A Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) intensificou sua atuação em busca de informações sobre mortes ocorridas nos hospitais públicos do estado nos últimos meses. A solicitação do órgão inclui um relatório detalhado dos óbitos do último ano, abrangendo dados como causas das mortes, tempo de espera e condição de cada paciente.

A medida foi motivada pelo recente caso de uma gestante e seu bebê que vieram a óbito no Hospital Maternidade Dona Regina (HMDR), fato que levantou questionamentos sobre falhas na assistência médica. De acordo com o defensor público Freddy Alejandro Solorzano Antunes, coordenador do Núcleo Especializado de Defesa da Saúde (Nusa), e o defensor Arthur Luiz Pádua Marques, titular da 30ª Defensoria Pública de Saúde de Palmas (Central de Atendimento em Saúde – CAS), o intuito é verificar se as mortes poderiam ser evitadas e se a carência de recursos e profissionais contribuiu para essas fatalidades. A Defensoria ainda exige a revisão das condições nos hospitais, a fim de identificar se houve falta de medicamentos, insumos ou serviços essenciais, bem como a quantidade de óbitos encaminhados para investigação no Instituto Médico Legal (IML) e no Serviço de Verificação de Óbitos.

A atuação da DPE-TO ocorre em paralelo à cobrança do deputado estadual Professor Júnior Geo (PSDB), que, durante sessão na Assembleia Legislativa, reiterou a necessidade de medidas urgentes no sistema de saúde, especialmente na contratação de pediatras e obstetras para o HMDR, onde denúncias de falta de profissionais são constantes. Geo salientou que a crise no hospital prejudica o atendimento e transforma o que deveria ser uma referência em maternidade em um exemplo negativo. “A dificuldade dos médicos é tamanha que, em vez de quatro plantonistas, é comum apenas um pediatra para passar o plantão”, destacou o deputado.

Além dos problemas no HMDR, o parlamentar também criticou a situação do HGP, que acumula uma fila de aproximadamente cinco mil pacientes aguardando por cirurgias eletivas. Geo enfatizou que a falta de investimentos e a alta rotatividade de servidores contratados, que representam cerca de 70% da força de trabalho na saúde estadual, geram um cenário de precariedade e insegurança. “À quem interessa essa alta rotatividade? Há mais de 10 anos não se faz concurso para a área, e por isso há tantos problemas. Saúde não é gasto, é investimento.”, afirmou Geo, que anunciou que acionará o Ministério Público Estadual (MPE) para pressionar o governo a realizar um concurso público urgente.

O Jornal Opção Tocantins entrou em contato com os órgãos responsáveis sobre a atualização do caso, e aguarda retorno.

Saiba mais:

Sobrecarregado e sem médicos, Hospital Dona Regina corre risco de colapsar, revela sindicato e CRM

Após crise no Dona Regina, Estado define novos valores para indenizar profissionais da obstetrícia no Tocantins

CRM e sindicato de médicos anteciparam possível colapso no Hospital Dona Regina; MP apura óbitos

Técnica de enfermagem e bebê morrem após parto complicado no Hospital e Maternidade Dona Regina