O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da BRK Ambiental, da Câmara de Palmas, vereador Nêgo do Palácio (sem partido) está convicto que há muita coisa errada na prestação de serviços de fornecimento de água tratada e coleta e tratamento de esgoto sanitário da Capital. O vereador aponta alguns aspectos evidentes. O preço da tarifa de água e esgoto de Palmas, a mais cara das regiões Norte e Nordeste; crimes ambienteis sendo denunciados todos os dias que revelam práticas não sustentáveis e falta de transparência na aplicação de investimentos, são apenas alguns.

O vereador explica que para assumir a relatoria da Comissão teve que abrir mão de outro cargo que considera de relevância política, o de líder da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB), que vinha exercendo logo após assumir cadeira no Parlamento. “Nós conversamos com a prefeita, mostramos a ela que estávamos deixando o cargo apenas por ajustes. E ela entendeu, conseguimos construir uma solução negociada para deixar um jovem, Waldson da Agesp (PSDB), que tem feito um bom trabalho na liderança da prefeita, e a relatoria é uma experiência única. É realmente buscar aquilo que a população quer, porque a necessidade dessa CPI, é que a gente vê no dia a dia como atendimento às reclamações da população”, ressalta.

Sobre a sucessão municipal, Nêgo do Palácio avalia que o cenário aponta para uma das eleições mais disputadas da história da Capital, com pelo menos cinco pré-candidatos com chances reais de vencer as eleições. “A deputada Janad Valcari, ex-prefeito Eduardo Siqueira Campos, o ex-prefeito Carlos Amastha, o professor Junior Geo, a deputada Vanda Monteiro, esses que estão postos são pessoas com potenciais. Todos eles são competitivos. Então, uma coisa é certa, nós vamos para o segundo turno. Agora, quem vai, eu acho que, hoje, quem tiver o melhor jogo para a melhor articulação. E está muito aberto”, defende.

Clayzer Magno Duarte, o Nêgo do Palácio, paraense de nascimento e tocantinense de coração, pioneiro em Palmas, das primeiras horas. Líder comunitário, ativista social e a partir de 2023, vereador de Palmas. No momento, à frente de uma missão árdua. Relator da CPI da BRK Ambiental, em sua terceira temporada. Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção Tocantins, o vereador fala sobre o inicio das investigações, evita antecipar resultados e garante que o relatório final será conhecido antes do inicio da campanha eleitoral. O vereador fala ainda sobre a sucessão municipal e avalia que é a eleição mais aberta da história da cidade.

Nós vimos cada metro de asfalto, cada manilha ser colocada debaixo das ruas da nossa cidade

Vereador, o sr. é pioneiro em Palmas e estreante na política. Está no primeiro ano, do primeiro mandato de vereador. O sr. poderia falar um pouco da sua trajetória de palmense das primeiras horas à relator da CPI da BRK Ambiental da Câmara de Palmas?

Eu, na verdade, cheguei em Palmas no início da construção da cidade. Meus pais decidiram vir pra cá. Sou de Conceição do Araguaia, na divisa com o Pará. Nasci lá, mas morava em Couto Magalhães [então Norte de Goiás]. Em 89, meus pais decidiram vir pra Palmas. Quando nós chegamos fomos morar em Taquaralto, mais especificamente no setor Santa Fé, onde nós moramos até hoje. Nós vimos cada metro de asfalto, cada manilha ser colocada nas ruas da nossa cidade. Em 89 estava começando a despontar as fundações do Palácio Araguaia. Nós vimos isso acontecer. E eu sempre fui da iniciativa privada, mas gostinho da política, sempre me acompanhou.

Ajudei o movimento junino, que hoje é uma grande realização, junto com vários amigos, pessoas que acreditaram naquele projeto

Eu sempre gostei de trabalhar em projetos sociais. Ajudar o próximo. Fui presidente de bairro, do setor Santa Fé, que é um setor muito grande, um dos primeiros de Palmas. E ajudei o movimento junino, que hoje é uma grande realização, junto com vários amigos, pessoas que acreditaram no projeto. E esse trabalho social que nós fizemos, nos credibilizou. E assim, pra gente ir crescendo politicamente. No ano de 2016, então fui convidado pelo então deputado estadual, Mauro Carlesse, pra ajudar a organizar o PHS [Partido Humanista Social], o partido que ele tinha acabado de assumir a direção. Deixei a iniciativa privada e vim ajudá-lo. Quando o Marcelo Miranda foi afastado, Carlesse assumiu o governo e então nos confiou a Secretaria de Articulação Política, onde fiquei de 2018 até 2020, quando entreguei o cargo para ser candidato a vereador.

