Beto Lima: “melhorar a vida das pessoas e criar oportunidades é a minha missão no governo”
31 março 2024 às 00h00
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Carlos Humberto Duarte de Lima e Silva – conhecido popularmente como Beto Lima – exerce o cargo de Secretário de Estado da Indústria, Comércio e Serviços do Tocantins. Engenheiro Civil graduado pela Universidade Católica do Estado de Goiás (PUC Goiás) em 1993, é especializado em prospecção de águas subterrâneas e MBA em Gestão Empresarial. Comandou o grupo empresarial ao qual pertencem as concessionárias Autovia Fiat, com matriz em Palmas e filial em Gurupi.
Empresário com vasta experiência em liderança e gestão, já ocupou cargos em instituições representativas e trabalhou defendendo os interesses da classe empresarial no Estado, como também, já exerceu o cargo de presidente da Associação Comercial e Empresarial de Palmas (ACIPA).
Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção Tocantins, o secretário aborda temas afetos e correlatos à sua Pasta, expõe sobre os números exponenciais da economia estadual e parcerias internacionais, como também, discorre sobre a política de incentivos para atrair novos investimentos nos municípios e nos pátios multimodais da ferrovia norte-sul.
Na condição de secretário da Indústria, Comércio e Serviços, é razoável que comecemos nossa entrevista falando sobre os últimos dados do PIB do Tocantins, que atingiu 10,1% em 2023, o segundo maior do país…
Há vários levantamentos sempre a respeito do mesmo assunto, em algumas avaliações é primeiro, outras em segundo, depende muito dos critérios adotados. Mas, independentemente de uma projeção ou de outra, qualquer uma delas confirma aquilo que hoje acontece no nosso Estado, que é um forte processo de crescimento socioeconômico. Esse avanço puxa o social também. Pelos números do PNAD – Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio – que mede a taxa de desemprego, verificamos que o Tocantins, no biênio de 2022 e 2023, é o Estado que mais diminuiu a taxa de desemprego. Saímos de mais de 15% para 5.8.%, o que é, verdadeiramente, fantástico.
Esse crescimento reflete o compromisso dessa gestão do Wanderlei Barbosa. A pesquisa mensal no comércio da CNC – Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo – que usa metodologia diferente, também traz o Tocantins como o Estado que teve o maior crescimento do varejo no Brasil, com relação a 2022.
Por fim, o IBGE, na mesma linha, traz uma informação extremamente importante que vai ao encontro do objetivo maior da gestão atual: o Tocantins foi, dentre as regiões norte e nordeste, o Estado que mais reduziu seus indicadores de pobreza. Já quando se analisa o país, como um todo, ficamos em segundo. Trata-se, portanto, de marcas históricas.
Isso é muito importante porque, mostra na prática, que estamos fazendo aquilo que o governador Wanderlei cobra dos seus secretários todos os dias: criar condições para que as pessoas melhorem de vida, principalmente a vida daqueles que mais precisam. Aqueles que são mais frágeis, são efetivamente, aqueles que mais precisam das ações do poder público.
Mas, independentemente de uma projeção ou de outra, qualquer uma delas confirma aquilo que hoje acontece no nosso Estado, que é um forte processo de crescimento socioeconômico
A Secretaria de Estado da Fazenda divulgou, recentemente, um dado que no meses de janeiro e fevereiro foi registrado um avanço de 29.2% na receita tributária. Isso confirma que o Tocantins realmente está indo de vento em popa…
Sim, quando analisamos o crescimento de arrecadação e sua receita tributária – extremamente mais forte do que o processo inflacionário – sem que tenhamos mexido nas alíquotas, evidencia-se que neste mesmo período, houve um aumento da base arrecadatória, ou seja, aumentou a base de atividade econômica. Isso demonstra claramente que o Tocantins está produzindo mais em todos os aspectos, quer seja no agronegócio, quer seja no comércio ou na indústria. Estamos sendo mais eficientes e isso se transforma em resultados.
Quando não se mexe nas alíquotas, não se onera o setor produtivo. Nosso governo é mais acessível e nenhum empreendedor, de qualquer setor, tem dificuldades de tratar com a gestão, independentemente do seu porte. Todos são recebidos e atendidos da mesma forma. Isso faz com que acreditem e invistam no Tocantins. Estamos abertos ao debate, contribuindo com as tomadas de decisões estratégicas dos empreendedores. Nossa equipe técnica tem trabalhando junto a eles, discutindo os prós e os contras e a forma correta de se investir. A gente deseja que os empreendedores sejam bem assertivos e não queremos que eles façam investimentos agora e daqui dois três anos, fracassem. Nosso objetivo é que essas empresas se instalem, cresçam com o Tocantins e gerem, cada vez mais, oportunidades de emprego.
