Incêndios: devastação do fogo faz Brasil entrar no nível “perigo” de poluição
10 setembro 2024 às 10h18
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Com níveis máximos de poluição, considerados “perigosos” para a saúde humana, os incêndios atingiram diretamente a qualidade do ar das regiões mais devastadas pela ação do fogo no Brasil. Conforme a classificação internacional e também utilizada pela plataforma suíça IQAir, conhecida por fazer a medição em tempo real do nível de poluentes no mundo, quando a concentração ultrapassa os 300 µg/m3 (microgramas por metro cúbico), atinge-se o nível de risco máximo.
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Entre 7h e 8h desta segunda-feira, 9, o índice chegou a 341 em Porto Velho (RO). De acordo com o parâmetro da plataforma, o nível de poluição atmosférica considerado bom e sem riscos para a saúde é de, no máximo, 50 µg/m3.
A capital de Rondônia, assim como outras cidades do estado, vive um cenário crítico de concentração de fumaça, em decorrência das queimadas. Na Avenida Calama, uma das principais de Porto Velho, o nível de poluição chegou a 523, entre 4h e 5h do último domingo, 9.
Poluição chegou ao nível da índia
Em Guajará-Mirim (RO), onde fica a Reserva Extrativista do Rio Ouro Preto, as taxas de poluição foram ainda maiores. Às 9h desta segunda, o índice era de 395, mas chegou a ser de 839, entre 7h e 8h de domingo – quase 17 vezes acima do considerado apropriado.
Há dois meses, incêndios atingem o Parque Estadual Guajará-Mirim, uma das maiores unidades de conservação de Rondônia. A concentração de fumaça passou a fazer parte da rotina da população local, desde então.
As autoridades do estado calculam que o fogo já consumiu 33% dos 216 mil hectares de floresta do parque. Investigações apontam ação criminosa como origem dos incêndios, em retaliação a recentes operações de fiscalização ambiental e desocupação de áreas de preservação.
A classificação da IQAir varia entre “Bom”, “Moderado”, “Insalubre para grupos sensíveis”, “Insalubre”, “Muito Insalubre” e “Perigoso”. No caso desse último nível, que costuma ocorrer somente nos lugares mais poluídos do mundo, como China, Paquistão e Índia, todos estão suscetíveis a problemas de saúde.
Diante do contexto atual, o Brasil passa a fazer parte desse grupo, o que exige atenção redobrada do poder público e da população em geral. Nesse caso, a orientação é evitar qualquer esforço ao ar livre.
Desfile de 7 de setembro cancelado
Na capital do Acre, Rio Branco, que também foi tomada pela fumaça, os índices de poluição atingem o nível perigoso já há alguns dias. Nessa segunda, entre 8h e 9h, a medição da IQAir na região da Universidade Federal do Acre (UFAC) chegou a 503 µg/m3.
Em outra área da cidade, na Avenida Oeste, os índices atingiram 559 na quinta-feira, 5, e 546 na sexta, 6. No sábado, 7, o nível esteve dentro da escala “perigosa” em todos os horários do dia, oscilando entre 390 e 500.
A situação obrigou o governo acreano a adotar medidas emergenciais para evitar a aglomeração de pessoas, como o cancelamento do desfile em comemoração ao feriado de 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil.
Além disso, a rede municipal de ensino, em Rio Branco, suspendeu as aulas na sexta-feira. O mesmo foi feito, também, pela rede estadual, além da liberação de servidores públicos acima de 60 anos de comparecerem ao trabalho presencial.
Incêndios
A última semana, entre 2 e 8 de setembro, registrou o maior número de focos de incêndio do ano no Brasil. De acordo com os dados do monitoramento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a primeira semana de setembro terminou com 49.187 focos de incêndio registrados. Esse número é 24,2% maior que o total da semana anterior – 39.590, entre 26 de agosto e 1º de setembro.
Em 2024, até a tarde desta segunda-feira, haviam sido identificados 159.417 focos de incêndio no Brasil. Só no Pantanal do Mato Grosso do Sul, já são quase 2 milhões de hectares consumidos pelo fogo. Na Chapada dos Veadeiros, o impacto ultrapassa os 10 mil hectares.
As chamas se espalharam pelo país de tal forma que as consequências são perceptíveis em diferentes regiões. A mancha de fumaça e poluição já atinge cerca de 60% do território nacional.
Fora o quadro “perigoso” de Rondônia e Acre, o Brasil possui vários locais com qualidade do ar em níveis menores, mas considerados “insalubres” e “muito insalubres”, com índices de poluição entre 150 e 300, e que também geram problemas de saúde.
Esse é o caso, por exemplo, da cidade de São Paulo, cujo índice de poluição oscilou por volta de 160 nessa segunda-feira. Em alguns momento do dia, a capital paulista liderou o ranking das mais poluídas do mundo, entre as maiores cidades do planeta, segundo o IQAir.