Alvaro Vallim, Ruy Bucar e Elâine Jardim

A comunicação pode ser o meio pelo qual um governo tenha um grande sucesso, ou desça ao poço profundo do fracasso. Assim um governante que se comunique bem com o povo tem grandes chances de fazer um governo de grande sucesso. Mas não basta ao político falar bem e ter contato com a população, é necessário que tenha um aparato profissional que consiga fazer chegar ao povo suas ações e todo o trabalho feito em favor deste próprio povo e que ajude as pessoas a conhecerem o que o Estado faz e pode fazer para melhorar suas vidas.

Dentro desses parâmetros o Jornal Opção – Tocantins convidou o secretário de Comunicação do Governo do Estado para falar do trabalho que vem sendo realizado pela pasta. No governo de Wanderlei Barbosa (Republicanos), primeiro tocantinense de nascimento, o jornalista Márcio Rocha é o segundo a assumir a pasta. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), Márcio é empresário do ramo e presidente licenciado da Associação Tocantinense dos Veículos de Comunicação (Avecom).

Além disso, tem 25 anos de experiência em diversas áreas da Comunicação e chegou ao Tocantins em 1991. É pernambucano de nascimento, mas sempre afirma que é tocantinense de coração.

Nesta entrevista exclusiva, Márcio fala sobre as mudanças que fez na pasta para conseguir um melhor desempenho do trabalho de fazer chegar a todos os tocantinenses as ações e trabalhos do governo Wanderlei Barbosa. Participaram da entrevista os jornalistas Ruy Bucar, Alvaro Vallim e Elâine Jardim.

Pouco antes da entrevista ter sua gravação iniciada, Márcio Rocha falava de uma das dificuldades da comunicação governamental que é o fato de mais de 50% da população dizer que se informa através de aplicativos de mensagens. Entretanto, o que elas leem nesses aplicativos são links de veículos de comunicação, contrariando a tese de que os veículos de comunicação não informam mais a população e que é hora dos veículos estarem nas redes sociais e nos aplicativos. E foi esta a deixa para o início desta entrevista.

Ruy Bucar – Secretário, qual é o desafio da comunicação governamental, nos dias atuais, em que há uma crise cada vez mais acentuada por conta da emergência das redes sociais que trouxeram embutida as Fake News? Como é que o governo faz para se comunicar?

Márcio Rocha – A comunicação do Estado funciona basicamente recebendo as demandas da população e fazendo com que a população saiba o que a gente está fazendo em prol dela. Vou te dar um exemplo. A gente acabou de inaugurar o Pronto, lá em Gurupi. Antes de inaugurar o Pronto, a gente tem que fazer com que a população do Estado conheça que isso existe. E depois, receber as demandas daquelas pessoas, fazer uma filtragem e dizer o que nós estamos fazendo para conseguir fazer um atendimento que vá ao encontro das demandas daquela população. Então a gente tem feito isso por diversos mecanismos. A gente tem feito isso através do nosso jornalismo. Contamos com a mídia espontânea pra fazer isso. As redações têm sido muito parceiras do governo em sentido de reverberar essas ações que nós desenvolvemos.

Uma dessas tecnologias que usamos nas nossas redes sociais é a inteligência artificial, principalmente na produção do material gráfico

Fora isso, um setor que nós estruturamos junto com o governo também, desde que eu ingressei, em maio de 2022, foram as redes sociais. Então, nós fizemos um incremento muito grande nas redes sociais, principalmente na questão da mão de obra. Nós trouxemos profissionais experimentados no mercado. Trouxemos também, junto com esses profissionais, equipamentos novos, drones, máquinas fotográficas, aparelhos de celular e vamos, aos poucos, incorporando as novas tecnologias. Uma dessas tecnologias que nós usamos hoje nas nossas redes sociais é a inteligência artificial, principalmente na produção do material gráfico que vai nessas redes sociais.

Outra coisa, na secretaria nós temos vários setores, mas os principais são o jornalismo, a publicidade e as redes sociais. E aí nós fazemos essa integração desses três setores para conseguir efetivamente comunicar à população sobre os trabalhos que nós, enquanto governo de Estado, estamos desenvolvendo. Eu sempre digo pro pessoal que a gente tem um produto excelente nas mãos, que é o governador Wanderlei Barbosa e a forma dele trabalhar, a forma dele gerenciar o Estado, que é muito direta, com humildade, com bastante pé no chão, mas sem desfocar do resultado. E o resultado principalmente pra população mais humilde.

