Karynne Sotero Campos é natural de Brasília (DF) e criada em Porto Nacional. Empresária e publicitária, anteriormente, havia ocupado o cargo de secretária Executiva da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), onde liderou projetos como o “Foco no Fogo”, reconhecido pela sua eficácia na preservação e prevenção de incêndios florestais por meio da conscientização.

Atualmente, como primeira-dama do Tocantins e secretária Extraordinária de Participações Sociais, trabalha ao lado do governador Wanderlei Barbosa (REPU), concentrando esforços em iniciativas destinadas ao auxilia de crianças, idosos, mulheres, pessoas com deficiência e em situação de vulnerabilidade social.

Na entrevista do Jornal Opção do Tocantins desta semana, Karynne mostra como tem se dedicado à busca por projetos e melhorias no atendimento e cuidado com as pessoas e no suporte a instituições sociais.

Foto: Loise Maria/Governo do Tocantins

Como a Sra. classifica o trabalho que vem sendo realizado a frente da Secretaria Extraordinária de Participações Sociais?

Tem sido um grande desafio para mim. Assim que eu assumi a Secretaria e o posto de primeira-dama, vi que as pessoas estavam muito carentes desse olhar da mulher, da primeira-dama. Há muito tempo não tínhamos essa presença atuante e eu gosto muito de desenvolver projetos e fazer acontecer.

Eu vim da Secretaria do Meio Ambiente, onde desenvolvemos o projeto “Foco no Fogo”, que hoje é um programa de renome de educação ambiental sobre queimadas. Eu sou muito de execução. Fui atrás dos projetos de ação social que estavam paralisados no Estado e comecei a trabalhar em cima deles.

Hoje meu carro-chefe é o “Recriarte”, que é um projeto da Setas (Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social) em que oferecemos mais de 15 cursos. Estamos com duas sedes, reformando-as aqui em Palmas. Vamos inaugurá-las, com fé em Deus, esse ano. Vai vir um novo formato, com mais cursos. Dentro dele, vai vir o projeto de padaria artesanal, que é um projeto da Lu Alckmin, que eu estou trazendo aqui também para o Estado.

Uma outra bandeira que levanto é a do idoso. Eu percebi que, assim que assumi, não tínhamos nenhuma política para o idoso. Não tínhamos ações ou projetos. O olhar do governo, anteriormente, não era para o idoso. Mas a partir do momento que descobri isso, já passei para o governador Wanderlei Barbosa. Ele me deu apoio em tudo e recebi o Conselho Estadual da Pessoa Idosa. Há tempos eles queriam dar procedência ao Fundo Estadual da Pessoa Idosa para poder receber verba federal. Só que esse fundo não saía, era muito burocrático. Desde 2017 que esse fundo estava engavetado. Nos posicionamos, colocamos para andar e, no mesmo dia, o governador já assinou. Hoje estamos com o fundo pronto e temos buscado melhorar cada dia mais.

É muito desafiador, mas é uma área que eu gosto muito, que é estar sempre com pessoas, em contato com pessoas. E essas pessoas que não tinham visão, que não recebiam as ações do governo, ou que as ações não eram vistas, agora estamos conseguindo atingi-las.

Quais são as áreas dos cursos do “Recriarte”?

Além da panificação, seriam cursos de beleza, manicure e pedicure, maquiagem, design de sobrancelhas, serigrafia, artesanato, corte e costura, crochê, culinária, cortes de cabelo e muitos outros. Estamos com o objetivo de inovar, também procurando cursos que abranjam a internet que, no momento, encontra-se em alta, como o Instagram. As pessoas vão sair desses cursos já com sua profissão. Vão sair de lá aprendendo fazer alguma coisa. Mas como é que ela vai vender esse produto? Também vamos inserir algum curso que ensine ele a trabalhar com essa ferramenta de vendas que é o celular.

Além da situação dos idosos, quais são os gargalos sociais que a Sra. enxerga hoje no Tocantins?

Eu quis sempre que o meu olhar estivesse voltado para as pessoas que não têm muito acesso às políticas públicas do estado, que são as mulheres quilombolas, as indígenas, as quebradeiras de coco, as crianças, enfim. Temos desenvolvido projetos também para elas e para os nossos jovens. O projeto Jovem Trabalhador está com mais de três mil jovens trabalhando, são três mil famílias sendo beneficiadas. Além dessas, acima de tudo, tem sido minha bandeira fundamental, o idoso.

Foto: Loise Maria/Governo do Tocantins

Seria interessante que a Sra. expusesse sobre a ajuda humanitária para o Rio Grande do Sul. Como tem sido essa frente de trabalho que está sob seu comando?

