Eduardo Fortes: “candidatura à prefeitura de Gurupi em 2024 passa pela decisão do meu grupo político”

04 fevereiro 2024 às 00h00

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Natural de São Joaquim da Barra, São Paulo, Eduardo Fortes (PSD) é graduado em veterinária pela UNIABC, com vasta experiência no setor cujo exercício de suas funções se deu em grandes multinacionais. Radicado no Tocantins desde 2009, migrou para trabalhar na área de controle de qualidade de uma grande rede de frigoríficos na cidade de Gurupi.
Oriundo de uma família que traz a “política na veia”, sempre preocupado com o lado social, logo iniciou ações que visavam ajudar as pessoas menos favorecidas. Por consequência, esse perfil lhe impulsionou para as disputas políticas, visando representar as comunidades mais desassistidas na Câmara de Vereadores da cidade. Disputou a eleição municipal em 2016, sendo mais votado da Coligação, obtendo 821 votos. Já em 2022, foi eleito deputado estadual pelo PSD, após obter impressionantes 15.466 votos.
Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção Tocantins, Fortes fala sobre a condução do seu mandato, expõe suas ações e legados na cidade de Gurupi, como também, fala das possibilidades de disputar a Prefeitura Municipal.

Acerca da sua trajetória política, tendo surgido de bases eleitorais mais modestas, o Sr. experimentou uma carreira política meteórica, uma vez que chegou no Tocantins apenas em 2009. Como avalia as votações que obteve, como também, qual o balanço desse primeiro ano de mandato como deputado estadual?
Desde quando comecei na política em 2017 como vereador, minha primeira ação foi implantar um projeto social denominado “Bairro a Bairro”, quando entramos em cada um dos setores da cidade para verificar e entender quais eram as necessidades de cada uma das comunidades. Devido a isso, montamos o projeto “Sopão Solidário” que é mantido até hoje, ou seja, há mais de 6 anos, nos setores mais carentes de Gurupi, todos os meses. Nessas comunidades também idealizamos um projeto esportivo denominado “Atletas do Amanhã”. Ajudamos as escolinhas dos setores com a doação de materiais esportivos (bolas, chuteiras, redes, etc) e promovemos torneios de futebol nos finais de semana, levando o esporte para toda a população desses bairros.
Verifiquei também, em muitos bairros, alguns terrenos baldios com muito mato e sujeira e isso me incentivou a montar hortas comunitárias
Verifiquei também, em muitos bairros, alguns terrenos baldios com muito mato e sujeira e isso me incentivou a montar hortas comunitárias, sendo a primeira no setor Bela Vista. Depois fomos expandindo para outros setores, em parceria com a UFT e empresários. Atualmente esse projeto está em pleno desenvolvimento e conseguimos atender a aproximadamente 3.400 famílias por semana, com um total de 14 hortas comunitárias. O importante é ressaltar que tudo isso é feito de forma gratuita para a população, contando também com a ajuda e parcerias de supermercados e empresários, entregando a essa população mais carente não apenas hortaliças, mas também, hortifrutis.
Além disso, essas atividades também geram empregos, porque dentro desse projeto temos 22 entregadores, que trabalham conosco. Inobstante a isso, mantemos também o projeto da “horta mirim”, cujo objetivo é ensinar às crianças o cultivo dos produtos. Com 40 crianças – entre nove e doze anos – em atividade, já formamos três turmas orientadas por professores comprometidos que dão aula duas vezes por semana sobre agricultura familiar, plantio, cultivo e colheita.
O que pensa do “engessamento” do legislativo de uma forma geral?
O legislativo em si, na verdade, depende muito do executivo, pois não tem o poder da “caneta”. Particularmente, eu gosto muito de resultados rápidos, gosto de fazer as coisas acontecerem e reconheço que tenho um perfil mais de gestor. Em muitas circunstâncias, assumo postura de execução, como por exemplo, na “casa de apoio” que inaugurei em fevereiro do ano passado. Ela foi planejada para atender pessoas que moram na região sul do Estado e que vêm fazer tratamento ou acompanhar pacientes na cidade de Gurupi. Essas pessoas não têm estrutura para permanecer na cidade. Esta casa de apoio conta com 28 leitos e oferece quatro refeições diárias, totalmente gratuitas. Algumas dessas pessoas não pernoitam na casa de apoio, porque passam apenas o dia na cidade para se submeter ao tratamento de hemodiálise. Porém, mesmo assim, fazem suas refeições por lá.
Particularmente, eu gosto muito de resultados rápidos, gosto de fazer as coisas acontecerem e reconheço que tenho um perfil mais de gestor
É um acolhimento para essas pessoas mais necessitadas que não tem condições financeiras de arcar com hospedagem e alimentação na cidade, enquanto durar o tratamento. Antes, elas ficavam pelos corredores, praças ou mesmo em casas de parentes que geralmente moravam longe da unidade hospitalar. Em aproximadamente 01 ano de funcionamento, já atendemos mais de 4.200 pessoas, prestando-lhes assistência material e psicológica.