Não adianta a gente se fechar numa bolha e achar que a gente se comunicando com a elite e recebendo esse feedback dessa elite, pensando que isso é comunicação. Não, queremos é uma comunicação principalmente com a população que mais precisa. Porque ela é que vai demandar o serviço. Ela é que vai demandar uma carteira de identidade. Ela é que vai demandar uma conta de água, uma conta de luz. Ela é que vai demandar um serviço público de qualidade, dos quais nem sempre o Estado é concessionário, mas o Estado é fiscalizador.

A gente tem, por exemplo, agora a questão da digitalização dos processos burocráticos do Estado através do Pronto Digital. Então, hoje a pessoa consegue entrar ali na internet e imprimir suas contas e buscar suas demandas e fazer uma reclamação. Serviços de diversos órgãos. Hoje a gente tem, se não me engano, mais de 400 serviços já instalados no Pronto Digital.
E a nossa função enquanto Secretaria de Comunicação é fazer com que essa população entenda do que se trata e que ela efetivamente utilize esse serviço para o próprio benefício. Isso se reflete no quê? Se reflete nessa alta aprovação que o governador Wanderlei Barbosa vem demonstrando aí no decorrer do tempo.

Nós tivemos acesso a três pesquisas nacionais que mostram que ele está liderando os 90% de aprovação. Isso é algo, eu vou confessar pra vocês, que é até um pouco assustador. Porque a manutenção desses números é um grande desafio. O maior desafio é esse, a gente manter esse nível de aprovação. Não que seja algo que a gente busque de qualquer forma. Mas a aprovação, ela é o resultado do trabalho que a gente vem desenvolvendo.

A gente não busca, não trabalha pra buscar a aprovação. mas ela é o termômetro da consequência do trabalho que a gente vem desenvolvendo. Então, quando a gente vê o governador e o governo atingindo esse nível de popularidade, é um sinal que o governo vai muito bem e a comunicação vai muito bem.

A gente tem um produto excelente nas mãos, que é o governador Wanderlei Barbosa, a forma dele gerenciar o Estado, com pé no chão

Ruy Bucar – Como sr. mencionou, o Governador é um produto interessante, ele se movimenta com facilidade, tem uma conexão com o povo. Como é o trabalho da comunicação preventiva, para evitar problemas?

Márcio Rocha – Essa questão da conexão do governador com a população é interessante, porque as reclamações muitas vezes chegam primeiro pra ele do que pra nós, porque ele tem uma conexão direta. O Instagram dele é ele quem gerencia. Então, a pessoa ter uma reclamação no hospital, ele é o primeiro a ouvir. Antes da gente saber, ele manda uma cobrança e fala o que está acontecendo aqui e ali, e a gente tem que agir para resolver. E tem que demonstrar que aquilo está sendo resolvido. E isso é a gestão de resultado.

Então, por exemplo, nós temos hoje com a Secretaria de Comunicação, basicamente três grupos de crise permanentes. Nós temos um grupo de crise da saúde, um grupo de crise da segurança pública e um grupo de crise que serve para crises em geral. Quando eu falo crise, são os problemas corriqueiros do dia a dia, né? Por exemplo, a gente tem, quando a gente tem uma denúncia de que um ônibus escolar não está sendo devidamente utilizado para a finalidade do transporte escolar. Isso aí a gente vai tratar no grupo na demanda de crise no geral, porque não tem um específico para a educação.

Como é que aquilo aconteceu, como é que nós vamos responder isso para a imprensa e para a população e como é que nós vamos resolver esse problema. Então, assim, a gente tem uma interação entre todos os setores do governo que é fantástica. Quando a gente recebe uma demanda como essa, imediatamente a gente aciona a secretaria. Por exemplo, a gente vai lá, nesse caso do ônibus escolar, a gente aciona a Secretaria da Educação para resolver o problema e a gente já responder também.

Quem é bom de desculpa não é bom em mais nada. Então, o governo tem que trabalhar e se movimentar em todos os setores

Ruy Bucar – Não só apresentar justificativa, encontrar desculpas?

Márcio Rocha – Quem é bom de desculpa não é bom em mais nada. Então, o governo tem que trabalhar e se movimentar em todos os setores. A gente tem a questão das cirurgias eletivas, a terceira menor fila do Brasil de cirurgias eletivas. Temos hoje, em torno de 3 mil pessoas na fila de cirurgia. E hoje a gente já tá numa busca ativa dessas pessoas, porque muitas vezes essas pessoas mudaram de número de telefone.

