Em outubro de 2023 o Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza, invadiu o sul de Israel e sequestrou 251 pessoas. Elas foram tiradas de suas casas à força e na base do terror. Foi chocante a atuação do grupo terrorista contra o território. Eles ainda atacaram um festival de música eletrônica que acontecia a poucos quilômetro da fronteira.

Na época, período em que o Brasil instaurou uma missão para trazer brasileiros e palestinos de volta ao país, eu conheci uma pessoa que estava no festival. Rafael Zimerman me contou os detalhes em uma tarde no Copanzinho. No momento não consigo reproduzir o relato, mas ele chegou a precisar se fingir de morto para não ser morto por terroristas.

Mas há muito tempo a reação israelense começou a incomodar bastante o meu lado humano de quem assiste de longe e que não tem a noção do horror e da penúria que a população palestina está passando. O que se vê na imprensa internacional e em da rede Aljazira é perturbador.

Além das bombas, a fome está matando em Gaza. O maior símbolo desse momento é o menino Yazan Kafarneh que morreu de fome e desnutrição aos 10 anos de idade. A imagem forte do garoto deixa fácil traçar o crânio sob o rosto do menino de Gaza, a pele pálida estendendo-se sobre cada curva do osso e flácida em cada cavidade. Seu queixo se projeta com uma nitidez perturbadora. Numa de uma série de fotografias jornalísticas do rapaz, Yazan Kafarneh, tiradas com a permissão da sua família enquanto lutava pela sua vida. Ele tinha 10 anos, mas nas fotografias dos seus últimos dias numa clínica no sul de Gaza, parece pequeno para a sua idade e, ao mesmo tempo, velho. Em 4 de março de 2024 Yazan estava morto. Esse relato foi feito pelo jornal The New York Times e as fotos são da Agência France-Presse.

Eu não me sinto nenhum pouco confortável escrevendo sobre um assunto que eu não domino, isso deveria ser pré requisito para se opinar sobre qualquer assunto, mas particularmente hoje, mas imagens de eu já vi de Gaza, o choro do embaixador da Palestina da ONU ao falar que 1.300 crianças já foram mortas no confronto me deixaram quieto e pensativo. 

Ao mesmo tempo, em Israel, neste mês de maio, estava sendo realizada  Eat Tel Aviv – Festival Gastronômico que aconteceu entre os dias 19 e 22. Tudo nesse conflito se tornou desproporcional. A intenção de reagir e responder ou “acabar com o Hamas” tem traços explicitos de limpeza étnica e genocídio. 

 Eat Tel Aviv – Festival Gastronômico que aconteceu entre os dias 19 e 22 | Foto: Divulgação

Os atos de agressão não são justificáveis de em um dos lados, mas acabar com a vida de milhões de pessoas que já viviam em condições degradantes sem infraestrutura básica em um dos lugares mais pobres do mundo é de se chocar qualquer ser humano que aprecie sua vida. A disparidade entre os dois territórios é gritante a desumanidade também.

Torço para que acabe, torço para que o povo palestino de reestabeleça em Gaza, torço para que Israel volte, com o tempo, começar, novamente, a estreitar laços com os países árabes, tal qual estava acontecendo antes dos ataques do Hamas.