Ficamos quatro meses na Câmara, uma experiência muito boa, onde pude ver o quanto é possível ajudar a cidade

Naquele momento, em 2020, não conseguimos o êxito. Ficamos como primeiro suplente do vereador Moisemar Marinho (PDT), um amigo. E ali então, em 2021, ele nos deu a oportunidade, como suplente, de assumir por um período de quatro meses. Ficamos quatro meses na Câmara, uma experiência muito boa, onde pude ver o quanto é possível ajudar a cidade e a sociedade com o mandato de vereador. Em 2022 o vereador Moisemar Marinho veio a ser candidato a deputado. Teve êxito e com isso tivemos a oportunidade de sentar definitivamente na cadeira de vereador, que assumimos em fevereiro de 2023, agora comemorando o primeiro ano de mandato. Estou muito grato por tudo que nós conseguimos conquistamos para a cidade.

Quando cheguei à Câmara, em poucos meses consegui a confiança da prefeita para que me tornasse líder dela na Casa

Quando cheguei à Câmara, em poucos meses consegui a confiança da prefeita [Cinthia Ribeiro (PSDB)] para que eu me tornasse líder dela na Casa, ao qual eu fiquei até o mês de agosto, onde pedi à prefeita para que permitisse que eu deixasse a liderança para assumir a relatoria da CPI. Então a prefeita construiu a situação e eu deixei a liderança, mas continuo parceiro, caminhando junto, porque eu vejo que ela tem feito um bom trabalho, tem levado muitos benefícios para a sociedade, tem promovido a qualidade de vida que as pessoas buscam através das obras que têm sido construídas. A gente sabe da necessidade, a gente sabe que nossa cidade tem muito por fazer. Não sou da política do quanto pior, melhor. Estamos aqui para ajudar, mostrar os pontos que precisam ser melhorados, e a prefeita tem entendido, tem aceitado, e nós temos conseguido juntos fazer uma gestão em que vai deixar um legado, vai deixar uma marca em Palmas. Eu fico muito feliz em poder fazer parte dessa construção e desse momento que Palmas vive hoje.

Nós vamos fazer um trabalho que vai trazer o resultado que a população espera: pagar o preço justo por um serviço de qualidade

Ruy Bucar – Em pouco tempo de mandato o sr. já cumpriu missões normalmente entregues a veteranos. Exerceu a liderança da prefeita Cinthia Ribeiro e agora assume relatoria da CPI da BRK. O que levou o sr. a abandonar a liderança da prefeita para assumir a relatoria da CPI?

Não é uma troca. Na Câmara tem algumas restrições. Quando o vereador às vezes é presidente de comissão, quando ele está em algum posto, muitas vezes não pode, não tem a prerrogativa de poder assumir uma CPI. Alguns não quiseram, por questões pessoais, se acharam impossibilitados para fazer parte de algum momento, então é apenas um ajuste. Nós conversamos com a prefeita, mostramos a ela que estávamos deixando o cargo apenas por ajustes. E ela entendeu, conseguimos construir uma solução negociada para deixar um jovem, Waldson da Agesp (PSDB), que tem feito um bom trabalho na liderança da prefeita, e a relatoria é uma experiência única. É realmente buscar aquilo que a população quer, porque a necessidade dessa CPI, é que a gente vê no dia a dia como atendimento às reclamações da população. E essa missão foi colocada para que a gente ficasse à frente da relatoria, e com muito compromisso, e com a experiência que a gente adquiriu, tanto na iniciativa privada, como no governo, e o conhecimento, nos deu essa credibilidade, e com certeza fazer um trabalho que vai trazer o resultado que a população espera, que é pagar um preço justo por um serviço de qualidade, prestado pela concessionária.

O prazo de 180 dias foi solicitado por isso, por causa do atraso dos primeiros 180 dias

Vereador, porque a CPI demorou tanto tempo para iniciar os trabalhos? Foi aprovada em março, instalada em junho, do ano passado, mas só este ano está podendo funcionar, e já chegou pedindo mais 180 dias de prazo. O que houve?