Estamos com campanhas no ar pra dizer para pessoa que precisa de uma cirurgia eletiva, que ela se identifique para poder ser atendida. Ao mesmo tempo, a gente tem aqui um exemplo de Goiás, nosso estado irmão aqui. Se eu não me engano, há pouco tempo atrás, não sei qual é a realidade de hoje, mas alguns meses atrás tinha cerca de 120 mil pessoas na fila de cirurgias eletivas. Então nós temos números muito bons e isso também serve como termômetro para dizer que a gente está no caminho certo, mas a gente precisa resolver.

Então, nós trabalhamos muito a questão da comunicação no sentido de dar uma resposta imediata, retoricamente falando, mas também de dar uma resposta efetiva para o problema, através da transversalidade que a gente tem entre as secretarias e nós nos livramos ou nos blindamos dos problemas através de muito planejamento em todos os setores, seja na questão do planejamento financeiro, através da Secretaria de Planejamento e da Fazenda, seja através da Secretaria da Agência de Transporte, Obras e Trajetos, seja através da Educação, da Saúde, da Segurança Pública.

Nós vivemos um problema gravíssimo aqui de segurança pública em dos primeiros semestres. Não tem como você negar que estavam ocorrendo assassinatos. E nem que aquilo era uma guerra de facções. O que a gente foi buscar? Efetividade. Como é que a gente resolve esse problema efetivamente? Através de um choque de gestão da Segurança Pública. A Polícia Militar colocou a tropa na rua, a Polícia Civil entrou em parceria investigando, prendendo os mandantes desses crimes bárbaros e devolvendo a sensação de segurança para a população.

Então, eu diria que se eu pudesse responder em uma palavra, o que significa o nosso trabalho hoje, é transversalidade. E isso se reflete na melhoria da qualidade de vida da população. Então, eu diria que o nosso carro-chefe, a palavra, seria essa transversalidade em nosso trabalho.

A Inteligência Artificial veio pra ficar. A gente tem duas opções. Pode tratá-la como aliada ou fazer de conta que não existe e ser engolido por ela

Alvaro Vallim – O sr. tem manifestado o desejo de usar Inteligência Artificial na otimização da comunicação governamental. Já tem uma ideia da incorporação dessa tecnologia na redação?

Márcio Rocha – Sim, nós já estamos usando Inteligência Artificial na área de artes e design gráfico e vamos avançar para as outras áreas, inclusive a Redação. Eu até já reuni a equipe e dei para eles a missão de trazer projetos, cada um na sua área, jornalismo, publicidade, redes, administrativo, todas as áreas da secretaria. Eu dei para eles o prazo de 31 de janeiro, para que todos eles me tragam projetos de como utilizar a inteligência artificial nos seus setores. Porque a Inteligência Artificial veio pra ficar. A gente tem duas opções. A gente pode tratar ela como uma aliada e melhorar o resultado do nosso trabalho, ou fazer de conta que ela não existe e ser engolido por ela. Então, eu prefiro ser aliado da tecnologia. Vai substituir a gente? Eu não diria substituir, mas vai aprimorar.

Eu vou te dar um exemplo. Já existem alguns casos que a Inteligência Artificial, com você preenchendo alguns parâmetros. Ela cria uma redação pra você, mas ela não vai lá, por exemplo, entrevistar o governador, ela não vai lá entrevistar o secretário, ela não vai lá ver o que está sendo dito ali, será que essa pessoa está sendo sarcástica no que ela disse? Então, onde é que eu tenho que encaixar o elemento humano? Nesse trabalho que a máquina não consegue fazer, de ele pegar essa redação, colocar isso a favor dele. E a pessoa olhar como é que a partir daquela redação que foi construída pela máquina, que ela pode melhorar aquilo ali para que fique uma reportagem completa.

E isso eu estou dando um exemplo aleatório, por exemplo, na publicidade. Eu quero criar uma campanha publicitária, vamos supor, como tem agora para a Fenesup (Feira de Negócios do Sul de Palmas). Então, eu pergunto o seguinte, dadas as condições da população local, do ponto de vista econômico-financeiro, qual seria o tipo de veículo de comunicação ideal para divulgarmos a feira?

Hoje, a inteligência artificial já consegue dizer, olha, carro de som ainda funciona para esta localidade. Agora, quer dizer que a inteligência artificial vai substituir os profissionais? Não, ela vai aprimorar a qualidade daquele profissional.