Nos reunimos, nesta semana, com vários secretários e traçamos um plano de trabalho. Vieram aqui os representantes da Assembleia Legislativa, do Centro de Tradições Gaúchas (CTG), da Associação de Produtores de Soja do Tocantins (Aprosoja-TO), da Associação Comercial e Industrial de Palmas (Acipa) entre tantos outros. Estudamos e analisamos como poderíamos traçar esse plano de trabalho, visto que os nossos irmãos Rio Grande do Sul estão sofrendo muito. Os dados a que temos acesso, indicam que, a cada dia que passa, a situação só piora.

Decidimos fazer essa força tarefa a pedido do governador. O governo do Tocantins vem acompanhando isso de primeira mão e fomos um dos primeiros Estados a enviar socorro. Enviamos equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, com viaturas e equipamentos.

Juntos, decidimos que poderíamos arrecadar alimentos. A abertura da Agrotins ocorreu nesta semana. Para ter acesso aos shows, foi solicitado um quilo de alimento não perecível. Todos alimentos que foram arrecadados no show e toda a verba arrecada nos camarotes vão ser destinados para lá. Esse grupo de trabalho foi fundamental, até para que possamos também passar para a população onde são os pontos de coletas.

Em todas as Secretarias conseguimos colocar mais de 400 pontos de coleta. Dentro desse grupo de trabalho e com as equipes de comunicação, estamos divulgando também o que doar. Porque, às vezes, as pessoas doam errado. Estamos com pouco tempo e essas doações “têm que ser para ontem”. Moramos muito distantes de lá, então, tudo o que arrecadarmos vai demorar para chegar. O nosso clima é totalmente diferente do clima deles. Estamos focados em arrecadar alimentos, fraldas, leite, alimentos para animais, como ração. O governo do Rio Grande do Sul passou uma relação e, em breve, começaremos a divulgar o que mais eles estão precisando nesse momento.

A Sra. está em um espaço de poder, o secretariado, que muitas vezes é ocupado por homens. Como tem sido a experiência de estar no primeiro escalão, na condição de mulher?  Como tem sido esse trabalho e estar nessa frente, ao lado de muitos homens e, às vezes, sendo até minoria em alguns espaços?

É desafiador, porque realmente vivemos nesse mundo político. Nesse universo, o homem tem a maioria. Eu sempre digo que é uma conta que não fecha, porque nós mulheres somos o maior eleitorado, entretanto, a representatividade na política é do homem. O que eu tenho feito é sempre estar encorajando outras mulheres.

Acredito muito na força da mulher, acredito que tudo o que ela faz é com capricho, com garra. Eu tenho feito várias ações que, antes, não eram feitas. Porque não havia  um olhar da mulher, o olhar da primeira-dama.

Devemos sempre encorajar outras mulheres, nos colocando à disposição. Tenho recebido várias associações de mulheres aqui. Volto a dizer: somos minoria na política, mas nós vivemos um tempo de um governo sobressalente. O governador tem dado muito espaço às mulheres. Assim que ele foi eleito, criou em primeira mão, a Secretaria da Mulher que tem a Berenice Barbosa à frente. Ela tem feito um trabalho extraordinário. Temos a Narubia Werreria, que está à frente da Secretaria de Povos Indígenas. A Secretaria da Pesca que, é até então, sempre foi ocupada por homens, hoje é ocupada por uma mulher, Miyuki Hyashida. Eu assumi essa outra secretaria e temos vários outros casos de mulheres no governo, como a Denise Rocha na Agência de Fomento, por exemplo.

Ele tem dado muito espaço. As minhas demandas como primeira-dama e como secretária, tudo o que eu faço e falo para ele em relação às mulheres e outras demandas também, é sempre bem aceito. Temos que aproveitar esse momento que o governador tem dado espaço para nós.

Para perpetuar essa onda de mulheres ocupando cargos importantes, a Sra. tem alguma intenção futura para além daqui? A Sra. tem alguma intenção de se candidatar?

Essa é uma pergunta que eu recebo diariamente, inclusive, estava agora almoçando com um prefeito que perguntou se eu tinha essa intenção. Confesso que gosto muito de estar no meio do povo, de ações sociais, de estar trabalhando, e ajudando o próximo. As pessoas falam “se você se candidatar, eu vou votar em você”. Entretanto, hoje o meu plano, realmente, é ser primeira-dama, é efetuar e exercer esse trabalho com excelência. Quero me dedicar ao máximo, ao máximo mesmo, porque eu acredito muito nas missões que Deus coloca nas nossas vidas e foi ele que me colocou nesse lugar aqui. Eu vou honrar cada dia que eu passar aqui como primeira-dama e como secretária.

No futuro, se surgir a possibilidade de uma candidatura, claro que sempre com aval do Wanderlei, que ele é quem me orienta, quem sabe? Todo o trabalho que eu faço é ele quem está ao meu lado. É ele quem me dá oportunidades e que me valida sempre. Se houver o aval dele, poderemos pensar no tema.

Foto: Loise Maria/Governo do Tocantins

Como é conviver com um governador? Dá muito trabalho?