Uma CPI envolve vários setores. A gente tem que ter vários profissionais envolvidos. No ano passado havia uma perspectiva de orçamento na Câmara. Quando a gente foi analisar, houve uma perda de orçamento de mais de R$ 3 milhões. E isso dificultou a construção para a contratação dos profissionais, para que a gente não fizesse de qualquer jeito. Nós tentamos organizar para que os servidores da Casa tocassem essa CPI. Só que a gente viu que na Câmara, hoje, os nossos profissionais estão sobrecarregados, por causa da quantidade de projetos de lei, de requerimentos, em tramitação. Então, os nossos profissionais não tinham tempo para dedicar à CPI e alcançar os resultados esperados. Então, foram questões, mesmo, burocráticas e financeiras do que qualquer outra coisa.

Nós conseguimos ainda em novembro do ano passado, fazer alguns enxugamentos, junto com os vereadores, tanto da oposição quanto da situação. Promovemos alguns enxugamentos e foi disponibilizado um recurso ao qual nós conseguimos contratar a banca e os profissionais técnicos para que fizessem a análise dos documentos. O prazo de 180 dias foi solicitado por isso, por causa do atraso. Mas, agora, como nós estamos no início do ano, já projetamos que esse orçamento, agora, a gente está ajustando as pendências ou algo que passou do ano passado que não foi conseguido colocar no orçamento, entra no orçamento de agora. Então, nós não vamos ter mais esse entrave. Mas, não houve nada externo que atrapalhasse o andamento da CPI.

Foi acordado que algumas quadras seriam beneficiadas. E a gente vê hoje que não têm os serviços que foram acordados lá atrás

Ruy Bucar – Vereador, em relação ao objeto da investigação, a CPI vai conseguir desvendar as cláusulas do contrato de concessão e promover as melhorias na qualidade dos serviços prestados?

O objeto de investigação, a gente ouve muito falar dos contratos e esses contratos nunca apareceram. Ninguém nunca analisou verdadeiramente esses contratos. Tem os contratos e os aditivos. Desde quando deixou de ser Saneatins, que era uma estatal 100% pública. Houve essa situação que está sendo analisada. Se em algum momento ela deixou de ser estatal e passou a ser 100% privada, então tudo isso nós estamos investigando. É muito prematuro eu dar qualquer relatório agora. Por quê? Porque em dezembro nós oficializamos, todos aqueles que detêm, que fazem parte desse processo, os órgãos, as entidades, os representantes desses órgãos, como o Naturatins, a Agência de Regulação de Palmas (ARP), a Agência de Regulação do Estado, (ATR), a própria Prefeitura e a BRK, para que nos enviassem os documentos necessários para essa análise, desde a concessão até os dias atuais.

Tem também a questão do plano de investimento, porque foi autorizado pela Câmara de Vereadores, inclusive, um empréstimo, do qual foi feito um acordo de que parte dos recursos teria que ser investido em Palmas. Foi acordado que algumas quadras seriam beneficiadas. E a gente vê hoje que essas quadras não têm os serviços que foram acordados lá atrás. Então, isso mostra que o acordo e o compromisso que foi feito não foi cumprido. Então, isso também é objeto das investigações.

Agora com a análise dos documentos que já começaram a chegar à CPI vai permitir a gente compreender o que está acontecendo

A sua pergunta é como isso efetivamente vai chegar à população? E esses aportes, nós precisamos entender se eles foram abatidos, se eles foram investidos. Tudo isso agora com a análise dos documentos, que já começaram a chegar à CPI vai permitir a gente compreender o que está acontecendo. A BRK já entregou. A Agência de Regulação de Palmas já mandou os documentos. O Naturatins e a ATR pediram mais tempo. São muitos documentos, que a gente está falando de um processo desde 1999. Naquela época não se digitalizava, são muitos papéis. Então, eles também, até semana que vem, estão nos enviando. E a gente, então, com essa juntada, mas já está sendo analisado o que foi enviado pela BRK e Agência de Regulação de Palmas. Nós solicitamos outros documentos como o recolhimento do ISSQN pela empresa para os 46 municípios que estão envolvidos no nosso contrato. Nós temos um subsídio cruzado, que a gente fala, que é onde 46 municípios, são interligados, um cobre o outro. E Palmas é a que cobre todos, porque Palmas, vamos dizer, é a galinha dos ovos de ouro, que aqui arrecada e, às vezes, o investimento é feito em outro lugar. E nós temos que analisar, ver se realmente isso está sendo feito, o que está sendo recolhido, tudo isso. Então, essa CPI vai esclarecer através de documento.