Hoje 99% da população se comunica de alguma forma de longa distância, principalmente pelo aparelho celular

Alvaro Vallim – Secretário, durante algum tempo, a gente avaliou, de uma forma errônea, que uma determinada parcela da população não teria acesso à comunicação eletrônica porque havia uma deficiência de internet no Estado. A gente achava que esse povo estava fora, que a gente teria que fazer jornal impresso para levar lá para eles. Mas também tinha o fato que uma parcela grande não sabe ler. Como é que a Secretaria está atingindo este público?

Márcio Rocha – Realmente, a gente achava que essas pessoas não estavam incluídas no digital e, na verdade, eu diria que hoje 99% da população se comunica de alguma forma de longa distância, principalmente pelo aparelho celular. Então, um programa muito interessante que o governo do Tocantins vai levar para as comunidades quilombolas, ribeirinhas, indígenas é o acesso à internet de alta velocidade para essas comunidades. Instalamos um projeto piloto lá no Jalapão, e aí colocamos uma torre de celular com fibra óptica, ou seja, internet de alta velocidade, para essas pessoas, primeiro, terem sinal de internet e sinal de internet com qualidade.

Fazemos uma comunicação o mais simples possível para que as pessoas entendam

Segundo, nós fazemos uma comunicação o mais simples possível para que essas pessoas entendam. Então, nem sempre eu escrever um texto vai ser suficiente, porque, como você disse, algumas pessoas não sabem nem ler. Mas, como é que essas pessoas se comunicam? Olha, através do aplicativo de mensagem, através da rede social, através do vizinho que fala pra ela, o famoso “boca-a-boca”, mas esse vizinho também precisa estar informado de algum jeito pra ele poder passar essa informação.

Então, esse programa do governo de levar a internet pra essas comunidades é o primeiro passo, o segundo passo é exatamente a gente fazer, utilizar mecanismos de comunicação como, por exemplo, a reportagem falada não só com imagem, mas muitas vezes através do rádio, através da voz, do podcast para que essas pessoas saibam o que está acontecendo.

Então, eu diria pra você que quando a gente faz a comunicação escrita, falada e em vídeo, a gente consegue chegar a uma grande parcela da população, principalmente por causa do celular. E com esse programa do governo, que deve levar a mais de 600 localidades essa internet de alta velocidade, a gente vai tirar muita gente do isolamento.

Isso vai acontecer não só do ponto de vista da informação, mas também do ponto de vista da cidadania. Porque a gente tem serviços digitais agora, que eu acabei de falar pra vocês, que estão sendo instalados pela ATI [Agência de Tecnologia da Informação], que a pessoa não vai mais precisar sair do Mumbuca ou sair do Carrapato, lá das comunidades quilombolas tradicionais, para conseguir ter acesso a uma carteira de identidade, para ter acesso a uma conta de água, para ter acesso a uma reclamação em um órgão de fiscalização, em um Naturatins da vida. Ela, com um clique, através de um aparelho de celular, ela vai conseguir fazer isso direto da sua comunidade. E isso se reflete diretamente nessa qualidade de vida dessa população.

Governador foi muito enfático. Temos que olhar para a população carente, porque ela é que mais carece da mão do Estado

Porque o governador foi muito enfático. Ele falou que nós temos que olhar para o pequeno, nós temos que olhar para a população carente, porque ela é que mais carece da mão do Estado, não é o grande, o grande ele também precisa, mas ele precisa menos, proporcionalmente ele é muito menos dependente do Estado do que o pequeno. Então é essa sensibilidade que o governador tem no trato dele, que ele faz questão de colocar para a equipe e falar: Faça uma comunicação para aquelas pessoas, faça uma comunicação que atinja os excluídos.

Por exemplo, quando a gente faz nossas campanhas publicitárias, a gente sempre faz questão de colocar nessas campanhas a linguagem dos sinais, porque tem algumas pessoas que têm problema de surdez e se ela não tiver a linguagem de sinais, ela não vai conseguir entender que tipo de serviço a gente está oferecendo. Mostramos o que o governo do estado está fazendo em prol da vida dessas pessoas, porque existe uma ideia errada de que a comunicação do ponto de vista da propaganda, que é um dos setores da secretaria, que está ali para promover o governo.
A publicidade não está ali para promover o governo. A aprovação do governo é consequência do trabalho desenvolvido por cada pasta. Ela está ali para demonstrar o que o governo está fazendo em favor da população. Por quê? Porque essa é uma demanda primordial do serviço público, a publicidade do serviço que ela oferece e a Secretaria trabalha muito nesse sentido, de levar até a população o conhecimento das coisas às quais ela tem direito e do trabalho que a gente está desenvolvendo e, inclusive, da solução daquelas demandas que ela tem do dia a dia.

