Laurez Moreira: “venho de muito longe me preparando para, um dia, governar o Tocantins”
04 novembro 2024 às 09h57
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Laurez Moreira (PDT), atual vice-governador do Tocantins na chapa com Wanderlei Barbosa (Repu), nasceu em Dueré, Tocantins. Filho de dona Laurinda e de Juarez Moreira, um dos fundadores da cidade, que atuou como agropecuarista, vereador e prefeito, Laurez sempre teve uma forte ligação com a política e com seu estado. Formado em Direito e pai de três filhos, ele iniciou sua trajetória política ainda na universidade, onde presidiu o diretório estudantil. Sua carreira pública começou como vereador em Dueré, onde chegou a ocupar a presidência da Câmara Municipal.
Posteriormente, Laurez foi eleito três vezes deputado estadual e duas vezes deputado federal, cargos que o consolidaram como uma liderança estadual. Durante sua trajetória, ele também ocupou a Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Turismo. Em 2012, levando sua experiência para o executivo municipal, foi eleito prefeito de Gurupi, onde cumpriu dois mandatos consecutivos.
Em sua atual posição como vice-governador e presidente atual do PDT, Laurez contribuiu para o crescimento exponencial do seu partido no cenário político estadual, com o aumento de representantes eleitos nas recentes eleições municipais deste ano. Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção Tocantins, ele comenta sobre o destaque do PDT, faz projeções para 2026 e analisa suas relações e articulações políticas.
Como o senhor avalia o crescimento do PDT nesta campanha?
Fiquei muito satisfeito com o PDT. Quando assumi, o partido tinha apenas cinco vereadores no estado. Conseguimos eleger 133 vereadores, o que foi um crescimento bastante significativo. Além disso, elegemos 16 vice-prefeitos e 8 prefeitos. Estou muito satisfeito com o resultado. Para mim, é um excelente resultado, principalmente porque temos um bom relacionamento com vários partidos. Procuramos evitar ao máximo qualquer atrito com os companheiros e com pessoas de outras legendas que sempre me ajudaram.
E o seu projeto é continuar esse crescimento também para 2026, com mais deputados federais e estaduais?
Sim, sim. Estamos organizando o partido para eleger um número expressivo de deputados. Estou trabalhando para isso, e com fé em Deus, vai dar certo. Em 2026, quero eleger um governador e vários deputados federais e estaduais pelo partido.
Então o senhor tem alguma pretensão? Estão comentando que sua relação com o governo está abalada. Como está essa situação? O senhor poderia esclarecer para nós?
Da minha parte, não tem problema nenhum. Procuro manter um bom relacionamento com todos. Sou um político que não tem inimigos no estado, converso com todo mundo, não há ninguém com quem eu tenha deixado de conversar. Não tenho problema nenhum. Claro que tenho meu projeto político e o crescimento do meu partido sempre foi uma prioridade. Defendo aquilo que acredito ser o melhor para o estado e apoio às pessoas que considero adequadas para representá-lo. Sou um “animal político”, vivo política 24 horas por dia.
Então, podemos pensar que o senhor tem a projeção de ser candidato a governador no próximo pleito?
Olha, venho de muito longe me preparando para, um dia, governar o Tocantins. Comecei como vereador em uma cidadezinha pequena, que na época tinha 1.600 eleitores. Foi meu primeiro mandato em Dueré. Depois, a cidade cresceu e teve mais eleitores, mas, quando fui vereador, eram apenas 1.600 eleitores. Depois disso, fui deputado estadual por três mandatos, secretário de estado, duas vezes deputado federal, duas vezes prefeito de Gurupi, e agora sou vice-governador. Então, ao longo da minha vida, venho me preparando para isso. Tenho o prazer de dizer que talvez seja difícil encontrar outro político no Brasil com mais de 40 anos na vida pública e que nunca foi denunciado. Isso é algo raro na política brasileira. Tenho um passado de muitos anos na política – sendo prefeito, secretário, presidente de Câmara por duas vezes – e, graças a Deus, nunca tive nada que desabone minha conduta. Sempre procurei fazer uma política séria, com respeito. Procuro ficar longe de pessoas que entram na política apenas para fazer negócio. Tento me manter o mais distante possível disso. Claro, é quase impossível evitar totalmente, mas sempre trabalho para estar próximo daquilo em que acredito.
Exatamente. E teve uma situação interessante recentemente, que foi a eleição do prefeito Eduardo Siqueira Campos (Pode), que recebeu o seu apoio. O senhor acredita que esse apoio pode ser retribuído no futuro, com ele o apoiando? Como está a relação de vocês?