É um poder muito grande que temos nas mãos, é o mecanismo que nós temos hoje mais poderoso que é a condição de investigar

A questão que você perguntou, como que isso vai impactar e vai chegar verdadeiramente para a população? Nós vamos analisar os fatos. Como representamos o povo, vamos buscar a informação e depois, analisar. Vamos fazer visitas in loco aqui em Palmas, nas estações de tratamento de água e de esgoto. Vamos visitar em São José do Rio Preto (SP), porque lá é a número um do Brasil em tratamento de esgoto de água e lá tem-se uma tarifa três vezes menor do que a nossa. Então, nós vamos visitar, ver como funciona, para que a gente faça um relatório com as medidas que têm que ser tomadas. O relatório tem a prerrogativa de limitar o atendimento a qualquer penalidade para isso, a gente pode colocar no relatório até mesmo a perda da concessão, se a gente comprovar que há irregularidades e que vem acontecendo há muito tempo e se tem algum crime que a gente vê que é necessário a extinção do contrato. Após finalizar o relatório, vai-se para o plenário da Câmara para ser votado. Ali é a vontade do povo. Ali é o representante do povo dizendo o que a população quer. Aí, então, é emitido. Aquele relatório da CPI tem poder. Aí vai para o Ministério Público Estadual (MPE), Tribunal de Justiça (TJ) e vai para a prefeitura. O que for definido ali, terá que ser cumprido pela empresa ou pelo gestor ou aquilo conforme o relatório apontar. Então, é um poder muito grande que nós temos hoje nas mãos, porque hoje é o mecanismo que nós temos mais poderoso para se investigar empresas que muitas vezes não estão cumprindo os contratos que foram assinados. E a empresa pode até mesmo perder esse contrato, a concessão.

Acredito que até final de maio, para começo de junho, a gente consiga finalizar o relatório da CPI

Elâine Jardim – Vereador, estamos em ano eleitoral e a corrida já está começando para todo mundo que vai se candidatar e possivelmente se eleger. O sr. acha que vai ser possível concluir a CPI e fazer tudo isso que está sendo proposto nesse prazo? Contando que todos os vereadores devem se candidatar e, enfim, fazer campanha pré-campanha e tudo mais?

O prazo que nós pedimos, na verdade, se encerra bem antes do período eleitoral. Os 180 dias vai encerrar em julho. A gente já vai ter antes mesmo das convenções, porque as convenções são no final de julho e o prazo de 180 dias, contado o novo prazo acrescido, termina antes mesmo das convenções eleitorais, das convenções partidárias. Mas o nosso intuito é terminar bem antes. A gente quer que até o final de maio esteja concluída essa CPI, porque a análise dos documentos já está bem adiantada. A banca de advogados colocou vários profissionais para analisar. Cada profissional está analisando um critério e acredito que até final de maio, para começo de junho, a gente consiga finalizar o relatório da CPI. E também porque depois que entra no período eleitoral, entra um pouco em descrédito e a gente não pode deixar, porque o que a população espera é que traga resultado. Como foi dito, nós temos hoje a maior taxa de esgoto e o metro cúbico de água mais caro das regiões Norte e Nordeste. E isso aí nós temos que buscar uma explicação plausível. Como que no Nordeste a captação é mais difícil e é mais barato do que aqui. Então isso tudo nós temos que analisar como que foi feito esse ciclo tarifário, quem é que fez o ciclo tarifário.

Podem ter certeza que o relatório da CPI vai sair bem antes das convenções partidárias

Fazer qualquer julgamento agora é imaturo, porque isso aí tem que ser documentado. Todo esse ciclo é feito baseado e aprovado por alguém em algum momento. Tem que saber quais as circunstâncias, por que que foi feito, os investimentos que foram feitos, se está sendo abatido esse investimento, por que que nós temos tão poucas quadras em Palmas com investimento. Tudo isso tem que ser feito, porque quanto mais investimento fizer, mais barateia o custo. Por que? Porque mais gente vai estar pagando. Então tudo isso nós temos que colocar agora nessa análise para que a gente possa fazer um relatório bem transparente. E pode ter certeza que o relatório da CPI, vai sair bem antes das convenções partidárias.