As Fake News hoje prejudicam todo mundo, tanto as pessoas da esquerda, quanto da direita

Ruy Bucar – Reunidos no Paraná, os secretários de comunicação dos estados reforçaram a estratégia de atuação em conjunto no combate às Fake News. Como será essa atuação?

Márcio Rocha – Eu vou começar dizendo que a questão da fake news não tem bandeira partidária. As Fake News hoje prejudicam todo mundo, tanto as pessoas da esquerda, quanto da direita. Por quê? Porque você tem setores extremistas de ambos os lados e que, através das Fake News, alimentam verdadeiras campanhas de ódio nas redes, que muitas vezes chegam até a matar. Tem pessoas que são vítimas dessas campanhas de ódio que tiram a própria vida. Algumas pessoas são literalmente linchadas em praça pública porque são apontadas como criminosos e a população ali naquele afã de querer fazer a justiça com as próprias mãos acaba com a vida daquela pessoa. Então assim, Fake News é um problema de todos. Primeira coisa que precisa ser dita é isso.

Isso ficou muito claro quando nós reunimos os secretários de comunicação do Brasil inteiro no último fórum que nós tivemos em Foz do Iguaçu, agora no mês de novembro. Só que pra gente começar a trabalhar, a gente precisa da aprovação de leis. Pra gente ter efetividade, porque essas pessoas precisam começar a ser punidas para que elas não repitam o processo.
Primeiro, para que coíba, que a gente diminua isso que vem acontecendo, que a pessoa pense duas vezes antes de compartilhar um link. E as Fake News atrapalham em todos os sentidos. Então, o que a gente precisa, primeiro, é que o Governo Federal e o Congresso regulamentem e aprovem leis que efetivamente coíbam as Fake News, sem nenhum tipo de espectro político partidário.

E quando eu estive, inclusive, início do ano com o ministro Paulo Pimenta, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Federal, Paulo Pimenta, eu levei exatamente essa demanda para ele e eu falei, olha, nós queremos que o projeto que vocês têm em nível federal, que vocês nos refaçam para que nós também possamos instalar aqui um gabinete nos mesmos moldes. O governo federal é do PT. O governador Wanderlei Barbosa é do Republicanos. O partido é de centro-direita. O PT é de centro-esquerda. Mas essa é uma pauta comum a todos. Isso não faz diferença.

Quando chega alguma fake news, a gente sempre está fazendo material para rebater, mas só isso não é suficiente, porque a pessoa que produziu aquilo vai continuar produzindo outro porque tem que ter esse excuso e utiliza uma parcela da população fanatizada como massa de manobra para replicar aquilo. Então é um processo que, tanto do espectro da direita quanto da esquerda, é prejudicial, mas é prejudicial para a população. E essa população mais carente, mais pobre de informação, muitas vezes é a que mais consome esse tipo de notícia. Por quê? Porque ela não consegue avaliar o que é verdade e o que é mentira.

Então o que eu peço é que os nossos congressistas eles olhem isso com muito carinho, com muito cuidado e não transformem o combate a fake news em uma pauta ideológica. Isso aí não é questão de ser de direita ou de esquerda. Isso é uma questão de você ser humano. Então nós precisamos ser humanos e olhar para essa população excluída que é vítima desse tipo de desinformação.

A pauta ambiental veio pra ficar, assim como a AI, o combate às Fake News, é um sinal dos tempos e ela vai dominar o debate pelos próximos 25 anos

Ruy Bucar – Como é que vai andar essa ideia dos governos trocarem informações na área de comunicação, principalmente objetivando levar a informação de qualidade para o cidadão que precisa?