Ele dá trabalho numa só questão: é incansável. Tenho dificuldades de acompanhar a agenda dele. A minha já é cheia, mas a dele, para eu conseguir acompanhar é uma luta, viu? Ele é muito ativo, não gosta muito de gabinete, de ficar fechado. Inclusive o gabinete dele é de portas abertas sempre. Aqui entram prefeitos, vereadores, deputados e secretários.

Implantei projeto aqui no Palácio, que se chama “Portas Abertas”. Trazemos aqui para o Palácio grupos de crianças, idosos, indígenas, mulheres e outros, para fazer um “tour” e depois vamos com eles para Palacinho. Eles conhecem toda a história do Tocantins. É bem bacana. No final, fazemos uma visita ao museu e encerramos aqui no meu gabinete com um lanche maravilhoso. O projeto Portas Abertas visa exatamente mostrar que é essa a nossa intenção: ter o povo perto de nós.

Além desse projeto e outros já ditos, tem outros que estão em andamento?

Temos também a Casa do Idoso, que fica na região sul de Palmas. Ela estava fechada também. Era um projeto da Dulce Miranda, mas não estava mais funcionando. Agora fizemos um convênio com a Setas, estamos reformando o local. Lá passavam mais de 200 idosos por dia. Era um espaço lindo, maravilhoso e meu objetivo é que esteja tudo novinho novamente para eles. Consegui, junto ao Ministério do Esporte, uma academia ao ar livre que vai ser instalada lá. Vamos firmar uma parceria com a Secretaria da Saúde, que levarão os profissionais, como fisioterapeutas, psicólogos, e todo esse acompanhamento. O idoso tem sido um grande foco da minha atuação como secretária e primeira-dama.

Foto: Loise Maria/Governo do Tocantins

Além disso, temos todas as datas comemorativas. Fazemos questão de promover celebrações com muita presença do governo, como foi a Páscoa, o Dia das Crianças, o Dia da Mulher, o Dia das Mães e, principalmente, o Natal. Neste ano, a população pode esperar pelo Natal que será lindo, principalmente para as crianças mais carentes.

Havíamos lançado um projeto chamado “Agrotins alimenta quem precisa”, para arrecadarmos alimentos parar doar em nas instituições das quais já somos parceiros, como o Lar Batista, a Casa Sagrado Coração de Jesus e outros. Elencamos 20, porque existem várias e todas que precisam muito de ajuda.

Ocorre que as coisas de Deus não são como as nossas. Aconteceu esse desastre no Rio Grande do Sul e o governador me questionou como poderíamos ajudar. Respondi de imediato que mudássemos o nosso foco. E esse pessoal aqui (do Tocantins) precisa, mas eles já têm comida, caminha quente, têm onde dormir e há outras fontes de doação também.

Resolvemos repassar os alimentos arrecadados com os shows e o dinheiro do camarote para o Rio Grande do Sul. E os itens arrecadados na “Agrotins Alimenta quem precisa” continuam com as nossas entidades daqui.

Atualmente, 48% das empresas de Tocantins são lideradas por mulheres, segundo o levantamento da Jucetins e do Sebrae. Qual sua percepção sobre esse protagonismo comercial?

É um número muito expressivo. Isso mostra como as mulheres são dedicadas, pois elas se qualificam, tem garra. E atento a isso, o governo do Estado, através da Agência de Fomento, disponibilizou crédito para mães e mulheres empreendedoras. Esse é um passo muito grande.

Recebemos muitas mulheres aqui que têm vontade de atuar, mas não conseguem porque não tem por onde começar, não têm dinheiro e nem incentivo. Esta linha é mais um passo do governo, mais um olhar que ele tem para o sexo feminino. Isso demonstra que esse é o nosso momento, é o momento da mulher. Como diz a minha amiga Claudinha (deputada Claudia Lellis), tem que pegar essa pranchinha e começar a surfar, porque é o momento da mulher. O governo tem dado todos os meios para isso. Parabenizo muito a Agência de Fomento por essa iniciativa.

Foto: Frederick Borges/Governo do Tocantins

Agradecemos a oportunidade. A Sra. teria algo para acrescentar que ainda não tenha sido questionado?

Deixo aqui o meu apelo a todos tocantinenses para que tragam alimentos, água potável, fraldas, leite ninho para ajudar o povo do sul. Um pacote de feijão que você pega dentro da sua casa e traz para cá, não é nada, temos vários pontos de coletas, mais de 400 órgãos do Governo do Estado, o engajamento da Assembleia Legislativa, das Prefeituras e escolas dos 139 municípios. Todos esses locais são pontos de coleta.

Meu desejo é que possamos ajudar as pessoas. O que temos visto é de partir o coração. Essa é a hora que eles mais estão precisando de nós. Tenho certeza que nós, dando as mãos e unindo essas forças, conseguiremos ajudá-los. Durante o evento da Agrotins, caros tocantinenses, não deixem de levar alimentos não perecíveis, para que possamos ajudar a nossa própria população.