Eu acho que a CPI inclusive ajudou as pessoas a olhar mais para isso e relatar os problemas

Vereador, talvez um aspecto também bem flagrante para a opinião pública tem sido as denúncias de danos ambientais. Interdição das praias por risco de contaminação, lançamento de esgoto a céu aberto, lançamento de dejetos no Lago. As denúncias da população colaboram com o trabalho da CPI?

Eu acho que a CPI inclusive ajudou as pessoas a olhar mais para isso e relatar os problemas que estão encontrando pela cidade e que caracterizam como danos ambientais. E é um problema que existe e sempre existiu. Mas agora com a CPI as pessoas trazem mais denúncias. Existe um problema, e nós como representantes do povo temos que fazer dentro da legalidade e documentalmente para que se resolva. Porque a gente vê reclamação às vezes na mídia, mas se a gente lá na Câmara não fizer nada para resolver o problema, vai ficar sempre na mídia, alguém falando, mas não chega à solução.

Nós temos um grande problema hoje no que se refere à BRK que não reconhece a nossa ARP, a nossa agência de regulação, como fiscalizadora que é, conforme sua atribuição legal. A agência de regulação já tem várias multas aplicadas e a empresa não reconhece e diz que não paga. Então alega algumas situações para não pagar. Nós precisamos também atentar para isso, para que seja respeitada. Por quê? Porque aí nós, os cidadãos de Palmas, teremos como fiscalizar a empresa que presta serviço e está causando esse mal, que se nós não cuidarmos agora, daqui a 5, 10 anos, teremos um Lago poluído, nós teremos os nossos mananciais poluídos. Então nós temos que atentar para isso. E é essa a preocupação da CPI e nós estamos atentos. Inclusive, fazendo visita in loco. A empresa foi condenada agora pelo Ministério Público, por vazamento, na Estação de Tratamento de Taquari. Cada vazamento desses, quando chove aqui, qualquer chuvinha, a gente vê vazamento na cidade inteira. Está errado. Por quê? Porque isso não é normal. Lá não é serviço de captação de água pluvial. Lá é uma rede de esgoto que não pode vazar. Então nós temos que ver, temos que corrigir. Tem que ver a tecnologia que está sendo implantada pela empresa. Nós não queremos penalizar a empresa sem conhecer realmente a fundo o que está acontecendo. Mas a gente sabe que não está certo o serviço. A gente sabe que não pode acontecer isso. Não podemos aceitar que quando dá uma chuva, ter esgoto vazando na cidade inteira. Quem chega em Palmas hoje, o turista, se vier do aeroporto, quando chega no Bertaville, temos aquele mau cheiro. Ali no Aeroporto já tem o mau cheiro. A gente quando vem de veículo pela ponte [da Integração e da Amizade Fernando Henrique Cardoso], quando chega próximo ao Shopping [Capim Dourado], tem aquele mau cheiro por causa daquela estação de elevação [ETE Norte] que tem ali. Vai naqueles condomínios na região norte que tem o mau cheiro. Então nós temos que cuidar disso. Porque senão, nossa cidade daqui a uns dias vai conquistar a fama de cidade de mau cheiro, uma cidade que é difícil de viver. Então, nós como representantes públicos, estamos aqui para corrigir isso. E o nosso compromisso com essa CPI é exatamente corrigir esse mal que a gente está vendo na cidade.

Mudando de assunto, estamos no ano eleitoral, como o sr. avalia que vai ser a sucessão em Palmas, que nesta eleição tem uma novidade, o advento do segundo turno. O que muda?

A política é uma arte. A gente vê tudo quieto, no outro dia pode ser que dê uma reviravolta. Mas eu sou sempre meio cauteloso, porque eu espero sempre os líderes se movimentarem. Nós temos dois líderes aqui, que é a prefeita Cinthia Ribeiro e o governador Wanderlei [Barbosa], que são os líderes máximos, e eles ainda não se movimentaram. Eles estão esperando as peças se movimentarem no tabuleiro, para então se posicionarem. A gente, como aliado da prefeita, que hoje tem uma aliança boa com o Palácio, que há muito tempo não tínhamos, estamos analisando, ouvindo cada movimentação, mas com muito compromisso, com muita cautela, para que a gente tenha sabedoria de escolher o que for melhor para Palmas, o que realmente possa trazer aquilo que a população espera. E, claro, a nossa intenção é escolher um lugar que a gente tenha condição de ir para uma reeleição e, com a permissão de Deus e com a contribuição do povo de Palmas, a gente possa voltar para a Câmara de Vereadores.