Isso demonstra claramente que o Tocantins está produzindo mais em todos os aspectos, quer seja no agronegócio, quer seja no comércio ou na indústria. Estamos sendo mais eficientes e isso se transforma em resultados
No que se refere a Ferrovia Norte-Sul e os parques multimodais do Tocantins, as empresas interessadas em instalar por aqui sempre procuram sua secretaria. Como estão esses avanços e tratativas?
Posso te adiantar alguns projetos em andamento. No pátio de Palmeirante, distante 31 km de Colinas, estamos induzindo a implantação de empresas de misturadoras de nutrientes para fertilizantes. Isso é muito importante porque o agronegócio tocantinense consome mais de 1 milhão de toneladas por ano. Ocorre que aqui no Tocantins, menos de 200 mil toneladas são misturadas, ou seja, o Tocantins é um grande importador de nutrientes dos estados vizinhos.
E os gargalos?
São dois: Primeiro, o aumento do custo logístico para os nossos produtores, porque tem que pagar o frete para trazer do Maranhão ou de Goiás, por exemplo. Segundo, nessa transação interestadual o nutriente é isento. Isso faz com que a arrecadação inexista.
A partir do momento que tivermos empresas misturando esses nutrientes aqui no Estado, passaremos a ter arrecadação. Veja: o custo de uma tonelada de fertilizante é, em média, R$ 3.500,00. Se consumirmos 1 milhão toneladas, estaremos falando de mais de R$ 4 bilhões de base arrecadatória. Qualquer percentual em cima disso, vai gerar uma grande arrecadação.
Então, ao induzir a circulação, o governo do Tocantins é muito assertivo, porque primeiro vai trabalhar a cadeia de valor do agronegócio tocantinense, reduzindo o custo logístico para o produtor. Segundo, vai incrementar sua base de arrecadação. A primeira indústria que já está se instalando é a Mosaic Fertilizantes, de origem norte-americana, com investimentos de mais de R$ 400 milhões. Esta unidade industrial vai fazer o Tocantins, a partir de 2026 ou 2027, ser autossuficiente, porque esse é um projeto de mais de 1 milhão de toneladas.
Então, ao induzir a circulação, o governo do Tocantins é muito assertivo, porque primeiro vai trabalhar a cadeia de valor do agronegócio tocantinense, reduzindo o custo logístico para o produtor
Mas e quanto a matéria-prima?
Uma pequena parte é lavrada no Tocantins, mas os insumos – a maioria absoluta – ainda são importados. Esse é um trabalho que o próprio governo federal traçou como objetivo estratégico, com a meta de reduzir para 50% a dependência do país desses nutrientes importados até o ano de 2050.
No ano de 2023, nós tivemos uma dependência de mais de 90%. Por isso, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, gerido pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, criou o Conselho Nacional de Fertilizantes, do qual o Tocantins faz parte. Aliás, por enquanto, somos o único Estado da federação que está incluso neste Conselho. Trata-se de uma pauta que nos interessa muito. Temos trabalhado fortemente para impulsionar todo o país, de forma tal que consigamos diminuir, nos próximos 25 anos, essa dependência. Qualquer planejamento, sempre digo, tem que ser de médio e longo prazo.
Temos trabalhado fortemente para impulsionar todo o país
E quanto aos outros pátios?
O que está localizado em Porto Nacional (Luzimangues), já conta com várias empresas implantadas ali, principalmente as bases petrolíferas. Neste momento, está praticamente pronta para inaugurar mais uma esmagadora de soja, que vai processar mais de 500 mil toneladas de soja. Concomitante com a inauguração dessa esmagadora vai se iniciar a construção de uma planta de combustível à base de etanol de milho. No município de Miranorte também vai iniciar brevemente, já com protocolo de intenções, uma construção com as mesmas características.
Também já está sendo finalizado uma empresa de armazenamento estático e transbordo de grãos no porto seco sediado no município de Gurupi, cujo investimento é de mais de R$ 50 milhões.
Essa logística que o Tocantins possui não tem lugar para a implantação de um aeroporto de cargas?
Está no nosso planejamento. A nossa diretoria de atração de investimentos, através da nossa gerência de exportação e importação, trabalha para que a gente possa alfandegar as cargas, com o objetivo de se tornar viável e ter cargas de maior valor agregado, tanto importadas, como exportadas, sendo desembaraçadas aqui no solo tocantinense.
Mas o trabalho não se resume a oficiar a Receita Federal e esperar que venha de lá as ações. É preciso se cumprir várias etapas, um trabalho de médio prazo, mas que já iniciamos. Para você ter uma ideia, é um caminho tão longo que não dá para concluir nesta gestão. Mas vai acontecer, naturalmente, porque já iniciamos as tratativas e vamos deixar para a próxima gestão esse legado.
