Alunos da rede pública de ensino produzem perfumes em aulas práticas de química no sul do Tocantins
18 outubro 2024 às 14h50
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As aulas práticas de Química, ministradas pelo professor doutor Ruiter Lima Morais no Colégio Estadual Joaquim Sena e Silva, em Combinado, no extremo sul do Tocantins, estão revolucionando a forma como os alunos aprendem. Uma dessas aulas envolveu a produção de perfumes e água de colônia pelos alunos da 3ª série do ensino médio, aplicando conhecimentos sobre funções orgânicas oxigenadas.
Durante o processo, os estudantes exploraram o papel dos álcoois, ésteres e aldeídos na composição das fragrâncias. “Os álcoois atuam como solventes, enquanto os ésteres conferem os aromas suaves e os aldeídos adicionam notas mais intensas”, explicou o professor Ruiter. O professor ressaltou a transformação observada no comportamento dos alunos após o início das atividades práticas no laboratório. “Para mim, o resultado foi uma surpresa. Depois que passamos a utilizar o laboratório, houve uma grande transformação. Os alunos que apresentavam pouco interesse, que ficavam apáticos durante as aulas teóricas, demonstraram mais interesse nos conteúdos e em aprender. Parece que são outros estudantes. Nas aulas práticas, eu fiquei até emocionado com a transformação e aprendizagens que eles apresentaram”, destacou.
Além do aumento no interesse pelo conteúdo, Ruiter também apontou a importância das aulas práticas para o desenvolvimento de habilidades interpessoais. “Esses experimentos práticos não só facilitaram a compreensão dos objetos de conhecimentos em questão como a química orgânica, funções orgânicas oxigenadas, dispersões coloidais e propriedades coligativas, mas também ajudaram no desenvolvimento de habilidades importantes, como o trabalho em equipe, a resolução de problemas e a comunicação. O impacto na aprendizagem é nítido: os estudantes têm demonstrado um entendimento mais profundo dos conteúdos e, agora, conseguem aplicá-los de forma prática, tornando o processo mais dinâmico e eficaz”, explicou.
Os alunos também se mostraram entusiasmados com a nova abordagem. Manoella Soares, aluna da 3ª série, contou sobre a experiência de produzir perfume. “Nós utilizamos água, álcool de cereais, essências masculina e feminina e produzimos o perfume, e 15 dias depois levamos o produto para casa. Foi uma ótima experiência para todos os estudantes, principalmente, quando vimos os resultados. Eu gostei porque aprendi a diferenciar várias substâncias químicas”, comentou. Ela também enfatizou a importância do laboratório para o aprendizado. “Quando anunciaram que teríamos um laboratório, todos os estudantes ficaram animados, principalmente eu. E posso dizer que estamos aprendendo mais”, afirmou a estudante.
Outra aluna, Vitória Freire, compartilhou seu entusiasmo com as atividades práticas. “Essas aulas representam uma descoberta interessante. Foi muito divertido aprender como é feito um perfume, e o que mais gostei foi manusear as substâncias nas vidrarias. A Química se tornou algo mais real e divertido para mim”, ressaltou.
Além da produção de perfumes, outra aula prática abordou o tema dispersões. Os alunos da 2ª série do ensino médio produziram sorvete de doce de leite, aplicando o conceito de crioscopia, que utiliza gelo e sal grosso para congelar a mistura de forma rápida. “O sorvete foi feito com apenas três ingredientes: leite, doce de leite e creme de leite. Nessa atividade, os alunos aprenderam sobre dispersões coloidais, do tipo emulsão, que garantem a textura cremosa do sorvete”, explicou o professor Ruiter.
O laboratório faz parte de uma iniciativa do governo estadual que, no ano passado, investiu na melhoria dos espaços científicos das escolas de ensino médio do estado, adquirindo 300 kits com recursos do Programa de Fortalecimento da Educação (PROFE).