Nesta linha de raciocínio de atos de execução, torna-se forçoso questionar-lhe: o Sr. é pré-candidato a prefeito de Gurupi?
Ainda estamos analisando, juntamente com todo grupo, essa possibilidade. Contudo, ainda não está definida a pré-candidatura porque, conforme o avanço dos debates, podem até surgir outros nomes. Então, caso eu seja o candidato, terá sido por decisão majoritária do meu grupo político.
Nossa decisão será conjunta, após analisar as demandas, necessidades e a vontade das pessoas que compõem esse grupo. Naturalmente, enquanto político oriundo da cidade, tenho vontade de governá-la, entretanto, isso não significa que estarei na disputa já na próxima eleição. Deus sabe de tudo e, também, o melhor momento. Vamos aguardar as convenções partidárias e o fechamento dos grupos.
Naturalmente, enquanto político oriundo da cidade, tenho vontade de governá-la, entretanto, isso não significa que estarei na disputa já na próxima eleição
E quem faz parte desse grupo que define essas metas e possibilidades?
Sempre estive ligado ao grupo do Osvaldo Stival, comandante da Cooperfrigu, que me trouxe, inclusive ao Tocantins. Também estou muito próximo do grupo do Laurez Moreira, que por sinal, fez uma excelente gestão em Gurupi obtendo aproximadamente 80% de aprovação por parte da população, além de vários empresários do setor agroindustrial da cidade e da região sul.
Caso o referido grupo formalize seu nome para a disputa nas eleições de 2024, surge um entrave político: o Sr. está filiado ao PSD, sigla comandada no estado do Tocantins pelo senador Irajá, declaradamente rival do governador Wanderlei Barbosa, do qual o Sr. espera apoio, face aos seus estreitos laços com o vice-governador, Laurez Moreira. Como sair dessa “sinuca de bico”?
Sinceramente, isso não me preocupa, uma vez que já conversei com o senador sobre o tema e lhe informei que estamos formando, pelo próprio PSD, um forte grupo de candidatos a vereador em Gurupi. É natural que caso eu seja candidato e, eventualmente eleito, precisarei de uma boa base parlamentar.
Minha relação com o vice-governador Laurez Moreira é muito estreita realmente, porém, creio que isso não atrapalha porque estamos falando de eleições municipais e não estaduais. É necessário haver uma confluência de ideias, porque política é democracia. Estou absolutamente tranquilo que não haverá interferências radicais por parte dos comandantes das siglas, pois todos nós somos representantes do povo. Temos que pensar, primeiramente, no bem-estar da população e suas necessidades.

