Bolsonaro teria concordado com plano de assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes

19 fevereiro 2025 às 14h31

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou na noite desta terça-feira, 18, uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) que acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro de ter conhecimento e anuência ao planejamento de um esquema para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. A ação, denominada “Punhal Verde Amarelo”, também tinha como objetivo promover um golpe de Estado no Brasil.
De acordo com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, o plano foi levado ao conhecimento de Bolsonaro, “que a ele anuiu, ao tempo em que era divulgado relatório em que o Ministério da Defesa se via na contingência de reconhecer a inexistência de detecção de fraude nas eleições”. Segundo a denúncia, o plano incluía “minuciosas atividades” e tinha como foco “neutralizar” o Supremo Tribunal Federal, utilizando armas bélicas contra Alexandre de Moraes e envenenamento contra Lula.
Além de Bolsonaro, outras 33 pessoas foram denunciadas, incluindo militares de alta patente como Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. Eles são acusados de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Confira a lista completa abaixo.
A denúncia revela que o plano foi iniciado por meio da “Operação Copa 2022”, que contemplava o monitoramento dos alvos de “neutralização”, incluindo o uso de explosivos, armas bélicas e envenenamento.
A execução do golpe estava programada para o dia 15 de dezembro de 2022, mas não foi concretizada devido à falta de apoio do Comando do Exército. A fase mais violenta do plano começou em 9 de novembro de 2022, quando o documento intitulado “Punhal Verde Amarelo” foi impresso no Palácio do Planalto pelo ex-assessor da Presidência e general do Exército Mário Fernandes, preso durante as investigações.
A PGR aponta que a ciência e anuência de Bolsonaro ao plano golpista foram evidenciadas por diálogos e áudios obtidos durante as investigações. Em uma mensagem de WhatsApp, Mário Fernandes relatou a Mauro Cid que discutiu com Bolsonaro o “momento ideal” para a execução do golpe. Além disso, o documento apresentado a Bolsonaro indicava ações de monitoramento já em curso, reforçando a participação da alta cúpula da organização criminosa.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, por meio de seu advogado Paulo Cunha Bueno, declarou-se “estarrecido e indignado” com as acusações. A defesa afirmou que Bolsonaro “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito” e classificou a denúncia como “inepta” e baseada em “narrativa fantasiosa” construída por uma “delação premiada com versões contraditórias” de Mauro Cid.
A defesa ainda alegou que não foram encontradas mensagens que ligassem diretamente Bolsonaro aos planos, mesmo após investigações minuciosas em seus dispositivos pessoais. Além de Bolsonaro, a lista completa inclui:
- Ailton Gonçalves Moraes Barros
- Alexandre Rodrigues Ramagem
- Almir Garnier Santos
- Anderson Gustavo Torres
- Angelo Martins Denicoli
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira
- Bernardo Romão Correa Netto
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
- Cleverson Ney Magalhães
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
- Fabrício Moreira de Bastos
- Filipe Garcia Martins Pereira
- Fernando de Sousa Oliveira
- Giancarlo Gomes Rodrigues
- Guilherme Marques de Almeida
- Hélio Ferreira Lima
- Jair Messias Bolsonaro
- Marcelo Araújo Bormevet
- Marcelo Costa Câmara
- Márcio Nunes de Resende Júnior
- Mário Fernandes
- Marília Ferreira de Alencar
- Mauro César Barbosa Cid
- Nilton Diniz Rodrigues
- Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
- Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira
- Rafael Martins de Oliveira
- Reginaldo Vieira de Abreu
- Rodrigo Bezerra de Azevedo
- Ronald Ferreira de Araújo Júnior
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros
- Silvinei Vasques
- Walter Souza Braga Netto
- Wladimir Matos Soares
A denúncia será julgada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, composta pelo relator Alexandre de Moraes e os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Se a maioria dos ministros aceitar a denúncia, Bolsonaro e os demais acusados se tornarão réus e responderão a uma ação penal no STF. A data do julgamento ainda não foi definida, mas é esperado que ocorra no primeiro semestre de 2025.