A cada dia que passa, as mulheres vêm ocupando espaços que antes eram eminentemente ocupados por homens. As novas conquistas femininas, no entanto, têm mudado esse quadro. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres são a maioria entre os brasileiros com ensino superior completo, representando 21,3%, enquanto os homens com ensino superior somam 16,8%. Apesar disso, as mulheres enfrentam dificuldades próprias, como dupla e até tripla jornada de trabalho (dona de casa, esposa/mãe e empreendedora ou CLT), fator que atrapalha e, por vezes, chega a dissuadi-las de empreender.


Dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2020, realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), apontaram que o Brasil é o sétimo país com maior número de empreendedoras. Dos 52 milhões de empreendedores, 30 milhões são mulheres, o que corresponde a 48%.
Esse mesmo estudo revelou que 55% das mulheres começam a empreender por necessidade de gerar renda. Entre as atividades mais procuradas estão a confecção de vestuário, com 7,3%, e a atividade de comércio, com 4,3%.

Associação das Mulheres de Luzimangues

A Amluz oferece cursos de capacitação e orientação para empreendedoras | Foto: Divulgação


Um dos espaços para o encontro dessas mulheres empreendedoras é a Associação das Mulheres de Luzimangues (Amluz). Fundada em 2018, tem como objetivo estimular o empreendedorismo entre as mulheres do distrito de Luzimangues (Porto Nacional).
A presidente da associação, Cleusa Del Sant, contou que o projeto é um espaço aberto para discussões e aconselhamentos, e enfatizou a quantidade de mulheres que já participaram do projeto de alguma forma, seja em oficinas, recebendo kits de assistência básica ou mesmo com orientações contra a violência doméstica: “A associação surgiu da necessidade de oferecer serviços essenciais às nossas mulheres, filhos e famílias, como qualificação de empregos e capacitação profissional. No período da pandemia, demos assistência básica a mais de 400 famílias, fizemos ações sociais, promovemos networking nos cafés e fortalecimento das nossas empreendedoras, além de ações no meio ambiente, na saúde, parcerias com a prefeitura e com a Universidade Federal do Tocantins”.

Dependência financeira e violência doméstica

Um dos fatores de grande preocupação é a dependência financeira que, em geral, a mulher acaba vivendo. Esse fenômeno ocorre, em grande medida, devido à criação dos filhos e à falta de tempo para realizar atividades remuneradas. Essa dependência acaba aumentando o número de mulheres vítimas de violência doméstica. Segundo o DataSenado, de cada 10 mulheres, três já sofreram algum tipo de violência doméstica. Os dados mais recentes são referentes ao ano de 2023, mas a pesquisa, criada em 2005, já entrevistou mais de 34 mil mulheres.

Foto: ThinkStock


O estudo apontou que, quanto menor a renda, maior a chance de a mulher ser vítima de violência. Mesmo quando finalmente se separam de seu agressor, a mulher ainda continua presa a ele financeiramente. Cerca de 15% das mulheres que sofreram violência doméstica, entrevistadas pelo DataSenado, disseram que o abuso aconteceu com um ex-companheiro.


Cleusa também destacou que a Amluz tem atuado para ajudar essas mulheres: “Já passaram pelos projetos mais de 500 mulheres beneficiadas diretamente. Muitas são dependentes dos maridos e vivem em situação de vulnerabilidade, e, a partir do empreendedorismo, elas podem, com sua renda, buscar novas perspectivas”.

Foto: Divulgação

Rosângela Vieira conta que a Amluz tem tido um papel muito importante em sua vida: “A Associação tem ajudado a gente a lidar com o público de uma forma geral. Hoje, eu me sinto realizada nessa área. E não só eu, mas outras mulheres também têm se levantado, têm se redescoberto. Através do empreendedorismo, têm se levantado para fazer a diferença e realizar seus sonhos”, conta a empreendedora do ramo de cosméticos e cuidados pessoais, que vai inaugurar uma loja física no dia 8 de junho. “Hoje, o intuito dos nossos sonhos é ajudar mais mulheres que precisam a alcançarem sua independência financeira”.

Apoio para o empreendedorismo feminino

A analista do Sebrae, Sirlene Marins, falou que as mulheres acabam tendo um risco mais calculado na hora de abrir seu negócio, por isso exercem uma gestão financeira mais controlada: “Esses negócios são mais duradouros. As mulheres são mais cautelosas ao tomar decisões, elas correm riscos calculados, elas se desenvolvem mais em conhecimento, então ela toma decisão de gestão financeira de forma mais segura”.
Ela destacou também o apoio do Governo Federal para os pequenos negócios, principalmente o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe): “Recentemente, o Governo Federal, fez com que um dos pilares do Pronampe seja para empresas que são dirigidas por mulheres. Ele vai ter um limite para acesso a serviços financeiros para esses negócios maior do que empresas que são dirigidas por homens. Tudo isso, todas essas ações, são incentivos também para que a mulher continue a empreender”.

Foto: Sebrae Tocantins

Quem pretende iniciar seu pequeno negócio pode contar com o apoio do Sebrae, principalmente nas fases iniciais e para consultoria. “Hoje o portal Sebrae você consegue ter orientação a respeito de gestão financeira, gestão da sua empresa, gestão de pessoas, marketing”, contou a analista do Sebrae, Sirlene Marins. Além das soluções encontradas online no Portal Sebrae, também é possível ter apoio nas localidades físicas da entidade: “Funcionamos em 8 regiões do estado. Na região do Bico do Papagaio nossa agência está em Araguatins. Temos agência também em Araguaína, Colinas e em Palmas, que conta também com agências no centro e em Taquaralto. Também estamos presentes em Paraíso, Porto Nacional, Gurupi e Indianópolis”.