Eu acho que é o ano que nós temos a eleição mais aberta de toda a história de Palmas

Ruy Bucar – Quais os nomes que sr. avalia que inevitavelmente irão para o segundo turno, ou que têm grandes possibilidades de brigar por uma das vagas?

São bastante nomes e hoje, às vezes, arriscar quem vai para o segundo turno às vezes é muito cedo. Mas a gente vê aí quatro nomes ou cinco numa disputa que, na verdade, ainda não houve aquele trabalho. Estão fazendo trabalho ainda de bastidores, de construção de grupo, até mesmo porque não pode. Mas a gente tem visto os nomes postos, a deputada Janad Valcari (PL), o ex-deputado, ex-senador, ex-prefeito de Palmas Eduardo Siqueira Campos (PODE), o ex-prefeito Carlos Amastha (PSB), o professor Junior Geo (sem partido), a deputada Vanda Monteiro (UB), que também foi colocada, e a gente espera o posicionamento dos nossos líderes para saber qual o caminho a seguir. Eles vão com esses que estão postos? Surgirá um nome novo? Esses que estão postos são pessoas com potenciais. Todos eles são líderes com enorme potencial. Então, uma coisa é certa, nós vamos para o segundo turno. Agora, quem vai, eu acho que, hoje, quem tiver o melhor jogo para a melhor articulação. E está muito aberto. Eu acho que é o ano que nós temos uma eleição mais aberta da história de Palmas. Está muito aberto ainda a eleição aqui. Muitos líderes, os líderes políticos quando a gente conversa ainda não se posicionaram. Estão também aguardando. Os vereadores ainda estão conversando com todo mundo, ainda estão esperando o governador, a prefeita, os líderes se posicionaram. Mas eu tenho certeza que logo, logo, nós abriremos uma janela e um leque muito bom e surgirá uma luz logo, logo.

Qual avaliação que o sr. faz da gestão da prefeita Cinthia, o que ela deixa de legado para Palmas, durante este período de seis anos?

Eu vejo que como todo gestor, a prefeita vai deixar o seu legado. A gente como cidadão, como morador de Palmas, queria um prefeito, uma prefeita que fizesse tudo o que a gente tem no coração. Mas a gente sabe que existem limitações orçamentárias, existem limitações jurídicas, tudo isso não permite que a gente faça tudo o que a gente quer. Tenho certeza que a prefeita tem a boa vontade de resolver os problemas. Como ela tem feito até o final desse mandato, que eu tenho acompanhado. Ela vai deixar um legado muito grande na infraestrutura, na saúde, com novos postos de saúde, os Cemeis, pavimentação asfáltica também em muitos setores.

Este ano nós vamos desenterrar, como diz o povo do Nordeste, a “cabeça de jumento” ali na região Sul, que é o nosso Irmã Dulce

Mas uma das coisas que a gente vê que ela está fazendo e vai deixar uma realização muito grande até o final desse ano, é a regularização fundiária. Vários setores a prefeita já entregou os títulos no ano passado. Esse ano nós vamos desenterrar, como diz o povo do Nordeste, a “cabeça de jumento” ali na região Sul, que é nosso [bairro] Irmã Dulce. O trabalho foi dividido em duas etapas, uma já tá praticamente concluída, entrega ainda esse ano. E vários outros setores, como o Lago Norte também já foram entregues. Lá na região Sul, muita coisa foi feita, a Feira da Promessa, que não é mais promessa, é uma realidade. E, claro, nossa cidade de hoje, ela é uma cidade que movimenta nos eventos turísticos, nós temos recorde de público.

Nas reuniões o ex-governador sempre falava esse é o Nêgo do Palácio, e aí, então, pegou o apelido Nêgo do Palácio

Como surgiu o apelido que virou nome político de Nêgo do Palácio?

O apelido Nêgo, é algo de infância, na verdade, porque meus irmãos são todos clarinhos. Aí quando eu nasci, eu acho que o mais escurinho pegou o Nêgo, não é? E do Palácio, porque em algumas reuniões que a gente fazia, o ex-governador [Mauro Carlesse] sempre falava esse é o Nêgo do Palácio, esse é o Nêgo do Palácio. E aí, então, pegou Nêgo do Palácio nessa conjuntura. Mas o apelido Nêgo já veio de infância porque era o mais escurinho da família mesmo.