O Sr. trouxe um novo debate para a Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins, a preocupação com a causa animal. Seria importante que discorresse sobre o tema.
Minha formação em veterinária naturalmente sempre impulsionou minha paixão por animais. Sempre defendi essa causa, ainda enquanto vereador na cidade de Gurupi onde consegui o primeiro castra-móvel para a cidade. Aqui na Assembleia não foi diferente e, na primeira semana de mandato, já reuni o pessoal das ONGs de Palmas para que pudéssemos discutir o que seria mais importante para o setor. Promovemos a primeira feira de doação de animais no espaço físico da Assembleia Legislativa e foi um sucesso. Vamos fazer em 2024 novamente. Além disso, tivemos quatro projetos sancionados que tratam da causa animal em 2023 e neste ano já há perspectiva de aprovação de outros, cujos modelos trouxemos de outros Estados visando beneficiar as pessoas que também se preocupam com esse tema.
Minha formação em veterinária naturalmente sempre impulsionou minha paixão por animais.
Estamos viabilizando o Hospital Veterinário de Palmas. Já consegui o terreno, em parceria com a UFT, que vai começar a ser construído agora em 2024, juntamente com a primeira UPA veterinária do Estado do Tocantins, já que a universidade contará com o curso específico nessa área a partir desse ano [na capital]. Articulei com muitos políticos de Tocantins, entre os quais os senador do Eduardo Gomes e os deputados federais Alexandre Guimarães e Ricardo Ayres, como também emendas destinadas por mim mesmo, visando concretizar esse projeto.
Essa população de animais, cujos donos não conseguem arcar com custos veterinários, ficarão assistidas. É preciso pontuar ainda que já está incluso no PPA e orçamento de 2024, após minha atuação parlamentar, a construção – por parte do Governo do Tocantins – de outras UPAS veterinárias em Araguaína e Gurupi.
O Sr. também elaborou requerimento para que fosse implantados UTI no Hospital Materno Infantil de Gurupi, uma antiga reivindicação da população local.
Sempre defendi essa causa, desde os tempos da pandemia, visto que as crianças são mais fragilizadas. Além disso, em razão da localização, Gurupi é considerada a capital do sul e, por consequência, atende toda aquela região quando o assunto é saúde. Hoje, por falta dessa UTI Neonatal, caso o problema seja grave, o bebê geralmente tem que ser encaminhado para a capital e, muitas vezes, depende do translado e de condições de saude adequadas para o transporte. Muitas crianças, inclusive, acabaram falecendo durante o trajeto, que torna-se penoso. Em razão disso, após reiterar os meus pedidos, foi incluso no orçamento de 2024 a construção da UTI infantil no Hospital Regional de Gurupi.

E quanto ao Hospital Geral de Gurupi? A obra ainda continua parada e inacabada?
Sim, há problemas estruturais que precisam ser reparados ou refeitos na íntegra, como a parte elétrica, por exemplo. No ano passado, juntamente com o secretário de saúde e uma comitiva de técnicos, fizemos uma vistoria no local. Será necessário algumas reformas estruturantes. Todos nós, políticos, que preocupamos com aquela cidade e região estamos prontos para colaborar, ou destinar emendas, para que a obra seja entregue o mais rápido possível e possa atender as demandas e necessidades urgentes daquela população. A projeção da equipe é que o governador Wanderlei Barbosa entregue até o final de 2024, pelo menos a primeira ala daquela unidade hospitalar.
Na condição de deputado e representante da região sul do Estado, na sua visão, qual é o maior gargalo?
A região vem crescendo muito em razão do agronegócio, vem se destacando como uma grande fonte de riqueza e renda. Atualmente, sou presidente da frente parlamentar da agroindústria e, juntamente com várias associações, empresariado, entidades e sindicatos, temos feito várias discussões e articulações visando melhorar, ainda mais, o setor.
Há um potencial agrícola incomensurável e 2024 é um ano peculiar. Todos os nossos esforços são no sentido de trazer indústrias e minimizar a dependência de Estados circunvizinhos. O Tocantins possui uma logística ímpar e isso precisa ser melhor explorado. Diante dessas circunstâncias, respondendo à sua pergunta, o maior gargalo do Tocantins como um todo, é a necessidade de sua industrialização, que aumentará a produção de emprego e renda, além do fortalecimento da economia do Estado.
Todos os nossos esforços são no sentido de trazer indústrias e minimizar a dependência de Estados circunvizinhos. O Tocantins possui uma logística ímpar e isso precisa ser melhor explorado
No que concerne a extensão da BR-242, a construção da travessia da Ilha do Bananal permitirá que a produção agrícola do Mato Grosso seja mais facilmente exportada através do porto seco da ferrovia Norte-Sul, localizada em Gurupi, até o porto de Itaqui no Maranhão. Qual é a sua percepção acerca desse tema?
A concretização dessa obra é um sonho de muitos tocantinenses e, realmente, seria de grande valia para ambos os estados. Contudo, vejo um certo “travamento” por parte do governo federal em relação a essa obra. Na minha visão, é necessário um grande alinhamento de forças políticas dos governos do Estado do Tocantins e de Mato Grosso, como também, de seus respectivos parlamentares, visando uma grande coalizão. Precisamos demonstrar para as autoridades federais a importância da travessia da Ilha do Bananal, que vai, naturalmente, impulsionar o escoamento da produção agrícola da região.