Márcio Rocha – Quando decidimos fazer esse intercâmbio de informações, nós criamos grupos focais. Então, a gente tem um grupo que cuida só da pauta de Fake News. Temos outro grupo formado por outros secretários que cuidam da parte jurídica. temos outro grupo que cuida da parte de transformação digital e temos pelo menos quatro grupos nesse sentido. A ideia é que esses grupos, possam debater essas pautas e pegar exemplos de sucesso, cases de sucesso em todos os estados e tragam isso para o debate seguinte, trazem isso para o próximo Fórum.
Por exemplo, a pauta principal do Próximo Fórum, que vai ser no Pará, no mês de março, vai ser justamente gestão de crise ambiental, de tragédias ambientais. Essa pauta ambiental veio pra ficar. assim como a inteligência artificial, o combate às Fake News, é um sinal dos tempos e ela vai dominar o debate pelos próximos 20, 25 anos. A economia, a bioeconomia, transformação digital, pegada de carbono. Então, como é que a gente trabalha na gestão de crise, do ponto de vista da comunicação, quando a gente está tendo um número recorde de incêndios? Ou como quando a gente tá tendo, por exemplo, enchentes trágicas.

Um bom exemplo é Alagoas, que está com aquele problema lá da mina da Braskem. É um caso que não existe paralelo no mundo. É uma coisa de filme. Você tem um buraco ali de 160 metros de altura por 80 e qualquer coisa de largura que está engolindo a cidade. Então, como é que o secretário de comunicação de Alagoas, do ponto de vista da comunicação, ele trabalhou para evitar que as Fake News reverberassem, para informar bem à população na transversalidade da busca da informação com as outras secretarias, para que isso tranquilize a população, para que a população saiba se ela pode ficar em determinada localidade mais tempo e não ter que desocupar.

Então, esses textos de sucesso é que vão ser levados por esses grupos. A gente debateu muito também, que é uma coisa que assusta muito os secretários, essa questão da fiscalização das contas, da nossa prestação de contas. Porque muitas vezes os tribunais de contas não são afeitos à conta como a comunicação trabalha. Ela trata a comunicação como se fosse um bem. E, na verdade, comunicação é um serviço. Eles não têm um produto palpável para pegar, a comunicação ela é lida, ela é escrita, ela é repassada. A gente consegue mensurar o resultado
Por exemplo, uma secretaria comprou 200 aparelhos de celular e nós vamos lá fiscalizar. Tem ali 200 aparelhos de celular aí eu falo, olha eu fiz uma campanha de doação de sangue. Consegui que o banco de sangue tivesse um recorde de doações. Aí a pessoa chega lá e fala onde está o sangue? Não, o sangue já foi doado. Não é o produto da campanha, é o resultado. Nosso produto é a comunicação, nosso produto não é o sangue. A gente pode mostrar isso como resultado da campanha.

Publicidade não está ali para promover o governo. A aprovação do governo é consequência do trabalho desenvolvido por cada pasta

Ruy Bucar – Secretário, os governos, às vezes, não aprendem, com as próprias experiências erros e acertos. Mudam as pessoas e começa tudo do zero. O governo tem muita informação, mas gera pouco conhecimento. Como o sr. avalia o desafio dos governos de construir indicadores para melhorar resultados?

Márcio Rocha – Eu não gosto de ser muito tecnicista, eu gosto de falar com simplicidade para que as pessoas possam entender tudo que eu estou falando. Como eu disse, para que a pessoa lá da ponta, que tá lá no rincão do Tocantins, consiga entender. Nós temos o que a gente chama de métricas, tá? O governo e o Estado, não só do ponto de vista da comunicação, mas de todos os setores, a gente trabalha com muitos dados. A gente trabalha com metadados.

Então, um metadado é o quê? Todos os dados que a gente consegue recolher, por exemplo, da rede social sobre uma determinada população. E pra que essas métricas servem? Justamente pra gente desenvolver políticas que façam sentido e vão ao encontro do anseio dessa população.
Eu não posso falar pelos outros governos. Esse é o primeiro governo que eu faço parte, eu venho da iniciativa privada e eu sei que você está falando, ele é uma verdade, mas ele não é uma verdade absoluta. Porque na gestão, na atual gestão da qual eu participo, na gestão Wanderlei Barbosa, essa questão de você coletar os dados e você transformar isso em política pública para melhorar a qualidade de vida da população tem sido uma constante.

Vou te dar um exemplo aqui, a Polícia Militar como é que resolveu a questão da segurança pública aqui no Tocantins? Ela tinha dados que mostravam onde os crimes ocorriam, porquê que ocorriam, quando ocorriam.

O que ela fez? Ela pegou o patrulhamento e colocou naqueles setores mais sensíveis e fez um choque de gestão. Trouxe o pessoal, batalhões do interior, criou um novo batalhão especial, temporário, aqui dentro de Palmas, para resolver o problema naquele momento.

