Integrantes do Comando Vermelho são condenados a mais de 390 anos de prisão em Augustinópolis

07 junho 2025 às 09h55

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Dez homens ligados à facção criminosa Comando Vermelho (CV) foram condenados a penas que somam mais de 390 anos de prisão em Augustinópolis, no norte do Tocantins. De acordo com documento ao qual o Jornal Opção Tocantins teve acesso com exclusividade, eles formaram uma célula da facção na cidade e se expandiram para Praia Norte e Carrasco Bonito, após a polícia desarticular o grupo rival Primeiro Comando do Maranhão (PCM), cujos integrantes haviam sido condenados a mais de 700 anos de cadeia.
De acordo com a sentença, a facção usava violência para manter o controle sobre a região. A Polícia Civil identificou que o CV era organizado em funções bem definidas. Lucas Lopes dos Santos era o chefe do grupo e dava ordens para o tráfico de drogas e para punições violentas, chamadas de “disciplina”. Ele continuou mandando, mesmo preso.
Outros membros ocupavam posições importantes: Breno Ribeiro Alves ajudava na organização e segurança do grupo; Ryan Deyvyson Silva Souza cuidava da distribuição das drogas; Felipe da Silva Araújo, Rafael da Silva Sousa e um adolescente faziam as vendas diretas. Em Praia Norte, quem atuava era Marcos Vinycius Conceição Silva. Já em Carrasco Bonito, estavam Raul Gomes da Silva Oliveira, Thallis Gabriel Brandão Rocha, Wanderson Rodrigues Conceição e Gardel Carvalho de Oliveira.
A droga vinha do Maranhão e era trazida por João Paulo dos Santos Silva, que morreu em confronto com a polícia. Ele entregava os entorpecentes a Cleiton Fernandes Araújo, responsável por guardar a droga até que fosse distribuída pelos demais.
Entre os crimes cometidos, estão duas torturas registradas em vídeo. Em um caso, uma menor de idade e grávida, teve o cabelo cortado à força por ter terminado o relacionamento com o líder da facção. Ela foi agredida com uma ripa de madeira e ameaçada de morte. No outro caso, um adolescente de 16 anos foi agredido com golpes nas mãos, após ordem de Lucas Lopes, como forma de “castigo” por ter brigado com a família. As agressões foram gravadas e divulgadas nas redes sociais, como forma de mostrar poder.
As investigações mostraram que o grupo também cometia roubos para financiar a facção, usava adolescentes e mantinha comunicação com outras bases do Comando Vermelho no Maranhão. Após as prisões, foram encontrados vídeos, armas, drogas e cadernos com anotações sobre a movimentação da quadrilha.
Todos os condenados foram acusados por organização criminosa, tráfico de drogas e tortura. A Justiça considerou que havia provas suficientes da participação de cada um no grupo e aplicou as penas conforme a gravidade dos crimes. A sentença ainda é de primeira instância e cabe recurso ao Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO).