Raio-X eleitoral: os cenários das cidades de Araguatins e Augustinópolis

27 maio 2024 às 15h30

COMPARTILHAR
Nesta semana, o Jornal Opção Tocantins se debruça sob duas importantes cidades: Araguatins e Augustinópolis. Referenciais na região do Bico do Papagaio, vamos abordar as tendências e possibilidades políticas dos dois municípios.
Em Araguatins, o atual prefeito Aquiles da Areia (PP) goza de popularidade tem boa aceitação da sua gestão. Ao melhor estilo do saudoso político tocantinense, o velho João Cruz de Gurupi, o prefeito circula com facilidade nos assentamentos, festas, botequins, reuniões familiares e outros eventos. Seu comportamento simplório rende popularidade. Se sua eleição foi objeto de ação de investigação eleitoral na justiça especializada, a questão foi superada pelo TRE-TO. A decisão foi objeto de recurso ao TSE e aguarda julgamento pela justiça superior. Entretanto, é fato que após a vitória no TRE-TO, Aquiles se fortaleceu ainda mais.
O gestor tem legados como a revitalização do turismo, investindo em infraestruturas para a temporada de praia, carnaval, comemorações de natal e ano novo. Reformou escolas, resolveu o crônico problema de abastecimento de água abrindo novos poços artesianos, calçou a cidade com bloquetes, inclusive a vila Miranda, que há tanto tempo esperava por benfeitorias. Na área da saúde, também houveram avanços, uma vez que várias especialidades médicas foram contratadas pelo município. Além disso, reorganizou a sala de parto, visto que há muito tempo não nasciam crianças na cidade, posto que todas as parturientes eram encaminhadas para o Hospital de Augustinópolis.
Adversários terão muito trabalho para virar o jogo
A vice-prefeita, Professora Elizabete Rocha (UB), rompeu com Aquiles no início do mandato. Foi candidata a deputada federal em 2022 pelo PSD, obtendo mais de quinze mil e quinhentos votos. Surge como uma sombra para ser adversária do prefeito nas eleições de outubro, mas ainda precisa construir um grupo. Já o ex-prefeito e ex-deputado Rocha Miranda (Podemos) encontra-se um tanto quanto sem espaço. Ao ser derrotado nas eleições de 2020, entrou no ostracismo. Em 2022, filiou-se ao Podemos, cujo objetivo era disputar o cargo de deputado estadual, contudo, seus problemas com a inelegibilidade – fruto de desvios de recursos do Fundo de Previdência Municipal de Araguatins (FUNPREV) – frustraram seus planos. Na câmara de vereadores, o presidente da Casa, Miguel do Cajueiro (DEM em 2020), é uma das poucas vozes dissonantes em desfavor de Aquiles, mas já dizia o ditado popular, “uma andorinha só, não faz verão”. Já o empresário Edison Tabocão – recentemente filiado ao UB – ainda não conseguiu agregar e nem tampouco demonstrar que pode ter melhor desempenho que sua companheira de sigla, Professora Elizabete na disputa eleitoral.
O fato concreto é que a oposição encontra-se dispersa, desunida e sem musculatura política, permitindo que o atual gestor voe em “céu de brigadeiro”. Caso não haja nenhum fato novo ou uma união das forças oposicionistas, será difícil evitar que Aquiles se reeleja. Aliás, na cidade se comenta que o cargo mais cobiçado da eleição é o de vice-prefeito na chapa do atual gestor: vaga garantida.
Em Augustinópolis, disputa promete ser mais acirrada
Diferentemente de Araguatins, a disputa no município vizinho parece ser mais equilibrada. Referencial da região, cujos braços do governo estadual se estendem sobre a cidade com um hospital regional, que atende alta e média complexidade, como também, o curso de medicina da Unitins, Augustinópolis tem peso destacado na região do bico do papagaio.
O prefeito Antônio Cayres de Almeida (REPU) – o Antônio do Bar – conta com irrestrito apoio de uma liderança política de peso: seu irmão Amélio Cayres (REPU), presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins. Com a máquina administrativa na mão e com apoios que Amélio certamente vai trazer para a campanha, a candidatura do gestor em exercício ficará fortalecida.
O reforço do deputado federal Vicentinho JR (PP) e seu suplente – atualmente em exercício – Julio Oliveira (PP), candidato que foi derrotado nas últimas eleições, também pode desequilibrar a balança eleitoral. Se, por um lado, não houve obras impactantes durante a gestão de Antônio do Bar, pelo menos a regularidade da gestão foi mantida e os serviços públicos tem funcionado a contento.
Mesmo que indiretamente, embate familiar histórico tem peso
A disputa política entre as famílias Cayres e Alcântara na cidade, por muito tempo, foi histórica e acirrada. Eles se revezaram no poder ao longo dos últimos anos. Contudo, a segunda família parece ter perdido o interesse em disputar o comando da cidade. Sem participar diretamente do processo político, na próxima eleição a tradicional família (Zé Anacleto e Carmem Alcântara) vão apoiar o jovem odontólogo, Dr. Guilherme. Ele está filiado ao Podemos, presidido no Estado pelo ex-deputado federal Tiago Dimas e vai contar com o apoio da deputada estadual Claudia Lelis (PV) e do federal Ricardo Ayres (REPU). Por fora, mas não menos importante, o atual vice-prefeito, José Mendonça (PDT), que rompeu com o prefeito Antônio do Bar. Já declararam apoio a esta candidatura, os deputados estaduais Jair Farias (UB), Fabion Gomes (PL) e, naturalmente, os caciques do PDT no Tocantins, deputado Gutierres Torquato e o vice-governador Laurez Moreira.
Por todas essas circunstâncias, em que pese o atual prefeito ser o favorito na disputa, sua eleição não está garantida. Há um desejo de mudança na população, isso é um fato incontestável. Divididas as forças entre tantos políticos de peso – cada qual com seu escolhido – aliada à força do poder econômico que os fundos partidários podem proporcionar às candidaturas, qualquer resultado pode ser considerado normal.