Depois veio a Secretaria de Segurança Pública, com a Polícia Civil, fazendo aquele trabalho de investigação e prisão dos mandantes dessa onda de crimes. Agora, o que a gente faz com esses dados? A gente joga fora? Não. A gente transforma esses dados em outros desdobramentos e outras investigações para que a gente continue constantemente avaliando o panorama e vendo se a gente pode agir antes que o problema volte a acontecer.

Eu vou te dar um exemplo aqui do que está sendo feito nesse sentido da segurança pública. A gente vai adquirir um programa que ele vai ter um sistema de câmeras na cidade que a gente vai ter uma sala de crise monitorando a segurança pública em tempo real. Placa de carro, reconhecimento facial, o cara é procurado pela polícia, tem a ficha dele lá, vai ter no monitoramento um negócio que vai identificar o rosto dele E vai passar pra polícia, olha, fulano de tal tem um mandato de prisão contra ele, tá agora ali na Praça do Girassóis, a polícia vai chegar imediatamente.

Só que a gente não consegue fazer essa transformação da velocidade que a gente quer. Infelizmente por quê? A gente tem todo um passado que nos condena, que vem contra nós. E é difícil a gente romper com aqueles grilhões e implantar uma nova mentalidade. Por quê? Porque, na maioria das vezes, os servidores públicos são os mesmos. Você tem um servidor público de carreira que está acostumado a trabalhar de determinada forma.

E aí, vem o que você falou, troca o governo, parece que o gestor ali que foi eleito e quem foi nomeado ali para ele no primeiro escalão, joga aquelas informações fora e começa tudo de novo. Isso para o servidor público efetivo é um drama. Por quê? Ou ele morre de angústia ou ele passa a ficar anestesiado e passa a ser indiferente.

E aí, quando você chega numa gestão, você fala assim, olha, nós vamos pegar os programas que já existem e nós vamos aperfeiçoá-los. O exemplo, novamente, que eu dou aqui pra você é o E-PraJá que a gente transformou no Pronto e no Pronto Digital. O E-Pra-Já já existia, era um serviço prestado às populações, foi criado na gestão Marcelo Miranda. Nós vamos acabar com o programa porque ele se tornou obsoleto? Não, nós vamos adaptar à nova realidade dos tempos e isso é algo que a gente trabalha muito.

A gente, essa questão desses metadados, desses, desses indicadores, a gente avalia e avalia o tempo todo em todos os setores do governo. A gente tem, por exemplo, a questão da inteligência fiscal. Os órgãos de fiscalização, há mais de 20 anos, não fazem o concurso. Eu falo, mas se eles não fazem o concurso, como é que vocês conseguem bater meta todos os anos? Inteligência fiscal, você tem que colocar a tecnologia para trabalhar a seu favor. Se a nota fiscal saiu de Goiás com 2 mil litros de combustível, como é que o caminhão deu entrada aqui com mil litros?
Tenho autonomia garantida pelo governador para fazer o meu trabalho, para eu poder entregar o que ele me cobra, que é resultado

Elâine Jardim – Que balanço o sr. o faz da comunicação neste primeiro ano do atual governo Wanderlei Barbosa?

Márcio Rocha – A gente vem de um processo um pouco traumático, do ano passado. O gestor anterior, embora não me caiba fazer nenhum juízo de valor, cancelou uma licitação que estava sendo feita. Não vou entrar nesse mérito, mas a Secom ficou basicamente sem poder pagar publicidade mais de um ano. Nós tivemos uma dispensa emergencial no ano passado que a gente fez campanhas de utilidade pública que foi doação de sangue, queimadas e outras. Doação de sangue, o banco de sangue quebrou o recorde de arrecadação de sangue.
Vacinas também a gente trabalhou. As queimadas, nós saímos do segundo lugar pro sétimo, nacional, e tudo isso foi um trabalho efetivo com poucos recursos, mas que precisava ser feito. No início do ano, nós finalizamos um novo processo licitatório e a gente pode trabalhar essa parte mesmo da publicidade paga.

Então, assim, nosso maior desafio foi garantir que aqueles programas que nós desenvolvemos desde o ano passado, no mandato anterior, até o início desse, fossem conhecidos pela população e fossem utilizados por ela. E nós, eu acredito que nós conseguimos isso com bastante efetividade. Por quê? Porque nós passamos a olhar a comunicação pra dentro do Estado e tratar ela do ponto de vista da gestão.