Essa logística favorável é muito interessante. Temos muito potencial, contudo, é necessário trabalhar isso de maneira assertiva. Acabamos, por exemplo, de fechar uma parceria para construção de uma indústria de colchões, que vai se instalar na região do Bico do Papagaio. Essa empresa vai gerar mais de uma centena de empregos. Os investimentos serão aqui, devido aos nossos incentivos, mas com a finalidade de atender as regiões norte e nordeste do país.
Mas o trabalho não se resume a oficiar a Receita Federal e esperar que venha de lá as ações. É preciso se cumprir várias etapas, um trabalho de médio prazo, mas que já iniciamos
É de iniciativa da sua Pasta a comercialização de produtos naturais e originários do Tocantins interligados aos terminais rodoviários. Como vai funcionar essa dinâmica?
Dentro da política de desenvolvimento econômico do estado, temos oito eixos de trabalho. Um deles é o de desenvolvimento empresarial e dos sistemas produtivos. Construímos um subprograma chamado “Produtos da Terra”, que é o extrato dos micros e pequenos empreendedores rurais, visando transformar esses pequenos que estão ali – no âmbito da agricultura familiar – em verdadeiros empresários.
A ideia é implantar, através das prefeituras, associações de produtores, cerca de cem micro e pequenas agroindústrias em todo o Estado. Logicamente, é preciso respeitar sempre a vocação de cada um desses municípios, além de observar de forma estratégica a necessidade de se construir, até mesmo, consórcios municipais. Muitas vezes, uma dessas agroindústrias, não vai ter dentro de um único município, o volume necessário, escala de produção, etc., para que tenha sustentabilidade.
Em alguns municípios, ainda não há a maturidade de produção suficiente para instalar uma agroindústria. Naqueles, vamos trabalhar a figura do empório “Produtos da Terra”. Estamos construindo um termo de cooperação técnica com ATR – Agência Tocantinense de Regulação – para expor nos pontos de vans e ônibus, os produtos da região prontos para serem comercializados. Isso fortalece o acesso das pessoas para comprarem os produtos daqueles locais.
E quanto às relações da sua Pasta com organismos internacionais, como também, parcerias com outros países?
Desde o início do nosso trabalho, foi determinado pelo governador que aumentassémos as relações bilaterais, que são essenciais, principalmente, para que a gente crie condições e, lentamente, concretizar a industrialização. Não se trata apenas de tirar grãos daqui. É necessário tirar comodities, sejam produtos minerais, sejam produtos agropecuários, industrializando nossos produtos para que o valor agregado fique no Tocantins.
Fizemos uma viagem para a China, porque ela é o nosso maior parceiro comercial. Um destino de mais de 60% das nossas exportações. Trata-se de um mercado gigantesco e ávido por consumir. Foi uma oportunidade ímpar de fortalecer os laços já existentes e amplificar essa relação.
Também fizemos tratativas com a Costa Rica, construímos uma missão para o incentivo do turismo. As visitas às embaixadas são sempre muito importantes também, porque trata-se da porta de entrada de qualquer país. Também já tivemos reuniões com a comunidade europeia, onde tratamos do agronegócio e das exigências futuras do mercado europeu, para que possamos preparar os nossos produtores, visando atender e exportar nossos produtos para lá. Logicamente, não deixamos de fora o países árabes, Irã, Arábia Saudita e, também, o Egito.
É necessário tirar comodities, sejam produtos minerais, sejam produtos agropecuários, industrializando nossos produtos para que o valor agregado fique no Tocantins.
Obrigado pela sua disponibilidade. O espaço está aberto para suas considerações finais…
Nossa missão é melhorar a vida das pessoas. O principal indicador da nossa Pasta é o Caged, porque o melhor programa social que existe é o emprego. A meta do governador é que a gente consiga criar sessenta e cinco mil empregos durante o mandato. Nesse primeiro biênio já ultrapassamos a marca de trinta mil.
Trabalhamos com o viés de descentralizar a nossa base de atividades econômicas, que recebemos altamente concentrada em apenas 12 municípios, todavia, queremos levar desenvolvimento para os 139. Por isso, trabalhamos com muito critério e de forma igualitária, os micros, pequenos, médios, grandes empreendedores. Os micro e pequenos representam mais de 50% dos empregadores deste Estado.
Eu só tenho a agradecer ao governador, realmente, pela oportunidade de poder contribuir com a gestão e de ter recebido a determinação de implantar uma política de desenvolvimento econômico robusta como o PICS – Programa de Impulsionamento da Indústria, Comércio e Serviços. Esse programa vem entregando resultados, permitindo que o governador e toda a sua equipe, possa escrever uma página bonita na história do nosso Tocantins.
Nossa missão é melhorar a vida das pessoas