O Eduardo é um amigo de longa data. Eu entrei na política junto com o pai dele. Temos uma história juntos, e tive o prazer de ser secretário de Siqueira Campos e de militar ao lado dele. O Eduardo já me ajudou muitas vezes, assim como eu já o ajudei. Somos amigos, e entre amigos tudo pode acontecer.
Quando decido apoiar alguém, não peço nada em troca. Dou meu apoio porque acredito na pessoa. E eu não tinha dúvida de que, entre os dois candidatos, ele era o melhor nome para o Tocantins. Por isso, decidi apoiá-lo. Não fiz exigências e nem houve compromisso para que ele me apoie em algum projeto futuro. Minha convicção era de que ele era o melhor nome para governar Palmas.
Pela história de sua família e pelo trabalho que já fez como prefeito, Eduardo Siqueira Campos estruturou Palmas, levando água para onde não tinha, iniciando o sistema de esgoto, cuidando da parte cultural com o Espaço Cultural, apoiando a agricultura familiar, os mais necessitados e a habitação. Naquela época, foram quase 3.000 casas populares. Ele também cuidou das escolas, então é alguém com uma história de realizações no Estado.
Eu não tinha dúvida de que ele merecia mais uma oportunidade para voltar à política, agora com mais experiência. Hoje, aos 65 anos, acredito que a idade traz essa percepção de que a vida é passageira e que precisamos deixar um bom legado, assim como seu pai deixou e ele mesmo já construiu. Foram essas as razões que me levaram a apoiá-lo, sem exigir compromisso ou contrapartida. Apenas cheguei e disse: “Eduardo, entre os candidatos, acredito em você. Vou te apoiar por isso.”
Vemos que o seu apoio foi essencial para a eleição dele. E se esse apoio for retribuído, o senhor já considerava isso como uma possibilidade?
Olha, eu sou do tipo que trabalha para merecer a confiança das pessoas. Não gosto de abordar alguém dizendo “vou fazer isso para você, mas quero que faça isso para mim”. Não acredito que as coisas funcionem assim. Para mim, um abraço tem que ser genuíno, sem segundas intenções. O relacionamento só é bom quando é espontâneo. Não cobro apoio em troca do meu. Vou apoiar quem eu acreditar que é o melhor para o estado, e ele também deve apoiar quem achar mais adequado. Essa sempre foi minha maneira de fazer política, e graças a Deus tem dado certo. Comecei como vereador em uma cidadezinha pequena, como já mencionei, e construí minha carreira dessa forma.
Quando decidi me candidatar a deputado pela primeira vez, meu irmão lá na cidade disse: “Você é louco. Não tem votos, nem dinheiro”. Respondi que política não é sobre comprar votos, mas sobre ter ideias, projetos e mostrar por que você está ali. Se não tiver projetos sólidos para o Tocantins, ninguém vai votar em mim; as pessoas só votam quando acreditam no que você representa. Credibilidade vem do que você construiu ao longo dos anos.
É como o comerciante que dá crédito a quem tem bom histórico. Da mesma forma, o eleitor observa o passado do candidato. Claro que existem eleitores que querem vantagens imediatas, mas acredito que isso não representa a maioria.
Mudando de assunto um pouco, vamos falar sobre o governador Wanderlei. A expectativa é que ele termine o mandato, algo que o Tocantins já espera há tempos, pois já se passaram cerca de 16 anos sem que um governador tenha completado os quatro anos de mandato, sem contar as eleições suplementares. O senhor acha que as operações que ele enfrenta podem abalar a governabilidade dele? Ele conseguirá concluir o mandato?
É uma situação complicada de comentar, pois eu realmente não conheço os detalhes desses processos. Procuro me manter distante desse assunto, até pela minha condição de vice-governador. Nunca fui atrás de nenhum processo dele e nem busquei saber detalhes. Quando o assunto surge, prefiro mudar de tema, pois considero que isso pertence a ele e à população. Na minha posição de vice, não me sinto à vontade para avaliar ou dizer o que vai acontecer. Esse é um assunto para a justiça.
Não me cabe me envolver nisso. Meu papel é conhecer o estado, entender o que pode ser feito e me preparar para as eleições de 2026. Estou focado no meu projeto político, em fortalecer meu partido e me aproximar de outros partidos para formar um grupo representativo que atenda às aspirações da população.
O senhor gostaria de comentar algo que não tenhamos questionado?
Apenas agradecer. Com o fim do ano chegando, desejo muita paz, alegria e sucesso, e que o próximo ano traga tudo de bom.