Em outros governos sempre existiu, na Secretaria da Comunicação, certos tipos de interferência que, graças a Deus, nessa gestão não existem. Eu trabalho, repito, com transversalidade com os colegas, mas eu tenho autonomia garantida pelo governador para fazer o meu trabalho, para eu poder entregar o que ele me cobra, que é resultado. E o resultado como é que ele se reflete? A métrica que a gente tem, aprovação do governo, do governador.

Não buscamos o resultado por si só, porque a aprovação é a demonstração do que o que nós estamos fazendo está sendo percebido

Por isso que eu falo, nós não buscamos o resultado por si só, porque a aprovação é a demonstração do que o que nós estamos fazendo está sendo percebido, utilizado pela população e reverberado por ela. Em inúmeros programas, seja na questão da seriedade com que a gente trata a questão fiscal aqui no Tocantins. O Tocantins, hoje, ele está no penúltimo degrau do nível de investimento. Isso foi mantido, muita gente duvidava. A gestão do Wanderlei Barbosa deu inúmeros benefícios para os servidores públicos. Deu e vem dando, garantindo coisas, resgate antigo, resgates antigos.

Por exemplo, na educação, nós tivemos pagamentos de direitos represados desde 2008. 2008, que são 15 anos. E isso só foi conseguido por quê? Porque o governo planeja e executa. E o nosso desafio é o quê? é fazer essa demonstração desses resultados para a população.
Agora, fazendo um pouco de proselitismo, o governador acabou de anunciar que a partir do dia 1º de janeiro os servidores que ganham até dois salários mínimos vão receber 300 reais de auxílio alimentação. Isso aí, quando o governador anunciou, todo mundo ficou com uma alegria incrível. E aí você tem aquele cara que fala assim, olha, mas por que o governador não deixou pra fazer isso ano que vem, que é ano eleitoral? Porque ele não pretende fazer da necessidade das pessoas uma arma eleitoral.

E isso, ao mesmo tempo, se torna o principal trunfo dele, porque ele não é um político de ocasião, ele não é um gestor de ocasião, ele é um gestor 24 horas por dia, 7 dias por semana. E isso é o que dá legitimidade pra ele, que a pessoa vê naquele curraleiro, naquela pessoa aqui do Tocantins, se reconhece e se identifica com ele e tenha esperança de que a vida dela vai mudar pra melhor.

Claro que isso também depende das pessoas, a gente não pode querer ser inocente de achar que só o assistencialismo vai resolver o problema do mundo, mas a gente não pode negar que se o governo não estender a mão para as pessoas, as pessoas vão morrer de fome. Nós temos milhares de pessoas aqui, abaixo da linha da pobreza.

Como é que você deixa um aluno que está lá com a mãe doente, que a mãe quer que ele trabalhe, estudando na escola? Aí eu te respondo. O governo vai lá e faz um bolsa permanente, que vai dar ao aluno um dinheiro por mês e no final do ano vai lá e dá mais um dinheiro para garantir que ele, pelo menos durante aquele período, ele vai estudar. E que ele possa, através, por exemplo, do jovem trabalhador, trabalhar em outro período do dia para ganhar o seu dinheiro com dignidade. Para ele ter uma formação técnica, formação universitária, se ele quiser, mas que ele não deixe faltar o pão dentro de casa.

Então, assim, a gente está sempre olhando em 360 graus. E é o que eu falo, nós temos um produto muito bom. E quando eu falo produto muito bom, não é só o governador, é o governo como um todo. Então, isso facilita muito o nosso trabalho, ao mesmo tempo que é um grande desafio. Porque com tudo isso pra entregar, se a gente não consegue fazer com que isso chegue ao conhecimento da população, a gente fracassa na nossa missão. E a missão da gente é justamente essa. Que a população, principalmente a mais pobre, a menos assistida, que ela tenha acesso a esses elementos do Estado, pra poder melhorar de vida, pra poder progredir, para poder ter dignidade e cidadania.

Então, eu diria para você que nós conseguimos isso modéstia à parte, com bastante sucesso nesse ano de 2023 e que a gente pretende melhorar ainda mais com tudo aquilo que eu falei para vocês nesse ano de 2024, inclusive com a instalação da inteligência artificial para a gente poder fazer isso de forma mais rápida, de forma mais efetiva, eliminando alguns gargalos e tendo ainda mais efetividade nesta comunicação.

Desejo a todos um Natal cheio de harmonia e um 2024 de muita paz e progresso para todos.