitos podem usar algoritmos para planejar melhorias no trânsito com base em dados de deslocamento em tempo real. Governadores podem prever surtos de doenças por meio de análises preditivas, alocando recursos de forma mais eficiente antes que crises se agravem. Essa abordagem não apenas aumenta a eficácia das políticas públicas como também aproxima os gestores das necessidades reais dos cidadãos.
As campanhas eleitorais também foram profundamente transformadas pelo uso de metadados e IA. Hoje, essas ferramentas permitem segmentar eleitores com uma precisão impressionante: 97% das campanhas que utilizam essas tecnologias alcançam seus objetivos estratégicos sem margem de erro. Isso significa que as mensagens políticas podem ser direcionadas diretamente para grupos específicos do eleitorado, aumentando exponencialmente sua eficácia. A análise de dados comportamentais ajuda a identificar as prioridades de diferentes grupos demográficos, criando uma conexão mais significativa entre candidatos e eleitores.
Por fim, é importante lembrar que essas tecnologias são apenas meios para alcançar objetivos políticos – não substituem o julgamento humano nem dispensam valores éticos fundamentais. Assim como Maquiavel ensinava que “o príncipe deve agir conforme as circunstâncias”, cabe aos líderes modernos usarem essas ferramentas com responsabilidade para fortalecer a democracia e promover o bem-estar coletivo. Metadados e IA não apenas combatem o achismo e a bajulação como também inauguram uma nova era na política: uma era onde decisões são informadas por precisão quase científica; campanhas se tornam mais conectadas às necessidades do eleitorado; e gestores públicos têm à disposição ferramentas poderosas para transformar a sociedade.
* Estrategista político e de Relações Institucionais e Governamentais (RIG).