Desmatamento no Cerrado tocantinense cai 14,93% nos primeiros seis meses de 2024
29 julho 2024 às 15h26
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Nos primeiros seis meses de 2024, o Cerrado tocantinense perdeu 96.594 hectares de vegetação nativa. A área desmatada é 14% maior que a cidade de Rio dos Bois, distante 120 quilômetros da capital. Os dados são do Sistema de Alertas de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado) do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Apesar do número expressivo, a área desmatada é 14,93% menor que a da primeira metade de 2023.
O Tocantins foi o segundo estado que compõe o bioma que mais desmatou áreas nativas no período, ficando atrás apenas do Maranhão. No Cerrado tocantinense, os municípios que mais registraram desmatamento no período foram Ponte Alta do Tocantins, Paranã, Rio Sono, Goiatins, Novo Acordo, Mateiros, Lizarda, Recursolândia, Almas e Tocantínia.
O Cerrado como um todo, perdeu 347 mil hectares de vegetação nativa. O desmatamento acumulado no bioma é 29% menor do que o registrado na primeira metade de 2023. Embora haja uma diminuição, pesquisadores do IPAM alertam que a cobertura de nuvens pode dificultar a identificação do desmatamento no início do ano. Além disso, o calendário agrícola costuma intensificar o desmatamento na segunda metade do ano.
“Somente após o período do ano com maior atividade agrícola – entre junho e outubro – é que poderemos avaliar se o desmatamento no Cerrado realmente diminuiu em relação aos anos anteriores”, ressalta Fernanda Ribeiro, pesquisadora do IPAM.
Ribeiro também alerta que, mesmo que tenha havido uma redução do desmatamento no primeiro semestre, os números ainda são elevados, especialmente na fronteira agrícola que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, região conhecida como Matopiba. “Assim, não podemos afirmar que o desmatamento no Cerrado diminuiu como um todo”, diz a pesquisadora.
Somente nos estados do Matopiba foram desmatados 266 mil hectares, ou 77% do total. Todos eles, no entanto, apresentaram queda em relação aos números registrados no ano passado.
O Instituto também destaca o surgimento de novos municípios na lista dos maiores desmatadores do bioma. Das dez cidades que mais desmataram o bioma na primeira metade de 2024, cinco não estavam na lista de 2023. Além disso, seis dos dez municípios deste ranking possuem grande cobertura de vegetação nativa, o que indica o avanço do desmatamento sobre os últimos fragmentos de vegetação no bioma.
“Isso evidencia a necessidade de reforçar as políticas de combate e controle ao desmatamento nessas regiões”, destaca Ribeiro.
Segundo o IPAM, 82% de toda a área desmatada estava dentro de propriedades declaradas como privadas. Nessas áreas, foram derrubados 284 mil hectares. Os vazios fundiários – áreas sem posse ou mecanismos de governança definidos – foram a segunda categoria fundiária mais desmatada, correspondendo a 8% dos alertas.